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Senador Chaves defende agora o "caso Juliana"

O senador Francisco Leite Chaves viaja no início do ano para a Cidade do México. Vai na condição de advogado, especialista em questões de família e direito internacional, para defender uma causa semelhante a da menina Bruna, na qual atuou, gratuitamente há alguns meses. A repercussão do caso da menina curitibana fez com que os avós maternos de Juliana Monteiro, 4 anos, retida no México por seus avós paternos, exigisse uma ação internacional. Desta vez não se trata de venda de crianças, mas de um problema familiar. O pai de Juliana era mexicano. A mãe brasileira. Casaram e viviam no Brasil. Foram ao México em férias e numa viagem pelo interior sofreram um grave acidente automobilístico, falecendo ambos. Os avós paternos estavam com a menina e decidiram não devolvê-la aos avós maternos. Estes, de uma família riquíssima no Rio Grande do Norte, foram a justiça e , sabendo pela imprensa, de que Leite Chaves havia acompanhado o caso de Bruna, na Suprema Corte de Israel - na qual foi obtido o direito de Bruna voltar ao Brasil, com seus pais, procuraram o Senador. Leite Chaves aceitou, mas com uma ressalva: desta vez estabeleceu bons honorários, em dólar. - No caso da menina Bruna não só atuei gratuitamente, como paguei minhas despesas de viagem a Israel, atendendo ao pedido do deputado Scarpelini. A mãe de Bruna, que é uma mulher desavergonhada, não me agradeceu e, ao contrário, disse que eu dormi numa das sessões - o que foi explorado em manchete pela "Folha de Londrina". xxx A ação no caso da menina Juliana Monteiro já se encontra no fórum na Cidade do México mas o julgamento final será na cidade de Vila Hermoza, no mês de janeiro. xxx Outra viagem internacional de Leite Chaves - mais esta, na condição de Senador: em companhia de Humberto Lucena, presidente do Senado, finalmente vai atender o convite recebido há mais de um ano do Embaixador da República Popular da China. Retorna via Paris. Neste final de ano, o senador Chaves está curtindo, em todos os fins-de-semana, a sua casa de praia em Itapoá, município de Garuva, SC. Como o acesso é ainda precário - quase 30 km sem asfalto - Leite Chaves mandou fazer uma pista para que ali possam aterrisar pequenas aeronaves. Como tem brevê, vai comprar um avião - mas enquanto não faz a transação está usando a boa vontade dos amigos que cedem seus aparelhos para que ele, em pouco tempo, possa chegar a Curitiba e viajar diretamente a sua casa de praia. xxx Um novo detalhe com relação ainda ao caso Bruna, no qual sua atuação como advogado foi de assistente do seu colega israelense Shimon Shubert, contratado pela televisão inglesa: após o encerramento da questão, o Senador comprometeu-se junto ao Embaixador do Brasil em Israel que conseguiria um criança brasileira, para uma adoção legal pelo casal que havia estado com Bruna - e defendido sua permanência até a última instância. De volta ao Brasil, Chaves encarregou um de seus assessores. Ademir Pedroso, para fazer contatos e descobrir uma mãe solteira disposta a fazer a doação. Após meses de pesquisa, Pedroso - compositor e violonista, mas hoje atuando apenas junto ao gabinete do Senador - conseguiu encontrar uma jovem de 21 anos, que já tem dois filhos, e que, com muitas dificuldades para criá-los, se dispôs a doar a criança que está esperando. Surgiu até a hipótese dela viajar aTel Aviv, para que a criança já nascesse em Israel mas a idéia foi abandonada, uma vez que estando nas vésperas do parto o seu deslocamento torna-se arriscado. xxx Advogado da turma de 1956 da Faculdade Nacional de Direito, com doutorado completado em 1958, Leite Chaves, paraibano de nascimento, veio para Londrina em 1959. Incorporador do primeiro shopping center do Paraná - e o segundo do Brasil, em 1974, quando o antigo MDB não conseguia encontrar um candidato para o Senado, aceitou o desafio e teve uma notável votação. Agora, ocupando a vaga deixada por Álvaro Dias - de quem era suplente, Leite Chaves não esconde projeto político maior: em 1990, acredita que poderá fazer uma dobradinha com o governador: Álvaro para o senado, e ele disputando o Palácio Iguaçu. Sem papas na língua, Leite Chaves tem opiniões corajosas em relação a crise do PMDB. Para ele, o grande responsável pela derrota foi o prefeito Roberto Requião, inabilidoso e agressivo. - Já disse ao Requião que agora, encerrando o seu mandato, vamos providenciar para ele um curso de política e de boas maneiras, pois como pretende continuar no Partido temos que domesticá-lo.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
15/12/1988

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