Selos, fitas e brigas dos vídeocomerciantes
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 13 de julho de 1989
Decidido a fazer cada vez mais de seu "Jornal do Vídeo" editado em Campinas, São Paulo, um "Variety" nacional - inclusive utilizando o mesmo formato e estilo editorial - Oceano Vieira abre as páginas de sua mais recente edição a crise no mercado de vídeo que teria sido gerada pelo Concine, em relação a falta de selos para legalização das fitas lançadas no mercado. Além de ouvir opiniões de distribuidores e locadores de várias cidades, a publicação dedica um editorial no qual acusa o Concine de jogar um balde de água gelada num mercado que entrou "numa consolidação formal de suas estruturas, depois de vários investimentos no setor com laboratórios, fábricas de fitas virgens, uma variedade de filmes para atender todos os gostos...".
A falta de selos vendidos pelo Concine para evitar a pirataria teria prejudicado o lançamento de centenas de títulos e num quadro ilustrativo, o "Jornal do Vídeo" mostra que tomando por base que nos meses de abril e maio seriam vendidos uma média de mil fitas de cada um dos 260 novos títulos (?), o prejuízo no recolhimento do IPI (15%) foi de NCz$ 1.950,00, enquanto que em ICM (17%) foi de NCz$ 2.210.000,00.
Na área de videolocação, o problema seria pior. "Se tomarmos como hipótese que um empresário comprou 260 fitas que não foram entregues por falta de selo, e, em média, a locação de uma fita está custando NCz$ 2,00 (agora já passa dos NCz$ 6,00) por dia, este empresário deixou de ganhar nesses dois meses cerca de NCz$ 31.200,00.
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A mesma edição do "Jornal do Vídeo dedica uma página a polêmica criada a partir da decisão de Luís Renato Ribas, presidente da Apravídeo, em relação a questão da reserva do mercado para filmes nacionais. O diretor executivo do Concine, Alfredo Palácios, fez uma resposta agressiva a Ribas, com várias acusações. Em compensação, Ribas - na mesma página - apresenta sua defesa e ironiza ao dizer que é graças ao trabalho das locadoras que são gerados recursos para "contribuir para o seu merecido e honesto vencimento mensal, como respeitável funcionário executivo do Concine".
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