Login do usuário

Aramis

"Terra para Rose", o melhor documentário

Emocionante, contundente, político e atual, "Terra para Rose", de Tetê Moraes, foi o grande filme levado ao XX Festival do Cinema de Brasília. Independente dos méritos dos cinco (dos seis) longas em competição, que mereceram premiações, o documentário sobre o drama dos Sem-Terras da fazenda Anoni, no Rio Grande do Sul, se transformou no principal momento político-cinematográfico do Festival de Brasília, que em suas 19 edições anteriores - especialmente nos anos mais duros da ditadura militar - sempre se destacou como um evento de resistência democrática. Amanhã, em reportagem especial, comentaremos detalhadamente "Terra para Rose", que mereceu seis prêmios na categoria 16mm. O júri oficial desta bitola concedeu além do prêmio de melhor filme (Cr$ 500 mil) e direção (Cr$ 300 mil), também o de fotografia - Cz$ 100mil divididos entre Walter Carvalho e Fernando Duarte, uma premiação especial de Cr$ 200 mil para a comunidade dos sem terras, os grandes personagens desta obra emocionante e que não poderia ser mais atual sobre a questão agrária. O júri da OCIC também deu o seu prêmio para "Terra para Rose", que mereceu ainda o troféu Dom Quixote, do Conselho Nacional de Cineclubes. "Aurora", da dupla Renato Ciasca e Beto Brant - um lírico filme sobre a infância, ganhou como melhor curta em 16mm, categoria em que foram premiados também "Hipócritas", de Letícia Imbassahy Carneiro e Marcos Pando (Melhor direção), "E Pluribus Una", de Vera Mares-Guia (Melhor fotografia), "Nau Catarineta", de Manfredo Caldas (melhor pesquisa) e três premiações especiais: o documentário "Por que só Tatuí" do baiano Agnaldo "Siri" Azevedo, o emotivo "Estrelas de Celulóide", de Fernando Spencer (sobre as atrizes do "ciclo de cinema de Recife", nos anos 20) e José Acioli, com "A Terceira Margem" - baseado em "A Terceira Margem do Rio", de Guimarães Rosa, como melhor filme de cineasta de Brasília. Na categoria de médias-metragens em 16mm, a vitória de Adilson Ruiz com seu intelectual "Carlota/Amorosidades", um dos mais sofisticados ensaios cinematográficos dos últimos anos (ver comentário publicado em O Estado do Paraná, 18/10/87) foi fácil. Afinal, o outro único concorrente nesta bitola, "Admiráveis Abomináveis", do cineasta Joataerres Camargo, de Brasília, foi fraquíssimo - e o público não agüentou a projeção dos seus 55 minutos. "Carlota" mereceu os prêmios de melhor filme e direção - e Ruiz confirmou seus méritos, que o já haviam feito, no Festival do ano passado ter levado cinco prêmios por "Infinita Tropicália".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
24/10/1987

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br