Talentos
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 02 de novembro de 1980
Instrumentista e compositor dos mais admirados, simpático e comunicativo Cláudio Jorge consolida, aos 31 anos, em seu primeiro lp solo (Odeon, setembro/80) mais uma face de sua carreira: a de cantor. A decisão de cantar suas próprias composições, acompanhando-as ao violão, na guitarra e na viola de 12 cordas, arriscando também alguns arranjos, nasceu da necessidade de expressar o seu trabalho de maneira mais completa, sem pretender se definir por um só estilo. A variedade de sons, de ritmos e de harmonia é característica marcante de sua obra e resultado de uma visão sem preconceitos, que lhe permitiu assimilar as diversas influencias que marcaram toda uma geração - samba, valsa, choro, rock, jazz, bossa-nova, etc. - incorporando-as às raízes brasileiras, mais precisamente às origens suburbanas e carioca.
O trecho acima, parte do release da Odeon, define bem o trabalho deste mulato alto, magro e extremamente comunicativo. Parceiro de João Nogueira, sem padrinho musical, participação em vários programas de televisão e shows em teatro, Claudinho traz músicas das mais interessantes neste lp solo, onde divide as musicas com Ivan Wrigh e Ivor Lancelotti e Herminio Bello de Carvalho/Cartola (o belíssimo "Fundo de Quintal"). Claudia Versiani, sua esposa e uma cantora de muita presença, participa em "Já Faz Tempo", ao lado de "Da da Criação" (esta só de sua autoria) e "Nuvem de Prata", momentos altos deste disco interessantíssimo, revelador de um instrumentista e compositor de garra e força.
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