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Aramis

Um grande pileque de vídeo

Um profundo sentimento de frustração. É isto aí! O banquete audiovisual oferecido no setor de televisão e vídeo do IV FestRio foi tão rico, tão atraente que o único lamento que se pode fazer é de não poder aproveitar mais do que 10 ou 20% das centenas de horas com as melhores produções que o incansável Hamilton Costa Pinto, diretor do setor, conseguiu reunir graças a credibilidade e confiança que impôs junto aos videomakers dos mais diferentes países. Ao lado da parte competitiva em televisão e vídeo - cada uma com um júri específico ( o primeiro presidido por Walter Salles Jr.; o segundo por Marcelo Tas), houve as mostras especiais, como a série de três horas "10 Anos sem Rosselini", produzido pela RAI; a "Homenagem a Carlos Drummond de Andrade", direção de Fernando Barbosa Lima; uma homenagem a Roberto Santos com exibição do último trabalho que fez para a televisão - a adaptação do conto de Ligia Fagundes Telles, "Antes do Baile Verde" e o "The Graceland Concert", com Paul Simon, em homenagem a Winnie e Nelson Mandela. A mostra mais cosmopolita do FestRio foi "Panorama de Vídeo-Arte no Mundo". Reunindo as produções mais modernas em vídeo-arte de todos os lugares do mundo, trazendo estéticas novas, computadores, grafismos e experimentalismos alucinados feitos pelos mais conceituados videomakers do mundo: David Bradbury, Pola Weiss, Juan Downey e Bill Viola, entre outros, que tiveram seus trabalhos mostrados nesta amostragem. xxx "EUA 1965-65 - Os Anos de Liberdade" foi outra mostra especial. Série de documentários em seis episódios sobre a história dos direitos civis americanos. Produzido pela Backside, contou com a ajuda de várias fundações e empresas privadas. xxx Outra mostra interessantíssima: uma coletânea dos melhores programas produzidos pelo Canal Zero, TV Estatal de Moçambique que está comemorando três anos de existência. xxx A música teve uma especial atenção: mais do 30 vídeos com grandes eventos produzidos para televisão ou documentados em vídeo. Uma seleção dos melhores clips do ano, aliados a especiais feitos para a TV. Entre os must desta programação, o concerto de Sting com a orquestra de Gil Evans (que em setembro esteve no Rio e São Paulo, no Free Jazz Festival), acontecida em Perugia, Itália; Madonna em Torino - ambos produzidos pela RAI; Suzanne Fega, no Royal Albert Hall, em Londres; O "Lives In The Balance TV Jackson Browie"; um especial de Paul McCartney, para só citar alguns exemplos. Outra mostra especial: Literatura e Teatro. Escritores que produzem vídeos, vídeos que mostram trabalhos de escritores famosos e várias outras combinações parecidas estiveram nesta mostra que destacou um vídeo realizado pelo francês Reis Debray e outro sobre o argentino Júlio Cortazar. xxx Política não faltou na grande amostragem. Por exemplo quatro vídeos produzidos pelo Archivo Andiovisivo Del Movimento Operário e Democrático foram trazidos de Roma para mostrar um perfil da juventude italiana entre 1968 e 1986. Temas como o movimento estudantil, comportamento e tendência, ilustrados com entrevistas. xxx A mostra de vídeo da América Latina deu oportunidade de se conhecer a produção de países vizinhos que tem muito em comum com o Brasil. Assim vieram vídeos da Argentina, Guatemala, Cuba, Paraguai, Chile e outros países que não entram nos circuitos das salas de vídeo e muito menos nas grandes redes de televisão. xxx Outra mostra única: "A TV que você não vê - a produção mundial para televisão". A oportunidade de conhecer a produção de países de diferentes culturas, através do olhar de produtoras independentes e das próprias redes de televisão. Estiveram representados nesta seção, entre outros, Egito, Macau, Hong Kong, Índia, Reino Unido e França. xxx Hamilton Costa Pinto recebeu 365 trabalhos, entre programas de TV e vídeos nacionais; 220 internacionais. Diz o diretor da mostra: - "Sempre pensei: qual a relação vídeo/'TV? Este ano, finalmente, dividimos em duas etapas. TV, broadcasting e vídeo, com o processo alternativo para atingir as massas que nem estão aí para a televisão em sua casa.Obviamente, se especificarmos, a televisão atinge aquela massa de 50, 70, 80 milhões de telespectadores. E a turma que corre por fora, com suas produções não mais domésticas, para onde vai? A turma que pensa e quer colocar imagem está aí: Olhar Eletrônico, Antena, Vídeo Imagem, Intervídeo; Videofilmes, The Kitchen, Metavídeo, Stúdio Line, Gedeon, Picnic TV, Ex-Nihilo, Tape Connection etc. ...Onde está a fronteira? Onde apresentam? No FestRio, é claro". xxx E o FestRio é hoje uma vitrine mundial para o vídeo. A maior do mundo. A esperança é que pela portabilidade do vídeo, ao menos alguns dos trabalhos ali mostrados - tanto na parte competitiva - como na informativa, cheguem a Curitiba, em alguma promoção que se faça nesta área. Pedir para que sejam mostrados na televisão é sonhar alto demais. LEGENDA FOTO 1: Entre os vídeos musicais apresentados no FestRio, um dos mais interessantes foi com Jackson Browne: "Lives In The Balance". LEGENDA FOTO 2: Imagens inusitadas marcam o vídeo "O Nervo de Prata", de Arthur Omar, sobre o escultor Tunga.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Nenhum
8
11/12/1987

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