Login do usuário

Aramis

Um exemplo de restauração

SALVADOR (Via Telex) - Debaixo do pátio-anfiteatro no fundo do edifício do Século XVII onde o SENAC instalou seu restaurante-escola, foi construído um dos mais belos teatros (subterrâneos) do Brasil. Com 250 poltronas recobertas de veludo vermelho, excelente equipamento de som e iluminação o novo teatro - a sexta boa casa de espetáculos desta Capital - vem funcionando desde janeiro último. O SENAC foi uma das entidades que atendeu (e entendeu) o chamado "Projeto Pelourinho" que a Fundação do Patrimônio Histórico da Bahia vem desenvolvendo há quatro anos e que agora começa a apresentar seus primeiros resultados visíveis até para os turistas mais desatentos. O setor histórico da primeira Capital do Brasil, até 1970 totalmente abandonado, vem sendo restaurado com o máximo cuidado. Num investimento "Cuja previsão total é impossível de calcular", como afirma um dos 15 jovens arquitetos que ali vem trabalhando. Verbas do Estado, as caríssimas restaurações do pelourinho, vão de Cr$ 300 mil à Cr$ 6 milhões, que é a previsão para a restauração da igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Negros, a ter início em maio. A Fundação de Patrimônio Histórico e Artístico da Bahia, ligada a Secretaria da Educação e Cultura, mas com flexibilidade orçamentaria e de ação, tem utilizado diversas estratégias para este projeto da maior importância de preservação de nossa memória arquitetônica, de maior conjunto colonial existente na América do Sul. Assim alguns prédios foram desapropriados perla própria Fundação, que após restaurá-los os tem utilizado com diversas finalidades - desde entidades culturais até alugando-os para lojas com comércio apropriado ao setor (artesanato, antiquários etc). Enquanto outros mereceram a compreensão de entidades como o já citado SENAC, ou o Banco do Estado da Bahia, que instalou uma agencia no térreo do principal casarão no Largo do Pelourinho, os proprietários dos velhos casarões do Bairro do Pelourinho, que em sua quase totalidade se encontram em precárias condições, começaram a ser despertados para a importância do projeto. Ocupados até agora por pensões, velhos bares e mesmo casas de prostituição, os edifícios (ou o que deles resta) construídos há 400, 300 e 200 anos - o mais novo tem 180 anos, ou se já, a idade da mais antiga casa de Curitiba (onde hoje funciona a Casa Romario Martins) passam agora a serem valorizados, inclusive como pontos comerciais. Um hotel já funciona no Pelourinho e no antigo Convento do Carmo, o grupo Luxor instalou a mais sofisticada (em termos de decoração artística) pousada com piscina, o bar Cochicho e um pequeno museu, reunindo precioso acervo de artistas plásticos baianos dos Séculos XVII e XVIII. Apesar dos preços elevados de Cr$ 300,00 a Cr$ 700,00 a diária, está lotado por vários meses quase que exclusivamente por turistas estrangeiros - em especial norte-americanos. Dividido em cinco etapas, o projeto Pelourinho dará início agora à fase de restauração das casas na chamada Ladeira de Maciel, onde se concentra a zona mais pesada da Bahia, tão bem descritas nos romances de Jorge Amado. O projeto não tem datas fixadas para conclusões bem como orçamentos globais previstos mas sua continuidade está garantida: o governador Roberto Santos, que assume dia 15, um dos maiores entusiastas do plano, preocupação pela preservação histórica que já é de família: ao seu pai, o falecido ex-reitor da Universidade Federal da Bahia, Edgar Santos, Salvador deve o museu de Arte Sacra - um dos mais famosos do mundo em sua especialidade.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
4
08/03/1975

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br