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Aramis

Resgatando a época dos alto-falantes

A feliz idéia de implantar rádios populares na periferia de Curitiba, num trabalho de integração comunitária, é uma espécie de sofisticação dos antigos serviços de alto-falantes, que durante décadas se constituíam em válida forma de comunicação nos bairros e cidades do Interior. Especialmente nos fins de semana, em festas paroquiais, junto aos circos e parques de diversões - que praticamente desapareceram a partir dos anos 70 - os serviços de alto-falante, com sua linguagem própria, rodando antigos sucessos em frágeis 78 rpm (quando ainda não existia o elepê), levavam a alegria e a comunicação a muitas comunidades. xxx Até hoje, nunca houve preocupação de se estudar a função social-cultural que os serviços de alto-falante representam em todo o Brasil (e que ainda subsistem em algumas comunidades menores). Muitos profissionais do rádio começaram dentro de serviços de alto-falante, como locutores e técnicos. Bonitas vozes se revelaram e a improvisação que os "animadores" faziam, especialmente nas "dedicatórias" das músicas - "o rapaz de terno de linho branco oferece a guarânia "Índia" para a moça de blusa vermelha e saia azul que está na roda gigante" - marcava uma época. xxx Em Curitiba, chegaram a existir mais de dez serviços de alto-falante, alguns dos quais representaram, por anos, a sobrevivência profissional de algumas famílias. Hoje, praticamente inexistem em termos autônomos - e através da rádio popular, a Fundação Cultural estará oferecendo aos bairros um veículo que fala de assuntos locais, transmitindo inclusive partidas de futebol (o fim do chamado "futebol de várzea" é outro aspecto a ser estudado na transformação urbana), substituindo, felizmente, a linguagem pasteurizada, cansativa e imposta com o pior da música - tanto nacional como internacional - que as AMs e, especialmente, as FMs, trouxeram nestes últimos anos. Uma reação popular, humilde - mas profundamente honesta e coerente, com gosto de povo, à falsa elite e a linguagem pernóstica, falsamente acariocada, que os jovens "comunicadores" das rádios particulares insistem em impor junto aos ouvintes.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
28/01/1988
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lendo o vosso artigo até por sinal muito bem redigido,como curiosidade queria saber se o s serviços de alto falante exigem a concessão da anatel para seu funcionamento.Somente agora ao ler seu artigo e que despertou essa curiosidade atenciosamente jose berg
Oi, Esse sistema de comunicação ainda não é reconhecido pela anatel como um veículo de comunicação oficializado. Apezar de ser o primeiro meio de comunicação de massa utilizado por um presidente Brasileiro. Se não me falha a memória, o então presidente Eptácio Pessoa em 1922 no Rio de Janeiro falou a uma multidão atravez do serviço de alto-falantes e foi um sucesso. Porém com a evolução chegamos à rádio por ondas e aí despresaram o sistema. Ainda nçao sucumbiu graças à nescessidade de curiosos do ramo sobreviver e até pelo desejo de difundir informações a pequenas comunidades. E para funcionar é preciso a permissão da empresa de eletricidade local para uso dos postes e solicitar na prefeitura um alvará de funcionamento.
Olá José Berg! A pricípio quero desculpar-me por não acreditar que alguem ia ler o meu comentário. Até pela própria data da matéria. Bom, cada região tem seus costumes e jeito prórpio. Além é claro, entre outras a lei orgânica de cada municipio. Fato é que se tu pretende colocar um serviço de alto-falante, hoje denominado por aqui de RÁDIO LM "linha modulada". Use suas potêncialidades, etc e tal.
Recebi sua resposta sobre o assunto de serviços de alto falantes,e quera agradecer pela sua amavel atenção.Moro em Cordeirópolis S/P entre Limeira,Ararase Rio Claro ,pois aqui na cidade temos duas radios uma comercial e a outra comunitaria,mas o meu intuito é resgatar esse tipo de comunicação que aos poucos esta desaparecendo.desde ja venho a agradecer sua amavél atenção
moro no interior do estado do rio de janeiro, e gostaria de saber que tipo de equipamento e necessario pra se montar um servico de alto falante?

GOSTARIA DE SABER SE EXISTE LEI QUE REGULAMENTA O SERVIÇO DE ALTO FALANTE COLOCADO EM UM DETERMINADO BAIRRO OU CIDADE?
SE EXISTE A LEI, POR FAVOR ENVIAR-ME O NÚMERO E SE PODER ME FORNECER INFORMAÇÕES PRECISAS DE COMO REGULARIZAR ESTE SERVIÇO QUE CONSIDERO ÚTIL A POPULAÇÃO DE UM DETERMINADO BAIRRO.
PRECISO DE UMA RESPOSTA URGENTE.

GRATO: REGINALDO

Respondendo ao Alexandre do interior do Rio; já tive dois serviços de alto falantes. Um num bairro da minha cidade, aqui em Paranavaí no Paraná e outro na cidade de Mariluz proximo à Campo Mourão no Paraná. As formas mais usadas para esses serviços são com cornetas projetoras, as mais comuns das marcas Delta e Sedan, instaladas na ponta de uma torre de 15, 20 ou 25 metros de altura. Quatro desses projetores são o ideal para difundir som em 360 graus. Um bom amplificador é suficiente para tocar isso e a programação gravada é executada a partir de um PC ligado à uma mesa de som, pela qual liga-se o microfone para interferencias "ao vivo". Outra forma com resultado melhor em qualidade, porém bem mais cara são pequenas caixas de som com falantes de 8 polegadas, instaladas em postes (verificar concessão com a companhia de energia elétrica). Em qualquer um dos casos, deve-se instalar transformadores ou acopladores de linha, para compensar perda de potência devido a grandes extensões de cabos entre o estúdio até os alto falantes.

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