Um sindicato que discipline os que "guardam" os carros
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 08 de outubro de 1989
A longa colaboração que o arquiteto Jaime Lerner prestou às administrações do Rio de Janeiro - especialmente no governo Leonel Brizola - fizeram com que levasse à Cidade Maravilhosa várias idéias que deram certo em Curitiba. Algumas tiveram um bom replay no território carioca, outras nem tanto...
Em compensação, está na hora de nosso alcaide pedetista lembrar uma solução simples e prática que foi implantada no Rio de Janeiro e que poderia ser repetida em Curitiba: regulamentar o trabalho dos guardadores de automóveis através de um sindicato autônomo da categoria e normas oficiais para que se controle, mesmo que informalmente, esta "profissão" que existe de fato nas ruas da cidade.
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No Rio de Janeiro, no centro e nos principais bairros, os espaços que podem serem ocupados para estacionamentos têm um sistema de vigilantes, associados a um sindicato que, por sua vez, cadastra e supervisiona o trabalho dos autônomos. Com isto, de princípio, existe uma mínima fiscalização sobre os que trabalham - menores ou maiores - evitando-se que marginais com fichas policiais (ladrões, trombadinhas e até assassinos) formem verdadeiras quadrilhas para cobrar "proteção" dos proprietários de veículos, intimados - muitas vezes sob ameaça de armas - a pagar custos elevados por uma vigilância, que na verdade não existe. Obviamente, que o problema não foi totalmente solucionado mas, de princípio, se fez algo para limpar o campo e separar os que realmente se dispõe a exercer este trabalho dos marginais, que buscam oportunidades para arrombar o roubar veículos.
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A situação nas ruas de Curitiba é caótica. Em vários pontos - especialmente na Cruz Machado - uma gangue formada por marginais adultos, robustos e geralmente armados, tomou conta dos espaços exigindo pagamentos "para cuidar" que, muitas vezes, ultrapassam até as já inflacionadas taxas cobradas pelos estacionamentos.
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Nos trechos da Rua Cruz Machado e Ermelino de Leão, próximo ao cine Condor, a ação dos guardadores de veículos é cada vez mais atrevida. Os proprietários que resistem à chantagem de pagar o mínimo de NCz$ 5 a NCz$ 10 pela guarda dos veículos, os encontram, ao voltar, com faróis, vidros e latarias destruídos, num vandalismo total. Policiamento que é bom não aparece - mesmo entre às 19 e 23h, período em que é maior a ação destes guardadores que na verdade são marginais perigosos.
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Se a função tivesse a mínima disciplina, com um cadastramento dos que realmente desejam trabalhar - favorecendo inclusive aos menores (e desde que o Juizado não crie entraves) a Secretaria da Criança - que a primeira dama de Curitiba, Sra. Fani Lerner, vem dinamizando com tanto entusiasmo - juntamente com setores ligados à Secretaria da Segurança Pública e orientação do Ministério do Trabalho (para a criação de uma associação da categoria, possível de ser transformada em sindicato de autônomos) poderá senão solucionar em definitivo, ao menos minorar.
No Rio de Janeiro uma experiência foi feita. Como o prefeito Lerner viaja bastante àquela cidade, não custa verificar, pessoalmente, os acertos e erros existentes para transpor à nossa Capital o que lá foi feito.
Uma coisa é certa: pior do que está não pode ficar...
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