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Aramis

Terminou o Free. Agora começa o IV Festival!

A idéia já chegou a ser discutida em algumas reuniões da diretoria do Blue Note Jazz Club: realizar um festival de jazz em Curitiba. Claro que dentro das possibilidades locais, com alguns solistas e conjuntos nacionais que fazem música criativa. Há quem pense, até, em tentar viabilizar uma extensão do Free Jazz, em sua 4ª edição, no auditório Bento Munhoz da Rocha Neto, considerando a proximidade com São Paulo - e o fato de os músicos, inclusive as atrações internacionais, ficarem vários dias ociosos, esperando as datas de participarem da segunda etapa do evento. Por enquanto, sonhos jazzófilos - de quem aprecia a mais criativa das formas musicais, cada vez mais liberta dos parâmetros e fundindo os diferentes estilos. Agora, com o sucesso que foi o III Free Jazz Festival, em suas etapas carioca e paulista, não há dúvida de que público existe - ao menos naquelas cidades, e a continuidade é indispensável para que esta promoção, ao contrário de outras que se tentou no passado, não sofra interrupção. Em São Paulo, ainda durante o desenrolar do Festival, Monique Gardenberg já teve algumas reuniões com seu "alto conselho jazzístico", aproveitando para trocar idéias com John Philips, executivo na área de vários festivais semelhantes que se realizam no mundo, associado ao maior especialista na montagem deste tipo de promoção, George Wein. John Philips, como alguns outros jornalistas ligados ao jazz nos EUA, veio ao Brasil, para assistir ao Free Jazz - e, naturalmente, deu importantes sugestões. xxx Zuza Homem de Melo, 54 anos, radialista (Jovem Pam) e que tem participado da organização de vários eventos - inclusive as duas edições do São Paulo - Montreaux Jazz Festival (1978/80) e Rio-Monterrey Jazz Festival (1982), já pensa em carimbar novamente seu passaporte para assistir, em outubro, a nova edição do Festival de Jazz em Paris, um dos mais importantes do mundo. Zuza esteve no Festival de Jazz de Nova Iorque, em julho último - que se estende por duas semanas e que, durante algum tempo, incorporou o histórico Newport Jazz Festival - que agora, entretanto, voltou a acontecer. Festivais de jazz acontecem em inúmeras partes, durante todo o ano - e em Nova Iorque, além da programação normal de centenas de casas (o que já faz a Big Apple ser um festival permanente), há mostras que vão desde manifestações localizadas em bairros (como o de Greenwich Village, para o qual o curitibano Celso Locker organizou um grupo que viajou antes da Semana da Pátria) até os eventos de maior repercussão. Na França, além de Paris, Nice tem um notável festival em julho. O de Montreaux, na Suíça, que chegou a ser importante, hoje está em decadência, devido a falta de critérios de seu diretor, Claude Nobbs. Basta dizer que este ano, o Brasil ali foi representado pelo grupo de rock Paralamas do Sucesso, que não tem categoria sequer para participar de um festival em Assunção. Triste imagem! Na Itália, na Perugia e Sadenha, acontecem festivais representativos - mas durante o verão eles se repetem, mesmo que sem a mesma regularidade, em várias partes do país. No Japão, em diferentes cidades, há também festivais notáveis - tanto é que John Philips, um dos organizadores, fez uma palestra a respeito no "150", do Maksoud Plaza, na quarta-feira, 9, explicando porque o japonês vem se interessando tanto por jazz. xxx Sem caráter competitivo - ao contrário dos festivais de canção ou, especialmente, de cinema (que também se multiplicam cada vez mais), os festivais de jazz representam uma forma de reunir artistas de diferentes tendências, ampliar o público e reforçar inclusive catálogos fonográficos. Este ano, mesmo sem o boom de lançamentos que aconteceu há 9 anos, mais de 50 títulos do melhor jazz foram acrescentados ao catálogo jazzístico nacional. Alberto Barsotti Neto, 36 anos, instalou um estande de vendas de discos no Anhembi e vendeu quase mil elepês (Cz$ 300,00 cada), entre os 22 títulos lançados nas últimas semanas. "No Rio, as vendas foram menores - cerca de 380 - mas aqui, em São Paulo, já passamos das 500 unidades. E o interesse continua" - diz Barsotti, sobrinho do baterista Rubinho (do Zimbo Trio, voltando no último fim de semana de nova excursão ao Japão). Só de Art Blakey, 66 anos, saíram agora três álbuns, de diferentes fases de sua carreira (um com o pianista McCoy Tyner, pela Imagem; "Moanin", pela EMI/Odeon e "Oh-By The Timeless", com alguns dos músicos que o acompanharam ao Brasil). Este é apenas um exemplo do jazz gravado - oferecido também de grupos como Spyro Gyra e King Sunny Ade, pela WEA; o "pacotão" que a CBS vem lançando há mais de 90 dias e a própria Polygram, reforçando seu catálogo.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
8
17/09/1987

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