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Aramis

Um incansável estudioso da história não oficial

Há 5 anos, quando esteve em Londrina, fazendo o lançamento de "Gaijin - Caminhos da Liberdade", a cineasta Tizuka Yamazaki teve em José Joffily o mais atencioso dos anfitriões. Pai de Zezinho, jovem cineasta que havia integrado a equipe de Tizuka, Joffily atendeu a diretora daquele premiado filme e lhe falou durante um jantar de uma personagem que o fascinava: Anayde Beiriz (18/2/1905 - 22/10/1930), a amante de João Dantas (18/5/1888 - 6/10/1930), que a 26 de julho de 1930, no Recife, assassinou João Pessoa, governador da Paraíba. Ignorada pela história oficial, Anayde Beiriz foi uma mulher fascinante, independente e corajosa - e que teve uma intensa participação nos trágicos acontecimentos ocorridos na Paraíba há 56 anos. Estudioso da história, autor já de vários trabalhos fazendo revisões de aspectos pouco esclarecidos, Joffily havia publicado em 1979 o básico "Revolta e Revolução: 50 anos depois", um dos mais completos estudos da revolução de 30. Foi quando se aprofundou na personalidade de Anayde Beiriz, a quem dedicaria um livro ("Paixão e morte na Revolução de 1930", 1980). Tizuka Yamazaki se entusiasmou com a personagem e praticamente naquela noite nasceu "Parahyba, Mulher Macho", filme histórico, com Walmor Chagas, Tânia Alves e Cláudio Marzo que, dois anos depois chegaria às telas com sucesso. Zezinho, 37 anos - (um dos dois filhos de Joffily) - que se dedica profissionalmente ao cinema há 10 anos, autor de vários roteiros e curtas-metragens, tendo agora concluído o longa "Impávido Colosso" (inspirado em conto do escritor gaúcho Josué Guimarães), quer levar ao cinema outro livro histórico de Joffily: "Crime na Companhia Ulem". Uma love story com elementos extremamente políticos - denunciando a influência de uma multinacional em São Luís, no Maranhão, nos anos 30 - e sua força inclusive na Justiça - este livro de Joffily tem elementos dramáticos que o tornam um material cinematográfico por excelência. Extremamente organizado, Joffily não pára de escrever: autor de uma dezena de obras sobre aspectos da história do Brasil, sempre esmiuçando aspectos desconhecidos (ou, no mínimo, pouco iluminados), já mereceu várias premiações de Academias e Institutos. Polêmicos, sem terem a discussão, há 2 anos, quando do cinqüentenário de Londrina, publicou um interessantíssimo livro sobre aquela cidade, analisando sua formação do ponto de vista dos interesses do capitalismo inglês. A obra provocou, naturalmente, protestos - mas não teve a polêmica na voltagem desejada por Joffily, que esperava, ao menos da parte dos professores do setor de história da Universidade de Londrina, um posicionamento mais ativo. Valeu, entretanto, pela contribuição que trouxe à história do Paraná - já que até agora não existia nenhum estudo profundo sobre aspectos sócio-econômicos da fundação de Londrina (e outras cidades do Norte). Incansável colecionador de dados históricos, dono de uma originalíssima biblioteca de livros didáticos que vem desde o século passado, José Joffily tem pelo menos três novos projetos em andamento. Quando lhe indagam como consegue ter uma produção intelectual tão grande ao lado de sua atividade empresarial, é objetivo: - "Bem, para começo de conversa, eu nunca tive aparelho de televisão em minha casa. Assim..."
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
13
22/04/1986

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