Rodando em seu ônibus, a família D'Avila faz arte
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 27 de dezembro de 1981
Edson D'Ávila, catarinense de Florianópolis, 55 anos - completados no último dia 14, ainda acredita nos bons tempos dos saltimbancos artísticos. Tanto acredita que há alguns meses investiu algumas centenas de cruzeiros na aquisição da carcaça de um ônibus Mercedes-Benz 1959, com motor-1975, que após devidamente guaribado está transformado num trailler - camarim que permite a sua família troupe viajar pelo Brasil afora.
De princípio, Edson tem ficado ao redor da região metropolitana, apresentando duas peças infantis - "Libel, A Sapateirinha", de Jurandir Pereira e O Palhaço do Planeta Verde", de Hiltom Havi - mais uma comédia para adultos - "A História do Juiz", de Renata Palotina, para diferentes tipos de platéia. Para 1982, e Edson tem projetos mais ambiciosos, com a sua esposa Delcy e o filho Saul, este também motorista, mais os amigos que complementam o grupo - Gina Pigosi e Clovis Aquino, quer ir até São Luis do Maranhão, parando em todas as localidades e mostrando o seu trabalho.
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Para um homem de teatro que desde os 14 anos ganha a vida nesta (difícil) profissão - e com isto, Edson comemora agora 40 anos de carreira - não há o que temer. Pertencente a uma geração de atores espontâneos, formados na época dos Pavilhões - espaços cênicos, construídos em zinco, de grande popularidade no Interior do Rio Grande do Sul, Edson tem um curriculum expressivo, pois a vida dura da época em que o ator tinha que também ajudar a fazer os cenários, a substituir a iluminação e a auto-dirigir o fez um intérprete completo. Tanto é que Cláudio Correa e Castro, quando veio para Curitiba, há 20 anos, a convite do então superintendente da Fundação Teatro Guaíra, Fernando Pessoa Ferreira (hoje editor da revista "Playboy", em São Paulo), Edson foi um dos atores que mais se destacaram nas grandes montagens feitas pelo Teatro de Comédia do Paraná. Não só Claudio, mas também outros atores de vivência gaúcha - como Abilio e seu filho, Lamartine Motta, Hugo Duarte e Clóvis D'Aquino (irmão mais velho do cantor e compositor Hermes D'Aquino), que, junto com os atores e atrizes do Paraná, participaram de um dos melhores períodos do teatro paranaense.
Um período que o governador Ney Graga deseja ver revitalizado em 1982 e que o levou a insistir para que um de seus colaboradores de maior confiança, Cleto de Assis, aceitasse a superintendência da Fundação Teatro Guaíra, cargo que havia sido extinto em março de 1979, mas que agora será reestruturado. Artista gráfico que participou intensamente da melhor fase do TCP, com relações nacionais no meio cultura - o que fez, nos quase 30 anos em que permaneceu na Secretaria de Comunicação ser semanalmente procurado por muitos artistas, autores, músicos e produtores, Cleto recebeu a incumbência de dinamizar a Fundação Teatro Guaíra, com uma ampla filosofia de trabalho - abrangendo inclusive outras áreas.
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Edson D'Ávila, o veterano ator está com razões de sobra para exibir um sorriso colgate: desde sexta-feira, retornou a Curitiba a sua primogênita, a bela Edna D'Ávila, bailarina que há 4 anos faz carreira no Exterior. Em sua última temporada, Edna esteve seis meses no Japão, apresentando-se também em Tawain, na China Nacionalista. Em março, com seu marido - Victor Lisboa, paranaense de Terra Rica mas criado em Portugal, Edna assina contratos para nova excursão pelo Oriente.
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Enquanto isto, no Brasil, Edson e Delcy D'Ávila, idealisticamente, continuarão a levar os seus espetáculos pelo Brasil afora, viajando no ônibus-trailler, que, carinhosamente, aplicaram de "ORNI": Objeto Rodoviário Não Identificado.
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