Sociologia Musical
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 18 de julho de 1976
Não há dúvida de que os chamados "cantores de zona" merecem não uma pesquisa e ensaio em termos musicais - pois, artisticamente não resistem a qualquer enfoque de alguma seriedade, mas sociologicamente os elepes de cantores como Agnaldo Thimóteo (seu último disco "Galeria do Amor" é um hino ao homossexualismo), Balthazar, Odair José, Cesar Sampaio, e, agora, Jean Marcel, oferecem material para interessantíssimas interpretações. Poderia-se, simplesmente, alegar motivos moralistas em termos de condenação destes artistas populares. Mas não se trata de condená-los, mas, sim, procura entender o público a que se dirigem. Jean Marcel, por exemplo, um dos novos que a Phonogram prestigia nesta faixa, com um elepe (Polyfar, 2494572), fala na maioria das 12 músicas que gravou sobre a infidelidade da mulher. Começa em "Dona da Noite", no mesmo tema que deu a Cesar Sampaio ("Secretária da Beira do Cais") muito dinheiro: a prostituição. Em "Não Sou Robot" lamenta o abandono que se sente relegado pela esposa, mas em "Pra Tudo Tem Hora" vinga-se anunciando que vai se encontrar com amante, O abandono e a traição conjugal volta a "Cama de Casal", "Você Devia! E "Deixa Um Vestido no Guarda-Roupa". Jean Marcel também fala em crianças: aceita o filho "ilegítimo porque "o que é meu, também é seu", enquanto que, no lado 2, também mostra esperança em "O Nosso Filho Vai Chegar". Há ainda um "parabéns a você" de [tristeza] em "Bombons de Chocolate" e, por último um "Apelo" que em comum com a música antológica de Vinícius/Baden só tem o título. Mas, por favor, não entendam mal nossas palavras. Achamos este elepe de Jean Marcel um disco interessantíssimo - não, é clara, repetimos em termos musicais - mas como documento de uma visão popular, para atingir as platéias mais humildes - da doméstica que sonha com ascensão social através do casamento.
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