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Aramis

Últimas (e primeiras) sessões de cinema

Apesar de quase mensalmente velhas casas de exibição terem suas últimas sessões impossibilitadas de continuarem num ramo comercial de precárias rendas , existe ainda quem acredita nas possibilidades lucrativas da exibição cinematográfica. Como o sr. Valdir Lima, que na próxima terça - feira , dia 15, inaugura um cinema de 35mm, 600 poltronas estofadas , na distante cidade de Nova Santa Rosa, exibindo o filme "Os Sobreviventes dos Andes", uma das 10 produções de maior bilheteria em Curitiba no ano passado. E não é só Valdir Lima quem se encoraja no ramo. Em Santa Isabel do Oeste, outra distante cidade do Oeste paranaense, o sr. Ignácio Agostini inaugura ainda este mês um cinema. Em Campo de Mourão, após o fechamento do cine Império, o jovem José Gonçalves Fleury da Rocha animou - se em dinamizar o seu cine Plaza. Tanto é que veio a Curitiba, para, aconselhando - se com Zito Alves, o mais astuto e experimentado homem da cinematografia , interiorana , melhorar a programação de sua casa e tentar reconquistar o arredio público - cada vez mais motivado a preferir o conforto da televisão. Mas , cinemas continuam a fechar . O cine Brasil, de Mandaguaçu , em 20 de dezembro último , fez sua última sessão nem exibindo um filme como o sintomático título de "Sonhos Eróticos de uma Mulher Insaciável", conseguiu rendas sequer razoáveis. O seu proprietário, Ary Aparecido Domingues, 54 anos, desistiu de manter o cinema - inaugurado em 1950. Mas acabou fazendo uma sugestão : cada cinema de cidade interiorana formaria um quadro associativo de no mínimo mil pessoas, com mensalidades de Cr$ 20,00. Os sócios assistiriam os filmes gratuitamente. Em Curitiba , três cinemas centrais estão com seus dias contados : o Ópera e Arlequim , com a venda dos edifícios "Heloísa" ( Avenida Luiz Chavier) e "Carlos Monteiro" ( largo Frederico Faria de Oliveira) ao empresário libanês Hussein Omairy , só funcionarão enquanto durar a guerra jurídica que a Fama Filmes esta mantendo, pois o Omairy quer aproveitar os dois prédios para um super mercado de calçados. Mas, graças aos bons advogados do grupo exibidor e os contratos que o mesmo tinha com o antigo proprietário do imóvel, o historiador David Carneiro, a pendência ainda deverá estender-se por muitos meses. Já o cine Avenida, no edifício vendido pela família Merhy ao grupo Bamerindus, há quatro anos passados, deve fechar até o final do ano. Assim, a antiga e elegante Cinelândia da Curitiba dos anos 50 - hoje muito mais Boca Maldita - só não desaparece totalmente porque ainda neste mês, será inaugurado o cine Astor - que após um parto de quase cinco anos , renasce das cinzas do antigo Palácio , na Rua Voluntários da Pátria. A primeira sessão do cine Astor será com um filme que é aguardado com ansiedade. "Todos os Homens do Presidente ".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
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09/03/1977

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