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Aramis

Uma love story com jornalismo violeta

Ao contrário da visão política-documental de "Salvador - O Martírio De Um Povo" (a partir de amanhã em exibição no Cinema I), o jornalismo oblíquo de "As Violetas São Azuis" (Astor, último dia em exibição) é aquele romântico e idealista - quase que apenas um complemento a uma love story de ternos momentos. A vida cinzenta do editor de um jornalzinho de uma pequena cidade do Litoral de Maryland, Ocean City, Henry Squires (Kevin Kline) é sacudida com o retorno de uma namorada de adolescência, Gussie Sawyer (Sissy Spacek), que saindo da terra há 13 anos, passou de aeromoça para fotógrafa internacional de uma importante publicação. Squires continuou a editar o jornal que seu pai havia fundado, casou-se com uma namorada que engravidou e dos sonhos da juventude ficou a contemplação. Neste universo aparentemente tranqüilo, o reaparecimento de Gussie provoca emoções e, inclusive, anima-o a intensificar as denúncias de um crime ecológico que um grupo econômico está cometendo contra os cavalos que vivem numa ilha das proximidades. Este aspecto, entretanto, não é aprofundado, ficando a ação mais concentrada nas relações familiares de Henry e sua esposa, Ruth (Bonnie Bedellia) e seu filho, Addy (Jim Standiford), em contraposição a família Sawyer - o velho Ralph (John Kellogs), a irmã Ethel (Augusta Dabney) e Gussie - uma correta (como sempre) atuação de Sissy Spacek. O clima de balneário da pequena cidade, as regatas, o próprio convívio familiar - em torno da sala de refeições e dos quartos, dão a "Violets Are Blue..." (e o título original não é explicado em nenhum momento) uma empatia terna, emocionante. Segunda longa-metragem de Jack Fisk, há 13 anos marido de Sissy Spacek, trabalhando sobre o roteiro de Roger Tothstein, com uma cuidadosa fotografia de Ralf Bode e embalada em boa trilha de Patrick Williams (com uma bela canção ao final), se assiste este filme com emoção - e mesmo uma empatia natural ao reencontrar personagens que sacrificam fantasias e desejos profissionais por um acomodamento familiar. Fisk não chega a ter uma profundidade marcante mas o resultado é agradável e "As Violetas São Azuis" fica como um registro dos sonhos que não se realizaram. E, onde mais uma vez, o amor maior é renunciado em nome da camisa de força do casamento.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
17
25/03/1987

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