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Samuca, 40 anos do melhor jornalismo

- Ouvir o Samuca é sempre uma aula de Paraná! A frase de Otavio Antônio Pietrobelli, jornalista, hoje executivo da área da comunicação e prospero livreiro no Rio, pronunciada há muitos anos, continua totalmente valida. Samuel Guimarães da Costa, 62 anos, 40 de jornalismo, pertence aquela escola dos grandes profissionais da imprensa. Formados na reportagem e redações, que nunca deixaram a trincheira do jornalismo diário - mesmo como, em seu caso, nos últimos anos, atuando mais em revistas. Justamente os 40 anos de jornalismo do sempre jovial Samuca resultaram num livro de 112 páginas. Reunindo uma série de artigos, desde o "Presença de Mário de Andrade", publicado na revista literária "A Ilustração (no 2, maio de 1945) até trabalhos recentes, na "Panorama", na qual é o editor-chefe. xxx há muito que Samuca - a forma amiga e familiar com a qual seus amigos o chamam - promete editar "O Paraná, sua Política, seus Homens", reunindo mais de 30 reportagens ensaios nas quais faz uma retrospectiva da vida política paranaense, ele que há 40 anos, desde os tempos do interventor Manoel Ribas. Acompanha de perto o jogo do poder em nosso Estado. Publicado esparsamente na extinta revista Norte do Paraná", do saudoso Aristeu Brandespim, e também na "Panorama", esta série de Samuel indispensável para se entender melhor nosso Estado, através de seus homens públicos. Embora a política seja o seu forte - tanto é que tem sido sempre requisitado para assessorar os governos, não apenas como "ghost-writter", mas, para cargos elevados - como a chefia da Casa Civil no governo Paulo Pimentel - Samuel é um homem de visão ampla, de interesses múltiplos. De seus anos como assessor de entidadesl ligadas a economia ervateira, resultou um preciso trabalho publicado em 1958. Um ensaio sobre a "Formação Democrática do Exército Brasileiro", premiado e publicado pela Biblioteca do Exército, em 1957, é obra de consulta obrigatória e, em 1964, na irracionalidade da "caça às bruxas", quando alguns radicais ameaçavam Samuel de prisão - embora nunca tenha se filiado partidariamente a organismos de esquerda - o fato dele ter em seu curriculum este título valeu bastante. Devorador de livros, uma grande sensibilidade para os bons autores. Samuel é um jovem de idéias e posicionamento. Há alguns meses passou vários dias em São Paulo, visitando uma feira de informática, área sobre a qual vem escrevendo atualíssimos textos - um dos quais, "Deus Fez o Homem - e, Este, o Computador", está neste seu livro. Além do "Paraná, sua Política, seus Homens", Samuel promete outro livro - "A Terra Paranaense na Geografia da Conquista", a qual, esperam seus leitores, não demore muito, pois a nossa bibliografia carece de obras sérias e profundas - especialmente agora, quando houve uma total desativação na área editorial do Estado, que, na administração anterior, era das mais ativas. xxx Em "40 anos de Jornalismo", Samuel reuniu textos que julgou dos mais representativos para caracterizar as diversas épocas de sua vida profissional. Assim, abrindo com seu artigo sobre Mário de Andrade, escrito quando o grande intelectual e agitador cultural morreu, em seguida há um artigo sobre Proust, publicado em 1949, no número um da revista " ra". De uma viagem que fez a Europa, há 10 anos, resultou "Europa em Hora Crítica de Mudanças", publicada na "Panorama". Em agosto de 1979, Samuel comentava num belo texto a morte do filósofo Herbert Marcuse (1888-1979), entendendo a sua influência sobre os jovens nos anos 60. Há também textos mais amenos, como uma curiosa "História e Receita do Barreado" ou o curioso "ªB.C. dos Posseiros", recolhidos por Samuel em 1940, do ex-sertanejo e repentista Júlio Alves Machado, que vivia numa gleba de terras em Apucarana. "O Desenvolvimento como Fator de Atendimento às Necessidades Sociais" (fragmento de um ensaio premiado pelo Badep, em 1981), "Uma Era de Vacas Magras" (recente artigo político, publicado na "Panorama", setembro/82), "Itaipu: Presente de Grego ao Paraná" (artigo publicado no "Diário de Notícias", em 27/11/1977) e a polêmica matéria sobre a fusão Paraná-Santa Catarina, que Samuel desenvolveu na "Panorama", em junho de 1980 - quando aquela publicação tentou uma fase de circulação semanal, são outros textos deste livro. Na segunda parte, bastante esclarecedor do que pensa o homem e o jornalista, há a transcrição da longa entrevista de Samuel a "Quem" (fevereiro/81) e dois depoimentos, de Milton Cavalcanti e do inesquecível Walcimar José De Souza. xxx Já não se fazem jornalistas como Samuel Guimarães da Costa. Representante de uma época, lição para tantos "gênios" (de provetas) formados nos cursos de comunicação, continua firme e ativo, dando lições de vida. E especialmente do Paraná. Mas um livro é muito pouco para mostrar tudo que Samuel já escreveu sobre o nosso Estado.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
28/01/1984

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