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Aramis

Uma nova safra com os talentos alemães

Um dos eventos cinematográficos mais importantes está acontecendo praticamente sem maior divulgação, com reduzidíssimo público, no Goethe Institut, desde o dia 11 do corrente. Trata-se de uma mostra de oito longa-metragens e um média - que comprovam, antes de tudo, a qualidade técnica/profissional dos realizadores alemães. Realizados por cineastas na faixa dos 30/45 anos, formados em escolas de cinema daquele país e que encontram junto as redes nacionais de televisão condições de desenvolverem projetos dos mais interessantes, esta mostra - que futuramente merece ser reprisada - traz realizadores ainda desconhecidos no Brasil, mas tão vigorosos quanto foram Fassbinder, Schlodorff, Herzog, Wenders e tantos outros que também devem ao Goethe, a partir dos anos 70, a divulgação de seus primeiros filmes em nosso país. Do pacote agora traduzido pelo Goethe, cinco são longa-metragens de ficção, produzidos para a televisão, que poderiam merecer lançamento em circuitos especiais e, competindo em festivais, obteriam destaque. "O Voador" (Der Flieger), 1986, 102', de Rolf Huettner, 37 anos, é um filme delicioso sobre um jovem praticante de asa delta que sonha em quebrar o record em saltar do ponto mais alto dos Andes. Um relacionamento com uma jornalista, de quem se torna amante e o apoio da comunidade, proporcionam que realize o seu projeto - mas com um final em aberto. Bem humorado, capturando com suavidade as paisagens naturais, "Der Flieger" - que abriu a mostra, no dia 11 - merece retornar para uma exibição promovida especialmente junto aos adeptos da asa delta. "O Benjamin - Tomada Dupla" (Doppeslstecker), 86, de Richard Blank, é uma comédia de toques surrealistas, enquanto "A Maldição" (Der Fluch), 88, do mesmo Rolf Huettner (de "O Voador") é um thriller psicológico, digno de um admirador de Hitchcok. Fotografado num parque nacional da Alemanha, utilizando o componente psicológico, um filme que resiste a um exame rigoroso. "O Ocidente Brilha" (Der Werstern Leuchtet), 1981/82 - o mais antigo dos filmes deste lote - tendo por fundo um agente secreto da RDA, procura mostrar o lado conflitante da sociedade alemã dividida até 1989. Para os admiradores da obra de Julio Cortazar, "Céu de Vidro" (Der Gçaserne Glalserne Himmel), que será apresentado hoje, terça-feira, se constitui em obra imperdível. Nina Grosse, de Munique, 33 anos, nesta sua obra de estréia, procurou o gênero "noir", a partir de uma história sobre um estrangulador de beldades, "mais existencial que detetivesco".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
19/11/1991

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