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Aramis

Vocalistas - Maria, Flora, Joan etc.

Uma nova fornada de discos de vocalistas nacionais e estrangeiros, em diversos estilos e gêneros. A baiana Maria Creusa, que admiramos desde a sua pouco conhecida estréia em LP, há oito anos passados ("Apolo 11", Discos JB, Salvador, 1969), melhora sempre a RCA Victor lhe dá um tratamento especial. "Meia Noite" (Victor, 110.0014, março/77) a traz em plena forma, com um repertório muito bem cuidado, com arranjos divididos entre Luiz Eça, Antônio Adolfo, Waltel Branco e Geraldo Vespar. Some-se a estes quatro nomes do maior respeito, a participação de instrumentistas como Hélio Delmiro e Luiz Cláudio no violão, Luizão no baixo, Wilson das Neves e Paulinho na bateria, Laércio de Freitas, José Roberto e Edson Frederico nos teclados e temos um álbum que merece quatro estrelas e confirma os méritos do produtor Rildo Hora, também presente em solo de harmônica de boca em algumas faixas. Com sua voz segura, afinada, Maria Creusa consegue tornar digno um bolerão de Waldick Soriano ("Tortura de Amor"), recria "A Distância" (Roberto-Erasmo Carlos), homenageia compositores que admira - Menescal/Boscoli ("Tetê"), Tom/Vinícius ("Brigas Nunca Mais", "O Amor em Paz", "Você e Eu", "O Nosso Amor"), Dolores Duram, ("Castigo") e Chico Feitosa ("Fim de Noite") e, naturalmente, não deixa de gravar músicas de seu marido Antônio Carlos (da dupla com Jocafi) como "Palavras Cruzadas", "Atália da Bahia" (da trilha sonora de "Pastores da Noite"), "Meia Noite", e do também baiano Walter Queiroz ("Outra Vez Bahia"). Duas faixas, em especial, merecem atenção: "Dom de Iludir" de Caetano Veloso e o belíssimo bolero "Onde Anda Você" de Vinícius e Hermano Silva. Afinal, a RCA decidiu aproveitar o catálogo da Milestone que representa no Brasil e editar o lp "500 Miles High" (210.5001, março/77), gravado ao vivo, há 3 anos passados (Montreaux, Suiça, 6 de julho de 1974), no Festival de Jazz de Montreaux, com a cantora Flora Purim - há 3 anos escolhida pela crítica americana como a melhor cantora de jazz, acompanhada por seu marido, Airto Guimorvan Moreira (percussão), Roberto Silca (bateria), Ron Carter (baixo), Wagner Tiso (piano, órgão), Pat Rebillot (piano elétrico), David Amaro (guitarra) e, grande atração, Milton Nascimento, que além de tocar violão acústico, ainda canta "Cravo e Canela" em solo. Um disco destinado a vender muito - aos que apreciam jazz, aos que curtem o trabalho de Flora e, principalmente, aos fãs de Milton Nascimento. Aos 36 anos, 18 de carreira, Joan Baez tem uma carreira cada vez mais admirável, consciente e segura do que faz - de claras posições políticas, num trabalho de coração e razão, que, em termos nacionais, só pode ser comparado a Nara Leão. Após seus lps "Gracias a La Vida" (1974), "Diamond & Rust (1975) e "Form Every Stage" (1976), este um álbum duplo, gravado ao vivo, temos agora "Gulf Winds" (A&M/Odeon, 4944, dezembro/76), com a sua morena, fulgurante e sensual figura numa capa estimulante e um repertório de 10 novas músicas. Como Bob Dylan, Joan Baez soube somar a linguagem de protesto, de sua primeira fase (lps de Vanguard Records, editados no Brasil pela Copacabana a partir de 67), arranjos e uma linguagem atualizada, que sem descambar para a concessão do rock, a fazem uma intérprete apreciada também pela faixa jovem. Joan Baez tem um público certo, fiel e consciente, que saberá apreciar este "Gulf Winds", como todos seus discos anteriores - que já somam uma dezena lançados no Brasil. Entre as faixas mais interessantes "Seabirds" e "Gulf Winds". Rita Pavone (Turim, 23 de agosto de 1945) há muitos anos estava ausente das lojas de discos brasileiras. Mas essa cantora que foi lançada por Teddy Reno no "Festival dos Desconhecidos", em Arrícia, Itália, 1961, e que estourou internacionalmente dois anos depois, com "Cuore", continua a gravar. Tanto é que "Amoré Scusame" (Ariola/Victor, 1038030, março/77), lhe traz com sucessos antigos, inclusive o próprio "Cuore", ao lado de "Sapore De Sale", "In Ginocchio Da Te", "L'Amore Mio", "Brucia", "Legada a Un Grandello Di Sabbia" e, evidentemente, a canção de Pallavicini/Mescoli, que dá titulo ao LP. Pavone chegou a ter um público tão grande no Brasil, que na época do sucesso de "Datemi Un Martelo" atuou duas vezes no Rio (junho/64 e maio/65), inclusive tendo um romance com o baterista Natinho, do grupo Os Incríveis. Hoje, está bastante esquecida do público jovem, que, naquela época, apreciava seus gorjeios. Agora, registros de três novas cantoras, ao menos em termos de Brasil: Donna Summer, uma crioula bela e sensual, gravando para uma pequena etiqueta americana (Casablanca Records), foi o grande lançamento da CID, em 1976. Seus dois primeiros discos garantiram a fábrica de Harry Zuckerman uma vendagem expressiva, pois caíram no agrado das discotecas. Agora, a temos num lp muito interessante - "Four Seasons of Love", gravado em Munich, com um som incrementado, desenvolvido livremente ao longo de cinco únicas faixas, com uma temática temporal: "Spring Affair", "Summer Fever", "Autumm Changes", "Winner Melody" e "Spring Reprise". Um calendário acompanha o LP e as fotos de capa e contracapa trazem Donna reverenciando cenas de dois filmes famosos: "Lua de Papel" e "O Pecado Mora ao Lado". Num estilo forte, também do agrado dos programadores de "discotecas" (o que hoje conta muito para o sucesso enlatado) é Carol Douglas, que em seu lp "Midnight Love Affair" (Midland/Odeon, 80242), desenvolve oito temas - três dos quais bastante longos ("Life Time Guarantee", "Headline News" e "Crime Don't Pay"). Um acompanhamento da pesada, no estilo dançante de miss Douglas. Por último, a cantora inglesa Lena Martell ("The Best of Lena Martell", PYE/Chantecler, março/77), nos oferece um repertório mais suave, com músicas de Paul Anka ("Let Me Try Again"), Maurice Jarre ("Somewhere My Love"), Simon and Garfunkel ("Bridge Over Trouble Water"), Jacques Brel ("If We Only Have Love") e, especialmente, a antológica "Dance In The Old Fashione Way" (Aznavour), com arranjos suaves de Nicky Welsh. Para nosso gosto, destas três últimas novas cantoras (a aparecerem no Brasil, bem entendido), achamos a mais suave e agradável.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Jornal da Música
30
04/04/1977

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