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Aramis

Tosca paranaense retorna à cena

"Tosca", a ópera que emocionou o público curitibano, retorna ao palco do Teatro Guaíra no próximo mês de março, trazendo a londrinense Débora de Oliveira no papel-título. A ópera de Giacomo Puccini que tem como régisseur, Marcelo Marchioro, e na direção musical e regência, Alceo Bocchino, revelou o talento da londrinense Débora Maria de Oliveira e Oliveira, na opinião dos críticos especializados e de professores de canto, uma das mais raras sopranos dramáticos do país. Tudo começou no IV Festival de Música de Londrina, promovido pela Secretaria de Estado da Cultura e que este ano vai emplacar sua X edição, mas aos cinco anos de idade ela já se destacava das demais garotas no coral da igreja que freqüentava com sua mãe. "Eu deixava de ir passear, de brincar com minhas amigas para ir assistir ao ensaio do coro da igreja em que minha mãe cantava, cheguei até a fazer um dueto com ela em certa ocasião". Mesmo antes de entrar para o Conservatório para estudar piano, aos sete anos de idade, Débora já sabia ler partitura e arriscava seus acordes mais tímidos. O tempo foi passando e ela formou-se em psicologia, casou-se, veio a 1a. filha, mas a música continuava pulsando forte em suas veias até que ela retornou para o coral da igreja como regente. Foi nesta época, em 1984, que surgiram os primeiros planos de se dedicar à música: "tinha planos de aprofundar meus estudos em regência, então comecei a fazer cursos de regência em Londrina e fora de lá. No quarto Festival de Música de Londrina, em 84, fiz curso de regência com o maestro Oswaldo Colarusso. Ele deu o toque inicial na minha carreira, comecei a fazer música de câmara, mas sempre pensando a nível de igreja". o "blow up" aconteceu mesmo no V Festival de Música de Londrina, o qual além de participar da montagem da peça "Agnus Dei", de Bizet, cantada dentro de um trabalho dirigido pelo maestro Achille Picchi, que também lhe ensinou música de câmara, Débora fez chorar uma das mais conceituadas professoras de canto deste Brasil, a competente Nilza de Castro Tank, de Campinas, que estava participando do Festival de Música. Débora conta emocionada que a reação de Nilza ao ouví-la cantar pela primeira vez num teste para ópera que iria ser montada para o Festival é algo que ela nunca vai esquecer. Nilza insitia que sua voz era rara e muito bonita e por isso precisava ser melhor trabalhada. Por isso a cada 15 dias Débora ia para Campinas estudar com ela. "Fui adotada por ela e pela Secretaria de Educação de Londrina que pagava minhas passagens". Em São Paulo, Débora de Oliveira também aprimorou seus estudos com Bruno Rochella. Até hoje ela continua indo a Campinas ter aulas com Nilza de Castro e com o maestro Rochella. Foi no VI Festival de Música de Londrina que Débora teve o seu primeiro contato com a ópera, a nível de aluna, durante a montagem de "Cavalheira Rusticana", que foi apresentada em Londrina, Curitiba, São Paulo e Brasília. Em seguida ela passou a ser muito solicitada para fazer concertos em diversos locais do país. Daí para frente foi como um passe de mágica. Ela passou a estudar repertório para participar de concursos, ficando com o 3o. lugar no Concurso de Canto Lírico Carmem Gomes, no Rio de Janeiro. No princípio de 88 veio para Curitiba e começou a trabalhar no Coral Sinfônico como professora de técnica vocal e dava aula de canto em casa. Esta sargitariana de 32 anos que jamais tinha sonhado em ser cantora passou então a estudar obras completas como "Macbeth", "El Trovatore" e "Tosca". Em julho de 89, quando foram iniciadas as contratações para a montagem paranaense da "Tosca", numa produção da Fundação Teatro Guaíra e Secretaria de Estado da Cultura do Paraná, o maestro alceu Bocchino pediu que ela fizesse uma audição para ele e logo em seguida Débora estava confirmada para ser a Tosca de um dos elencos da montagem. A partir da "Tosca", que foi considerada por ela (e por todas as cantoras que já interpretaram o papel) como uma obra muito difícil, as coisas mudaram muito: "poderia dar tudo certo, como poderia não dar, graças a Deus (e ao seu talento) deu supercerto. Agora começam a surgir convite para participar de outras montagens clássicas em todo País e até mesmo fora dele. Recentemente ela foi convidada para fazer Aída e em julho participa da montagem de "A Traviata", no Festival de Música de Londrina. Mas antes disso, ela retorna à cena em março novamente, como Tosca, no palco do Guairão. LEGENDA FOTO 1 - Débora de Oliveira, no papel-título. LEGENDA FOTO 2 - Ivo Lessa e Débora de Oliveira
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Nenhum
24
14/01/1990

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