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Aramis

Thiele, o artilheiro

O cirurgião-dentista Erailthon Thiele, coordenador da limpeza urbana de Curitiba, mantém aos 54 anos um título que muitos jovens atletas não conseguem segurar por muito tempo: há 10 anos é o artilheiro das peladas do Kaminski, folclórica agremiação futebolística que, há 28 anos, reúne profissionais liberais, militares, comerciantes e até estudantes em confraternizantes (nem sempre) pelejas matinais, nos domingos e feriados pela manhã. Em 1976, nas 53 partidas realizadas, Erailthon compareceu a 48 e marcou 54 gols, seguido de outros "craques" como o comerciante Betinho (Roberto Santos) (34) e engenheiro Nivaldo Zanon (29). xxx A "pelada do Kaminski" começou em 1949, num terreno baldio na avenida Silva Jardim onde, posteriormente, seria construída a Maternidade Victor do Amaral. Passou depois para o terreno da família Kaminski - que lhe daria o nome e ali ficou por mais de 15 anos, até que o progresso imobiliário também daí expulsou o futebol dominical: Cecílio Rego Almeida comprou a área e incorporou no local um grande conjunto de apartamentos. Nos últimos 10 anos os peladeiros usaram os campos do Atlético, Palestra e Britania. Agora, as partidas são realizadas no Colégio Militar. xxx A organização da "Pelada do Kaminski" é invejável. Anualmente é eleita nova diretoria - salutarmente (e ao contrário do que acontece em tantas sociedades) não é permitida a perpetuação de ninguém na presidência - e o regimento interno prevê suspensões aos que provocam problemas. Por exemplo, em 1976 o conhecido João Maranho foi suspenso por 10 peladas por ter se rebelado a advertência da diretoria e Celso Gottardi deixou de jogar por 4 domingos por ter, numa peleja, agredido ao ex-craque do Atlético e do Fluminense, Sanford. xxx Dentro de uma cidade em que os pontos de encontro, apesar da demagogia oficial, vão se restringindo e os cidadãos perdem as oportunidades de uma integração saudável e amiga, a "Pelada do Kaminski" é uma tradição que necessita ser mantida. Ao longo dos 286 gols assinalados nas 53 partidas de 1976, seus 30 participantes, vibraram mais do que em muitas vitórias oficiais dos clubes profissionais.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
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Tablóide
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09/01/1977

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