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Aramis

A viagem a Curitiba do início do século com a família Tassi

Um exemplo da importância de conhecimento do passado através de um edifício que fez parte da cidade acaba de ser dado por uma curitibana, psicóloga das mais conceituadas e com formação em antropologia pela Universidade Federal do Paraná, Elisabete Tassi Teixeira. No livro-álbum "Hotel Tassi - O Antigo Hotel da Estação" (edição encadernada, capa e 4 ilustrações de Poty, formato 22 x 28, 175 páginas, 96 fotografias, à venda exclusivamente na Livraria Dario Velloso à Cr$ 10,00 mil o exemplar), não só é reconstituída a história de um dos estabelecimentos de hospedagem que marcaram Curitiba durante quatro décadas, como reuniu-se um valioso acervo de imagens belíssimas capturadas da sensibilidade fotográfica de um dos filhos do construtor daquele hotel, Santo Tassi. Folhear este verdadeiro livro de arte, resultado do amor de uma pessoa extremamente sensível, competente e voltada à preservação da memória, é viajar por Curitiba durante mais de 40 anos, quando, em seu espaço na Rua Barão do Rio Branco, esquina com a 7 de Setembro, o Hotel Tassi era um dos estabelecimentos mais conhecidos da cidade. Em seus quartos hospedavam-se viajantes, funcionários públicos, comerciantes e mesmo artistas - como o pintor Guido Viaro, que, logo ao chegar a Curitiba, ali teve uma de suas primeiras moradias. Desde que lançou o livro, Elisabete Tassi Teixeira vem recebendo emocionantes telefonemas e visitas de pessoas idosas que foram hóspedes do casal Angelo e Angela Tassi, imigrantes italianos de Mântova que, vindos para o Brasil, no final do século XIX, aqui se estabeleceriam para sempre. Uma verdadeira "love story", roteiro para um filme mostrando a saga dos italianos que buscaram a terra do sonho distante, a história começou no dia 23 de outubro de 1888, quando conheceram-se no porto de Gênova, com destino ao Brasil, o jovem Angelo Tassi (Porto Montovano, 21/10/1861 - Curitiba, 18/03/1933), que com sua família também vinha ao Brasil. Angelo, então com 27 anos, decidira imigrar para o Brasil, após ter vivido durante algum tempo na Suíça. Durante a viagem no navio francês "Hindoustan", o chefe da família Puglia adoeceu e morreu. Tendo o marido sepultado em alto mar, dona Annunziatta se vê, grávida, com mais quatro filhos, diante do desconhecido. Angelo, já enamorado da filha mais velha dos Puglia, Angela, desistiu de ficar em São Paulo, como havia pensado originalmente e acompanhou a família a Curitiba. Aqui, começaria a trabalhar como mestre de obras na construção da estrada de ferro Curitiba-Paranaguá e em 01/10/1889, casa com Angela, então com 16 anos. Depois de residirem algum tempo no alto da Rua XV, compram do padre Domingos Piacente, um terreno de esquina com as ruas da Liberdade (depois Barão do Rio Branco) e 7 de Setembro (que nem estava ainda aberta em sua totalidade), defronte ao prédio da Estação Ferroviária e da futura Praça Eufrásio Correia. Ali construiu, inicialmente, uma casa e na frente abriu uma pequena venda. Passageiros que chegavam na estação e os carroceiros ali estacionados eram freqüentadores assíduos. Dos petiscos, passaram a fornecer comida. Algumas pessoas pedem "pouso". Ampliam então as instalações e abrem, no alvorecer do século, em 1990, um hotel primeiramente chamado de "Hotel Estrada de Ferro", que firma seu nome graças ao talento de dona Angela na cozinha. Mais tarde, sofreu duas reformas e ampliações, tomando então sua forma definitiva e passa a chamar-se Hotel Tassi. xxx Funcionando como cartão de visitas da cidade, para os passageiros que ali desembarcavam e que ao saírem da estação pousavam os olhos na Praça Euphrásio Corrêa e no conjunto arquitetônico que a rodeava, o Hotel Tassi representava não só a possibilidade de repouso, mas a certeza do acolhimento como escreveu Elisabete em seu livro. Muitos hóspedes com o passar dos anos tornaram-se amigos da família Tassi, correspondendo-se, acompanhando o crescimento dos seus filhos, fazendo serões musicais. Tiveram sete filhos: Santo (1890-1975), João (1891-1968), Catarina (1893-1973), Paulina (1897-1967), Ignez (1898-1971), Afonso (1909-1985) e Carlo, que morreu aos 17 anos, em 1917, quando estudava na Itália. Uma sobrinha, Zuzette Puglia Podelecha Boué, que perdeu os pais aos 7 anos, foi criada como filha. Trabalhando bastante, os Tassi conseguiram prosperar. Reúnem, inclusive, economias para retornarem, a passeio, à Itália por algumas vezes. Em 9 de fevereiro de 1933, morre a matriarca Angela, na chácara que a família possuía no Alto do Cabral. A antiga estação ferroviária começa a perder a sua importância, pois o ciclo do rodoviarismo desvia os passageiros. A própria Praça Euphrásio Corrêa e a Rua Barão do Rio Branco, ex-Liberdade, transforma-se. Em 1942, o hotel é alugado e, com novos donos, passa a ser conhecido como Hotel Continental. Apenas dois dos filhos que nunca casaram, João e Paulina, ficam residindo numa parte do prédio. Em 18 de março de 1951, morre Angelo Tassi, pouco antes de completar 90 anos. A família cresceu. Muitos netos, bisnetos - hoje a árvore genealógica indica 90 descendentes - decidem vender a propriedade para o grupo Slaviero. Fechado desde os anos 60, o casarão sofre um incêndio que quase o destrói totalmente. Considerado patrimônio histórico, sua reforma e utilização têm que obedecer legislação rigorosa, que desanima os atuais donos a fazerem, ao menos no momento, investimentos. Apenas para evitar a ruína total das paredes no lado da Avenida 7 de Setembro, os proprietários atuais concordam em fazer obras de reforço. A inscrição "Hotel Tassi" desapareceu - enquanto que a outra, posterior, "Hotel Continental", até há pouco ainda era vista na parede lateral da Rua Barão do Rio Branco. Ruínas, saudades de uma época, em que o Hotel Tassi, com seu interior confortável, móveis, tapetes, quartos arejados, ampla sala de jantar, era ao lado de outros antigos hotéis da cidade - especialmente o Johnscher, poucas quadras adiante - e o Grande Hotel Moderno, também do hoteleiro Francisco Johnscher, endereços de uma cidade com menos de 100 mil habitantes. Ficou a saudade - e a lembrança que com fotos belíssimas - de familiares, aspectos do hotel e, no final, seis imagens dilacerantes, executadas por um fotógrafo amador (e bisneto dos fundadores do hotel), Cláudio de Andrade, mostram a situação atual, interna e externamente do edifício. LEGENDA FOTO 1 - Em sua sensibilidade curitibana, que, menino do Capanema, via os hóspedes entrarem e saírem do Hotel Tassi, Poty fez a capa e 4 ilustrações para o belo livro de Elisabete Tassi Teixeira. LEGENDA FOTO 2 - Um livro de arte, em 175 páginas, conta a história de um dos mais antigos hotéis da cidade e fala da Curitiba do início do século.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
28/04/1991
SOU DE SP, TENHO INTERESSE NO LIVRO HOTEL TASSI, CASO VCS TENHAM E VENHAM A TER O EXEMPLAR, FAVOR ME COMUNICAR POR MEIO DO E-MAIL ROSATASSI@GMAIL.COM GRATA ROSA TASSI
Sou de Rodeio Estado de Santa Catarina,meu Avo se chama GERMANO TASSI este ano ele completa 90 anos em 25 de maio,cheio de saúde,lúcido e trabalhando na roça. Ele falou para mim que seu ancestral se chamava SANTO TASSI,até possa ser mera coincidencia mas quando vi na internet sobre esse livro fiquei muito feliz. Gostaria se pudesse entrar em contato por via e-mail guinotti@terra.com.br ou por telefone ( 47 ) 3384- 1260 para obter este livro me comprometo com as despesas. Atenciosamente. Maurício José Ochner
Gostaria de obter o livro sobre o Hotel Tassi. Grato Elias
Gostaria de saber como posso adquirir o livro,pertenço a Família Tassi e me interessei em saber mais sobre esta bela história.

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