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Sem preconceitos, Rebubu de Mulheres" (cine Marabá, hoje, 20 e 22 horas, últimas apresentações) é no mínimo o exemplo de um gênero de espetáculo popular em seus estertores finais: o teatro-de-revista. Aos 55 anos, 39 de vida artística, o humorista Colé (Petrônio Rosa Santana) admite, após 3o minutos de conversa informal: "Realmente o teatro de revista está se acabando". Ele é hoje um dos últimos representantes de uma galeria imensa de artistas modestos e despretensiosos que durante várias décadas divertiram o Brasil com espetáculos maliciosos, musicais, com belas mulheres em biquínis de lantejoulas e muitas plumas na cabeça - e que tiveram no presidente Getulio Vargas um de seus maiores admiradores, a tal ponto que o velho estadista batizou Virgínia Lane de "A Vedete do Brasil". Onde estão as vedetes? Almeidinha (Osvaldo Teixeira de Almeida), 63 anos, 50 de teatro, "aposentado pelo INPS, mas continuo a trabalhar para não morrer de fome:, diz: "Virgínia, Mara Rubia, todas as grandes vedetes são hoje avós aposentadas dos palcos". Um humorista que marcou época como Badu (Osvaldo Canecchio, 52 anos), trocou o teatro por uma agência de publicidade no município de Caxias, RJ, embora seja formado em medicina. Chianca de Garcaia, aos 63anos, produtor lendário nos teatros da praça Tiradentes, no velho Rio de Janeiro, ganha hoje a vida como auxiliar de bibliotecário da SBAT. Colé, 18 filmes, ex-marido da vedete Lilian Fernandes, pai de uma bela moça de 18 anos - Márcia Maria, que preferiu a publicidade do que ao teatro, cantor bissexto (em 1953, junto com Carmem Costa, gravou "Cachaça", o grande sucesso de Mirabeau/L. de Castro/H. Lobato/Marinósio T. Filho), ao lado de (José) Silva Filho, 50 anos, tenta manter o teatro rebolado, dividindo o Teatro Carlos Gomes, última trincheira da revista no Rio, enquanto Gomes Leal busque a sofisticação do gênero em boates como Night and Day e, em São Paulo, os teatros Natal e Quinta Avenida, mantém espetáculos medíocres, na linha mon stop, em sessões continuas por 12 horas. Com um passado brilhante - era nas revistas que os compositores lançavam sua músicas entre os anos 20/40 merecendo ao menos um estudo biográfico ainda inexistente) o teatro-de-revista permaneceu marginalizado e esquecido até hoje ninguém se lembrou de gravar um depoimento com Colé ou qualquer outro veterano do gênero. Após quatro horas de piadas, danças e cantos - com acompanhamento na base do gravador, pois não há dinheiro para pagar orquestra - um fim de noite melancólico e solitário. Mesmo, muitas vezes, para as maquiadas vedetes que durante algumas horas ofereceram a sequiosa platéia masculina momentos de sonhos e desejos proibidos. LEGENDA FOTO 1 - Colé xxx Da mais felpuda raposa política que já habitou Curitiba e que nos últimos cinco anos tem estado, prudentemente, afastada das árvores do poder, temendo os tiros de chumbo grosso de caçadores implacáveis, comentando a próxima eleição na Assembléia Legislativa: -Poderá acontecer aquilo que Pascal já disse há 300 anos: há razões que há própria razão desconhece. E as surpresas serão bem maiores do que se possa imaginar.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
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12/01/1975

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