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Aramis

Um Dicionário da Política para atualizar candidatos

Cada vez mais a bibliografia referencial vem sendo enriquecida com obras que detalham aspectos de interesse do homem contemporâneo. Se num empreendimento gigantesco, que exigiu investimento de milhões de cruzados e mais de 5 anos de trabalho, o CEDOC - Centro de Pesquisa e Documentação da História Contemporânea - conseguiu publicar os quatro volumes do "Dicionário Histórico-Biográfico Brasileiro" (FGV/Editora Forense, 1985) a Editora da Universidade de Brasília, faz agora outro lançamento da maior importância para quem se interessa por conhecer melhor fatos & coisas contemporâneas: o Dicionário de Política (1.328 páginas, Cz$ 780,00), com 307 verbetes. O Dicionário foi lançado na Itália há 3 anos. No Brasil, só o trabalho de tradução e adaptação de linguagem levou um ano e oito meses. xxx Para facilitar a leitura, o texto foi todo impresso em duas colunas com 16,5 paicas cada uma, uma medida comum na composição das matérias de jornal. A editora se preocupou também com a clareza da impressão e escolheu o tipo de letra Times Roman, que foi criado especialmente pela produtora de matrizes de linotipo Simonsini, da Itália, para o jornal norte-americano "The New York Times". Os verbetes do Dicionário de Política vão de A a V. Não há conceitos políticos começados com as letras X e Z e por isso, essas duas letras não aparecem no Dicionário. Eis aí um desafio para os políticos brsileiros, sempre tão criativos em sua retórica... A mesma facilidade com que alguém vai ao Aurélio procurar o significado de uma palavra, existe agora, também para quem quiser saber mais sobre os termos políticos que aparecem todos os dias nos jornais que os políticos e comentaristas dizem no rádio e televisão. Segundo o próprio organizador do Dicionário, Norberto Bobbio, 77 anos, esse foi o objetivo maior do trabalho: oferecer ao público leitor de jornais e revistas, aos estudantes e a quem se interessa por política "uma interpretação simples e possivelmente exaustiva dos principais conceitos que fazem parte do universo do discurso político". Quem quiser saber mais, além do que está no Dicionário, ao final de cada verbete, o leitor tem uma bibliografia. Para facilitar ainda mais a vida do leitor foi criado um índice remissivo que indica, por exemplo, todas as partes do livro onde aparece, por exemplo, o conceito Conservadorismo. Por trás da qualidade gráfica, o Dicionário de Política tem ainda um triunfo de qualidade intelectual indiscutível: Norberto Bobbio, professor de Filosofia Política da Universidade de Turim, um dos pensadores mais respeitados da atualidade é um intelecutal que fala da política por experiência própria. Desde 1984, Bobbio ocupa uma cadeira no Senado como representante do Partido Socialista Italiano. No trabalho do Dicionário de Política foi assessorado diretamente por mais dois cientistas sociais, Nicola Matteucci e Gianfranco Pasquino. Os três coordenaram o material de mais de 120 cientistas políticos, historiadores, economistas e filósofos que escreveram os verbetes. A maioria dos autores é italiana. Nesta fase de tantos discursos - especialmente em torno da Constituinte - uma obra como o Dicionário de Política é indispensável a candidatos, assessores, jornalistas etc. - enfim todos ligados aos esquemas do poder. Por exemplo, só o verbete Constituição, ocupa quase dez páginas do dicionário. xxx Reestruturada para ser uma das grandes publicadoras do País, o setor editorial da Universidade de Brasília está com um catálogo dos mais respeitáveis - que oferece aos associados de seu Clube do Livro, descontos atraentes. A Editora Universidade de Brasília já publicou mais de 600 títulos e, unida agora às outras editoras universitárias do Brasil, põe à disposição um catálogo que ultrapassa a casa dos 1.500 títulos. Paralelamente aos livros - abrangendo os vários campos do conhecimento humano - a EUB edita também uma excelente revista cultural, "Humanidades", que chega ao seu número 10, com uma grande análise "A crise brasileira: dois séculos de permanência". Tendo Silvia Távora como editora-chefe, "Humanidades" reúne uma equipe de colaboradores do primeiro nível e aborda, em profundidade, temas dos mais interessantes. A assinatura desta revista, trimestral, é de Cz$ 150,00 e pode ser solicitada à Fundação Universidade de Brasília, CEP 70099. xxx Enquanto a Editora da Universidade de Brasília dá um exemplo editorial - ao qual podem-se somar outras atuantes universidades (federais ou particulares) que mantêm publicações do mais alto nível (como a do Ceará, cujo "Jornal Universitário" chega ao número 35, em 5 anos de circulação ininterrupta), a nossa septuagenária e arteriosclerosada Universidade Federal do Paraná continua estática e paralisada na área editorial. O reitor Riad Salamuni tem boa vontade para com a área mas, diz ele, encontrou tanta corrupção e desordem na instituição que, ao menos este ano, nem pode pensar em tentar fazer com que a estática e incompentente Editora sofra um sopro revigorante - e justifique sua existência. Aliás, a Editora da UFPR é a própria "Conceição": os (poucos) livros que editou parecem edições clandestinadas, ninguém sabe, ninguém viu...
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
13
09/10/1986

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