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Aramis

As transas do Juarez

O dias 28 de agosto último começou com indagações para o artista Juarez Machado: completava 10 anos de Rio de Janeiro, período em que alcançou um renome nacional, através do mais inteligente e poético humor, em desenhos distribuídos em diversas publicações nacionais, e livros já editados no Brasil e Exterior. Mas para o menino simples de Joinville, que nunca esqueceu a cidade das bicicletas e das mulheres (proibidas) nas janelas, aquele era um dia que amanhecia cheio de dúvidas: questionava-se da validade de sua vitória, dos sacrifícios que se impôs e até onde podia ter importância o que fazia. No café da manhã, abriu o "Jornal do Brasil" para ler o seu poeta predileto, e na crônica de Carlos Drummond de Andrade ganhou o maior presente que poderia esperar naquele data muito especial: o Poeta citava seus desenhos como exemplo de comunicação e entendimento entre os homens. Juarez, que não conhece ainda Drummond pessoalmente, chorou de emoção. E concluiu que, naquele momento, sentia-se recompensado pelo seu exílio carioca e dedicação a novas propostas de chegar ao coração e a razão das pessoas. xxx Há cinco semanas, todas as noites, numa das mais badaladas boates do Rio, a Sucata, Juarez vive uma nova experiência: ao lado de um conhecido show-man, Miéle, e de duas esplendorosas bailarinas, a inglesa Bernardette e a francesa Madô, ao som da música do conjunto de Edson Frederico (de quem a RCA acaba de lançar o primeiro [elepê]), o desenhista revela o mímico poeta que, sem dizer palavras, apresenta um lindo e profissional espetáculo. Com seu humor surrealista, mas com toques de ternura digna de Chaplin e Felline (reverenciados na inclusão de alguns temas musicais), Juarez arranca aplausos entusiásticos do público que lota a casa de Ricardo Amaral, sentindo-se gratificado pelo show de humor e poesia, que ele e Miéle idealizaram e apresentam numa temporada que se estenderá por várias semanas. xxx Sabendo ter a simplicidade e bom caratismo dos artistas de valor, requisitadíssimo para trabalhos na Rede Globo de Televisão, ilustrações e capas para livros e capas de discos, cartoons (muitos para publicações internacionais), Juarez curte atualmente duas novas atividades: o ensino de desenho para crianças excepcionais, num trabalho gratuito, todas as semanas, e a notável experiência de cinema super 8. Procurado por um grupo de estudantes que desejavam entrevistá-lo para um documentário, Juarez acabou propondo a realização de um filme de 10', cujo custo não chegou a Cr$ 500,00 e com resultados tão satisfatórios, que vai unir agora, ao lado da televisão, do teatro (tem feito muitos cenários e cenografias), também o cinema - e não será surpresa se, em breve, estiver transando até em 35mm. LEGENDA FOTO - Juarez
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
4
22/10/1975

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