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Aramis

Um mágico <<show>>

Mais uma vez o público curitibano não está sabendo aplaudir um espetáculo de nível internacional: o Teatro Negro de Praga, que hoje faz suas duas últimas apresentações no Teatro Guaíra (17 e 21 horas), com programas diferentes - << A Semana dos Sonhos> à tarde e << A Bicicleta Voadora >>, à noite, mostra uma das mais perfeitas técnicas na arte cênica em todo o mundo. Pode-se até compará-lo ao grupo suíço Mummenschantz, embora desenvolva uma outra linha. Utilizando o negro nos cenários - razão de seu nome, e com uma equipe técnica de alta precisão, acoplada a atores da maior versatilidade, o espetáculo que vem mostrando desde quarta-feira tem uma magia impressionante Cores, formas, símbolos e imagens se destacam - ao longo de uma trilha sonora perfeita (do jazz ao erudito), fazendo o público (de todas as idades) se deslumbrar com apresentações tão originalmente belas. Pena que mais uma vez os produtores na temporada brasileira não tenham sabido motivar promocionalmente o grupo, não se preocupando sequer em fazer um programa com os dados a respeito de seus intérpretes e técnicos históricos do conjunto etc. Assim, o público que tem comparecido ao Guaíra é reduzido, apesar dos ingressos a preços suportáveis. Não só para adultos, mas especialmente às crianças, os quadros que os artistas checos apresentam oferecem momentos do maior prazer visual. Hoje, às 19 e 21 horas, uma programação que se recomenda. *** e também o Pessoal do Victor, de Campinas, com o mais premiado espetáculo encenado em São Paulo, no ano passado - << Na Carrêra do Divino >>, de Luís Soffredini, não está tendo a repercussão que mereceria. De profundas raízes sociológicas, propondo uma revalorização dos valores culturais (em seu sentido antropológico) do cachamado << caipirismo >>, esta encenação permaneceu meses em cartaz em São Paulo e Rio de Janeiro, mas aqui, infelizmente, não encontrou a acolhida que seria de se desejar. A época de férias, custo de vida cada vez mais alto ou mesmo desinteresse da << inteligentzia >> (ou << burritzia>., como diz Sabe) local, que só sabe prestigiar o que é badalado socialmente, podem ser lembrados como desculpas para o pequeno público. Afinal quem perde, é quem deixa de ver um bom espetáculo. *** Talvez << Gadaia-80 >>, com as mulatas de Sargentelli, a partir do dia 29, no grande auditório, tenha um público maior. E no pequeno auditório do Guaíra, dia 30, estréia tentativa de revalorização do teatro de revista, com << Rio de Cabo a Rabo >>, texto e direção de Luiz Mendonça. Na frente do elenco, a presença de Alke Maravilha, que por trás de seu tipo caricato, << vendido >> via televisão, é uma mulher inteligente, poliglota e que tem recursos dramáticos. Tanto é que Alex Viany a escolheu para interpretar o papel central de << A Noiva da Cidade >>, filme ideliazado por Humberto Mauro e que finalmente ficou pronto. Mas que permanece inédito, entre tantos, nas prateleiras da Embrafilmes. *** Luiz Mendonça distribuiu um lúcido texto sobre a importância do teatro de revista, tema também que inspirou a Maria Helena Kuhner um estudo lançado no ano passado pelo SNT: << o Teatro de Revista e a Questão da Cultura Nacional e Popular >>. Há muito tempo que não se vê um espetáculo-de-revista nos palcos da cidade. E a revisão crítica do gênero, pretendida por Luiz Mendonça merece atenção. devendo, inclusive, atrair, faixas de público que habitualmente não comparecem aos nossos teatros. FOTO LEGENDA - Elke Maravilha: teatro de revista no Guaíra.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
1
27/07/1980

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