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Aramis

Seis governadores em menos de um ano

Na modéstia que caracteriza os grandes homens, o professor Brasil Pinheiro Machado minimiza sua obra publicada. - "São apenas alguns estudos, artigos, uma contribuição esparsa!" Na verdade, a bibliografia do professor Brasil está à espera de ser levantada, espalhada por publicações diversas e livros de história nos quais, ao menos como colaborador, tem dado uma participação importantíssima. E é lamentável que o professor Brasil não tenha se animado a escrever suas memórias, ao menos em relação ao período em que participou mais de perto da vida política do Estado, na transição do final do Estado Novo - quando foi procurador geral do Estado, nomeado pelo interventor Manoel Ribas, até os sete meses e 15 dias em que ocupou o governo do Paraná. Isto porque, ele próprio admite, não existe nenhum estudo de maior profundidade a respeito, havendo inclusive naturais confusões sempre que se relaciona os nomes dos homens que chefiaram o Poder Executivo do Paraná entre a saída de Manoel Ribas, em 3 de novembro de 1945 até a posse de Moyses Lupion, em 12 de março de 1947. xxx Depois de ter exercido a interventoria do Paraná por 14 anos e 25 dias - a partir de 20 de janeiro de 1932 (e só se afastando por 11 dias, quando ocupou interinamente o cargo Eurípedes Garcez do Nascimento - 1888-1960), Manoel Ribas deixou o Palácio do Governo com o fim do governo Vargas. Por menos de três meses ocupou o cargo (entre 5 de novembro de 1945 a 25 de fevereiro de 1946) o então presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Clotário de Macedo Portugal (1881-1947). Eleito presidente, o general Euríco Gaspar Dutra (1885-1974) mesmo antes de tomar posse, começou a procurar devolver os governos dos Estados às lideranças civis, fortalecendo os homens do Parido Social Democrata que o haviam apoiado para vencer o candidato udenista, brigadeiro Eduardo Gomes (1896-1981) e Iedo Fiuza (1894-1975), apoiado pelos comunistas. No Paraná, a lista tríplice foi formada pelos nomes de Brasil, Moyses Lupion e Antonio Carvalho Chaves (1875-1949), sendo Pinheiro Machado o escolhido para o cargo de interventor interino, até a realização das eleições estaduais. Assumiu em 25 de fevereiro de 1946 mas no mesmo ano, em 6 de outubro, renunciaria, substituído por seu secretário da Agricultura, João Cândido Ferreira Filho (Lapa, 30/7/1896), pai do engenheiro e crítico de artes Ennio Marques Ferreira, que ficaria no cargo apenas duas semanas, substituído por Mário Gomes da Silva (na função entre 7 de outubro de 1946 a 6 de fevereiro de 1947). Carvalho Chaves, que o substituiu interinamente é que passaria o cargo de governador a Moyses Lupion, então com 39 anos (que comemoraria já no Palácio, em 25 de março), eleito pelo povo e cuja posse foi a 12 de março de 1947. Um curto mas movimentado período político, com seis diferentes governadores no processo de redemocratrização do Brasil. Hoje, 40 anos depois, Brasil faz uma análise a respeito. - "A morte de Manoel Ribas, em 28 de janeiro de 1946 - menos de três meses após ter deixado o governo - retirou no Paraná a figura do grande líder político que, sem dúvida, ele havia sido - como administrador competente e honesto. Ao contrário de outros Estados, onde os interventores nomeados por Vargas formaram oligarquias, aqui, pela ausência de Ribas, criou-se um vazio - e, então existiam três nomes capazes de disputar as eleições diretas - Fernando Flores, Lupion e eu". Lupion, então um dos empresários mais ricos do Estado, inteligentemente vinha desenvolvendo sua estratégia política e foi candidato pelo PSD. Brasil que havia em seu curto governo afastado os petebistas do governo (fato que o faz até hoje ter no veterano jornalista Mathias Júnior um crítico mordaz), procurou formar uma aliança da UDN com pequenos partidos, lançando seu amigo Bento Munhoz ao governo. - "Sabíamos que não tínhamos condições de vitória, mas era o preparativo para as eleições de 1951, quando Bento venceu" - comenta Brasil. Em seus oito meses de governo Brasil teve como secretário da Agricultura, João Cândido Ferreira Filho; Flávio Suplicy de Lacerda como secretário de Viação e Obras Públicas; Oscar Borges na Secretaria da Justiça e Educação; e Pretextato Taborda Ribas ("que tentei lançar politicamente") na Secretaria das Finanças.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
07/06/1988

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