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"Sampaku" encerra hoje a competição do festival

Dentro das diferentes temáticas vistas nos 30 filmes que competem nesta 19ª edição do Festival, "Sampaku - O Olho da Ambição", está sendo aguardado com muita expectativa. Rodado originalmente em 16mm - com transposição para 35mm graças a associação do laboratório Líder como co-produtora - e um orçamento modesto (ao redor de Cr$ 140 milhões), tem a credenciá-lo o talento de José Joffily Filho, 45 anos, um dos melhores roteiristas do cinema brasileiro e que estreou com a comédia "Urubus e Papagaios". Uma espécie de thrilling psicológico, com argumento de Joffily (filho do historiador e ex-deputado federal paraibano, que desde 1966 reside em Londrina, onde preside a Herbitécnica) e Sérgio Rezende ("O Homem da Capa Preta", "Louco Demais"), Sampaku é a história de "Gafanhoto" (Roberto Bontempo), que acredita que os sampakus trazem sorte ("sampaku" significa em japonês três brancos e designa as pessoas que têm a íris voltada para cima, deixando uma parte branca do olho, o que, segundo os orientais, significa que a pessoas está condenada a ter um fim próximo e trágico). "Gafanhoto", 38 anos, arma uma charada para ficar com uma pedra de alguns milhares de dólares, que pertence ao Velho (Sérgio Britto), seu patrão. O plano não dá certo e ele é assassinado, deixando uma única pista. A trama prossegue com sua amante, Cris (Patrícia Pillar), tentando solucionar o enigma com ajuda do "Poeta" (Felipe Camargo). O elenco - bastante reduzido - inclui também o travesti Rogéria, como a personagem "A Outra", neste filme que pela competência do roteiro e cuidados de realização poderá elevar, neste final de competição. Como atores convidados participam Nelson Dantas, Jonas Bloch, Carlos Gregório, Anselmo Vasconcelos e Paulo Barbosa. A música é de David Tygel e Maurício Maestro, ex-integrante do grupo Boca Livre. Hoje, a programação dos curtas promete, com dois 35mm realizados por cineastas: o alegre e comunicativo "Viver a Vida", de Tata Amaral (melhor direção em Brasília) e "Bastidores", de Carla Camurati - documentando o que acontece por trás das cenas de "O Mistério de Irma Vap", o maior sucesso do teatro brasileiro nos últimos anos. À tarde, no Centro de Convenções, será exibido o documentário "Michaud", que o paulista Robert D'Avila realizou sobre o pintor suíço William Michaud, que até sua morte, em 1902, morou na ilha de Superagui no Litoral paranaense. Nesta realização - rodada em parte no Paraná, D'Avila teve ajuda da jornalista Teresa Urban e das videastas Fernanda Morini e Juçara Locatelli. Os outros curtas em 16mm, que serão apresentados hoje são "Leonora Down", de Flávia Alfinito, Fernando Coster e Cristiane Metri; "O Caminho da Salvação", Farid José Tavares e "Eros", de Rosane Svartan e Eduardo Weisman. Como a homenagem a Salomão Scliar (1925-1991) foi adiada pela impossibilidade de ser exibido seu único filme ("Vento Norte", 1952), as outras duas personalidades, falecidas, a serem lembradas amanhã, na noite de encerramento, serão o ator Chiquinho Brandão, que aqui esteve no ano passado como ator principal de "O Beijo" (premiado em Brasília) e que faleceu há poucos meses num acidente de trânsito e Glauber Rocha, cujo 10º aniversário de morte transcorre no próximo dia 22 - motivo para um ciclo retrospectivo de seus filmes na Sala Paulo Amorim da Casa de Cultura Mário Quintana, organizado pelo incansável arquiteto e animador cinematográfico Romeu Grinaldi, um dos esteios deste Festival. Uma ausência lamentável, após ter sido sua presença confirmada. É a do cineasta argentino Fernando Solanas ("Tangos", "Sur"), que havia prometido passar pelo Rio Grande do Sul - com escala de dois dias aqui em Gramado prestigiando a sua internacionalização. Como sofreu um grave atentado há algumas semanas e encontrar-se ainda em convalescença, Solanas preferiu ir diretamente ao Rio de Janeiro, onde se encontrará com o compositor Egberto Gismonti, que fará a trilha para seu "El Viaje", superprodução com filmagens em vários países que está em processo de fiscalização que iria concorrer em Veneza este ano, mas devido ao atentado sofrido será reservado para Cannes-92 e há promessa de que virá depois, para o já confirmado internacional festival latino-americano com o qual Gramado marcará seus 20 anos e ao mesmo tempo se integrará nas comemorações dos 5 séculos de descoberta da América. LEGENDA FOTO - "Sampaku", longa realizado originalmente em 16mm e transcrito para 35mm, direção de José Joffily (filho), traz em seu elenco o travesti Rogéria e o ator Felipe Camargo.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
24
09/08/1991

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