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Aramis

Uma mulher - Milena. mais uma vez o bom balé

Todo ano ela repete a mesma frase: - Esta foi a última vez! Palavra ao vento. Ou melhor, no palco. Extenuada, exausta, cansada. Milena Morozowicz não consegue cumprir - ainda bem - o que ameaça sempre: abandonar a dança. Ao contrário, a cada ano idealiza novas coreografias, descobre novas músicas e a apresenta sempre um espetáculo mais criativo e inovador. Afinal, para esta curitibana filha de poloneses, a arte é tão necessária quanto comer, beber e dormir. O pai, Thadeo (1900-1981), foi o pioneiro da dança no Paraná - e a sua obra teve em Milena a continuidade que o deve fazer feliz, lá no Céu. O irmão mais velho, Henrique, 53 anos, é hoje um compositor conhecido nacionalmente, com uma produção imensa. O caçula, Norton, além de ser o melhor flautista brasileiro, é um maestro em ascensão, que em cinco anos fez da Orquestra de Câmara de Blumenau famosa nacionalmente, já com cinco elepês gravados. Portanto, não seria Milena que iria pendurar as sapatilhas. Muito pelo contrário, mesmo com todo cansaço e nervosismo revigorando-se e, meses depois, iniciando um novo projeto. "Ereshkigal" é o novo espetáculo do ballet Morozowicz. Inovador a partir do título - que foi inspirado no livro da psicanalista Sylvia Pereira, Milena explica: - A obra abrange toda a problemática das características femininas reprimidas pela concepção de vida masculina, usando para tanto a representação de um mito sumério de 3000 a. C. O espetáculo - criado com a colaboração de Dagmar Simek, Clionise de Barros, Sylnara França Borges, Isabele Pereira e outros talentos que se integram em sua equipe terá duas apresentações (dias 4 e 5, auditório Salvador de Ferrante). Para a trilha sonora do espetáculo, foram escolhidas desde músicas do mano Henrique - como a "Serenata Noturna" - até temas de Ravel e Grieg, passando por Astor Piazzolla, Vangeles, Doldinger, Egberto Gismonti. Enfim, muitos talentos para mais um belo espetáculo que Milena, esta mulher fascinante - que une a poesia às formas do corpo - estará apresentando na próxima semana, para aplausos de muitos. Ainda bem que suas ameaças não se cumprem: a dança no Paraná (e no Brasil) não pode prescindir de seu talento e vigor.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
2
02/11/1986

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