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Aramis

Uma divisão para a MPB (mas que inicia errada)

Em sua generosidade e otimismo - méritos maiores, sem dúvida, mas que às vezes precipitam (e prejudicam) alguns projetos que exigiriam melhores detalhamentos, o secretário Renê Dotti, da Cultura, anunciou, no entusiasmo de seu discurso de abertura no XVI Festival Regional da Canção Popular, em Cascavel, há duas semanas, a criação da Divisão de Música Popular da Secretaria da Cultura "Subordinada a Sala Bento Mossurunga". Da necessidade da pasta da Cultura ter um organismo específico para coordenar e promover pesquisas, shows, produções fonográficas e outros eventos capazes, efetivamente, de estimular nossa pobre e, infelizmente, até hoje inexpressiva (em termos nacionais) música popular, não há dúvida. O que parece precipitação é querer fazê-las nascer atrelada a uma unidade e cuja estrutura praticamente ainda nem sequer é bem definida. Só agora, coordenada pelo pianista, compositor e professor Henrique Morozowicz, a Sala Bento Mossurunga parece ganhar alguma autonomia, mas querer lhe dar atribuições de coordenar um setor específico como a música popular poderá representar apenas mais burocracia, despesas e desperdício de esforços humanos (além de financeiros), num setor que exige agilidade. Uma prova de que como as coisas podem funcionar é a Divisão de Música Popular do Instituto Nacional de Música Funarte, implantanda e dirigida há 11 anos por Hermínio Bello de Carvalho, e que tem conseguido desenvolver um trabalho exemplar. Aliás, uma consulta prévia a Hermínio, sempre tão amigo dos projetos culturais desenvolvidos no Paraná, poderia evitar que aqui se cometam mais erros na implantação de setores que, se espera, surjam ágeis e positivos - sem os entraves burocráticos. A própria Secretaria da Cultura, com várias coordenadorias (que nem sempre tem eficiência maior em sua atuação) exigiria uma reestruturação. Prova disto é que a Coordenadoria de Pesquisa e Ensino Artístico - agora, com nova direção - vinha insistindo em desenvolver alguns projetos - nclusive pesquisas sobre a música popular, que se conflitavam com a ação da Coordenadoria de Ação Cultural.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
10/08/1988

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