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Aramis

Um homem - Uma mulher

Rio Apa, a paixão segundo a natureza Wilson Galvão do Rio Apa aproveitou sua rápida passagem por Curitiba neste fim de semana para lançar oficialmente seu novo livro: "Sermões das Dunas". Desta vez não é propriamente um livro - ele que já tem 11 títulos publicados e trabalha em um novo texto ("Estranhas Criaturas da Noite"). Em formato de álbum, com belíssimas fotografias que paulo Roberto Santos de Souza, Tarcísio Mattos e José Olir Mocelin fizeram durante as várias encenações da Paixão Segundo Todos Os Homens, estão alguns dos textos deste espetáculo - celebração que, desde 1975, Rio Apa encena na Seman Santa - nos dois primeiros anos em Alexandra e, a partir de 1977, nas margens da Lagoa da Conceição, em Florianópolis, cidade em que vive há vários anos. Aos 61 anos, esta figura marcante de nossa vida intelectual que, autodefinindo-se, diz ter recusado a advocacia para ser marinheiro, jornalista, ilhéu, navegador, náufrago, líder, praieiro, tem um ar de profeta. Quase mil jovens já passaram pelas encenações de Paixão Segundo Todos Os Homens, que, a partir de 1987, quer transformar numa espécie de romaria, circulando ao redor da ilha de Florianópolis, em etapas. Homem que desde a juventude se identificou ao mar e a natureza - ambiente de seus 11 livros e 18 peças já montadas - Rio Apa e sua companheira, Esther, viram os filhos seguindo os caminhos da natureza. Thor, 29 anos, bioquímico, preferiu ser pescador na Praia da Pinheira e grava suas poesias nos penhascos da ilha - e só a custa de muito esforço convenceu-se de publicar um livro ("Azul livro de pedra") pela Brasiliense. Kim, 30 anos, advogado, embora atualmente assessorando um ministro do Supremo Tribunal do Trabalho, já foi piloto marítimo e, como o pai, adora o mar, as praias, a vida simples. Vera, da "sex symbol" à mais bela psicóloga. A oradora da turma de psicologia-86, da Universidade Gama Filho, há algumas semanas, foi Vera Regina Oliveira Gimenez de Menconil. Tudo bem, e daí? Isto, em si, não é notícia. Entretanto, passa a ser notícia no momento em que se sabe que esta nova psicóloga é a mesma Vera Gimenez, que, nos anos 70, era a sex symbol do cinema nacional, intérprete de filmes como "Memórias de um Gigolô", "A Filha da Cafetina", e "Os Amores da Pantera", dirigidos pelo seu então marido Jece Valadão. Às vésperas dos 40 anos - mas com a mesma beleza de quando, adolescente, começou como manequim da Vogue, em São Paulo, cidade em que nasceu, Vera Gimenez é uma mulher amadurecida, diferente da atriz de 26 filmes dos quais não guarda maiores saudades: "Na verdade, nunca tive a chance de ter uma grande interpretação". Assumindo a profissão de psicóloga mas atuando também, temporariamente numa área comercial - como representante de brindes e bottons destinados a campanhas políticas (o que, aliás, deveria trazê-la a Curitiba, na semana passada), Vera quer voltar aos palcos. Para tanto, um amigo, Vicente Pereira, escreve uma peça em que possa mostrar o talento que o cinema sonegou. Poeta de sensibilidade, pensa também em outro projeto - um disco com poemas de Oscar Wilde e algumas canções. Mãe de dois filhos - a gatinha Luciana, 16 anos e o garoto Marco Antônio, 8, Vera Gimenez não renega seu passado de atriz de (hoje ingênuas) produções eróticas dos anos 60, mas admite que ficou "um estigma, uma marca". Antes de tudo, volta-se as suas poesias - talvez material para um livro - e nas quais transmite uma sensibilidade com ironia. Quantas vezes forem precisas Eu tenho que me questionar O que é preferível? A dolorida solidão daqueles que sabem Ou a sorridente burrice daqueles que desconhecem?
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
4
24/08/1986

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