Artigos por data (1975 - Fevereiro)
A música de Carnaval (IV)
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 07 de fevereiro de 1975
As musas inspiradores dos compositores carnavalescos este ano não foram as mulheres. Dos 369 marchas, sambas e frevos apresentados nos catálogos - 75 das duas Sociedades arrecadadoras de direitos autorais, apenas há duas marchas com nomes de mulheres: "Marilu", de Zacarias Costa e Jorge da Silva, gravado pelo desconhecido Zacarias Costa, em compacto da misteriosa CBM e "Gabriela", de Bob Junior, José Brasil e Isnard Simone, gravado pelo último em disco RCA Victor. Mas de pouco valeu a feminina inspiração: letras destas duas músicas são de uma pobreza franciscana.
Aeroporto-75, um comercial de 120 minutos
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 07 de fevereiro de 1975
Normalmente os filmes de publicidade exibidos nos cinemas tem de 30 a 60 segundos de duração. No Lido está em exibição um filme publicitário de 120 minutos. Que o público assiste entusiasmado e que sai elogiando, recomendando aos amigos. Resultado: este comercial permanecerá muitas semanas no ar. Objeto anunciado: a segurança do Boing 747, um avião que nada consegue derrubar. Nem o fato de seus pilotos morrerem num acidente e a cabina de comanda ser destruída pela metade.
xxx
O Carnaval da SICAM (II)
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 07 de fevereiro de 1975
Além dos dois volumes de "Folia 75 .- The Biggest Brazilian Carnival Hits" (RCA Canden 107.192/3, janeiro/75) e vários compactos os compositores filiados da Sociedade Independente dos Compositores e Autores Musicais tiveram outro bom lp para divulgar as musicas com as quais tentam aparecer no carnaval que começa hoje. Assim, "Brasil você é jóia/isso é que é...
A música de Carnaval (V)
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 08 de fevereiro de 1975
A televisão, que há 15 anos inspirou uma primeira sátira ("Me Dá Um Dinheiro Aí", criada por Ivan, Homero e Glauco Ferreira, com base num tipo humorístico interpretado por Moacir Franco, também o intérprete da Marchinha) motivou uma das poucas músicas em condições de aparecer no Carnaval que hoje inicia: "Marcha do Kung-Fu" de Brasinha, gravada pelo sambista Djalma Dias. Com uma letra simples e comunicativa, a marchinha tem sido bastante divulgada nas rádios e esta entre as que a SDDA, que controla seus direitos autorais, deposita maiores esperanças.
Música
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 08 de fevereiro de 1975
GUIOMAR NOVAES - Descendente de antiga família paulista, revelou desde a mais tenra idade incomuns pendores musicais. Foram seus primeiros mestres o eminente pedagogo Luigi Chiafarelli, e seus assistentes a pianista, Antonieta Rudge e a professora Maria Edul Tapajós em São Paulo. Seu talento musical adquiriu rápida notoriedade levando o governo brasileiro a lhe conceder uma bolsa de estudos para o Conservatório de Paris.
A pesquisa musical
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 09 de fevereiro de 1975
O encontro de uma dezena dos maiores nomes da música popular brasileira encerrada, com chave de ouro como se dizia antigamente, a programação comemorativa à inauguração do auditório Bento Munhoz da Rocha Neto. Na primeira reunião após o Carnaval, o Conselho Deliberativo da Fundação Teatro Guaíra deverá aprovar o contrato global com A.B.C. Promoções Artísticas, que promoverá sete concertos que farão com que os 2.350 lugares no maior auditório do Brasil se tornem insuficientes para todo o público que por certo se interessará em aplaudir os espetáculos.
Artigo em 09.02.1975
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 09 de fevereiro de 1975
Tristeza às vésperas do Carnaval. Até ontem à noite centenas de amigos de Arnaldo Fontana, 29 anos, advogado e industrial, juntavam sua angustia e preocupação a de seus familiares, frente ao seu misterioso desaparecimento na quinta feira à tarde. Jovem solteiro, executivo bem sucedido nas administrações das duas empresas de sua família - Record e Rex Pneus, o desaparecimento de trilhas sonoras da cidade e, em nossa opinião o mais brilhante crítico de cinema da nova geração, colaborador de O ESTADO, Arnaldo integra aquele grupo de amigos leais e bons caráter.
Capitães das Flôres
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 09 de fevereiro de 1975
Em 1937, quando Jorge Amado tinha seus verdes 25 anos, escreveu um livro que se tornaria um documento inesquecível da infância abandonada da Bahia: "Capitães de Areia". Se Curitiba tivesse um romancista com a força social do autor de "Teresa Batista", por certo poderia criar um romance semelhante com o título "Capitães das Flores".
xxx
O Carnaval da Odeon
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 09 de fevereiro de 1975
[Primeiro parágrafo ilegível].
Focus, Pink, Moody, ELP, Genesis, e Roxy. Os bons.
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 09 de fevereiro de 1975
Ao lado do chamado rock-alemão com grupos da mais alta importância (Nektar., Kanguru, Jane, Cornucopia, etc.), desenvolvendo um trabalho de música pop/contemporânea com muita base e que se pode perceber pelos primeiros álbuns destes conjuntos lançados no Brasil pela Top Tape, já comentados em nossa coluna diária (Jornal do Espetáculo, 2ª página, do 2º caderno), a Holanda também tem alguns grupos de jovens extraordinários.
Trio Elétrico, 25 anos
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 13 de fevereiro de 1975
A vinda dos trios elétricos para animar os carnavais do Sul que o público descobrisse uma nova forma de alegria momesca. Mesmo os frios espectadores do carnaval curitibano não resistiram ao calor e entusiasmo da Caetanave do Trio Elétrico Tapajós, em 1973, quando os baianos vieram mostrar aos tupiniquins da terra o que era a novidade, fazendo o povo sambar no asfalto da Marechal Deodoro apesar da atônita polícia querer impedir a explosão da alegria.
O Carnaval do Ópera-Rio
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 13 de fevereiro de 1975
No esvaziado Carnaval curitibano, que este ano, contrariando a tradição, não teve chuva, o "Baile dos Enxutos", da Sociedade Beneficiente Protetora dos Operários - ou a simplesmente Ópera-Rio - foi uma das poucas atrações turísticas. De forma que na terça-feira gorda, o presidente Edgar Antunes da Silva, o estimado "Tatu", ostentava o seu franco e famoso sorriso. Embora até ontem a diretoria do Operário não tivesse revelado os resultados econômicos do baile, uma coisa é certa rendeu o suficiente para o clube pagar as suas dívidas e ainda fazer um bom depósito bancário.
A aposentadoria de Temístocles
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 14 de fevereiro de 1975
Terça-feira de Carnaval, dia 11, o professor Temístocles Linhares fez aniversário. Seria apenas uma nota de rodapé nas colunas sociais, se o conhecido mestre não estivesse completando 70 anos. E se isso não tivesse como imediata conseqüência a sua jubilação na Universidade Federal do Paraná, da qual era catedrático de Literatura Brasileira desde 1938. Em conseqüência na tarde de quarta-feira de Cinzas, assumiu a direção do Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes, a professora Cassiana Licia Lacerda Carolo, vice-diretora do Setor e antiga assistente do professor Linhares.
Adeus, Arnaldo
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 14 de fevereiro de 1975
O assassinato frio, brutal, incompreensível à luz da razão, do industrial Arnaldo Fontana parece vir, de uma forma trágica, confirmar o velho adágio de que os bons morrem cedo. Ou, como disse Ernest Hemingway (1898-1961) " aos que trazem muita coragem neste mundo, o mundo quebra a cada um deles e eles ficam mais fortes nos lugares quebrados. Mas aos que não se deixam quebrar, o mundo mata-os. Mata os muitos bons, os muitos meigos, os muitos bravos - imparcialmente. Se não pertenceis a nenhuma desta categoria, morrereis da mesma maneira, mas não haverá pressa nenhuma em matar-vos".
xxx
A boa ficção e as forças mentais
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 14 de fevereiro de 1975
Irwin Shaw, romancista norte-americano que ficou famoso com "Os Jovens Leões" (The Young Lions, 1948), filmado em 1957 por Edward Dmytryck, tem um novo livro na praça: "O Erro de Lucy Crown". Este é o quarto romance de Shaw que a Record lança no Brasil, pois anteriormente aqui editou "O Pobre Homem Rico", "Duas Semanas em Roma" e "Morte em Pizâncio".
A estrela de Bruno
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 15 de fevereiro de 1975
Há quase dois anos, quando Bruno Barreto, 20 anos, esteve em Curitiba, junto com a atriz Dina Sfat, para lançar o seu primeiro longa-metragem, "Tati, a Garota", ele já estava preparando o roteiro de "A Estrela Sobe" (cine Vitória, a partir de hoje), do romance de Marques Rebelo (Edis Dias da Cruz Rebello, 1907-1974).
"O Espírito", um clássico para os novos leitores
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 15 de fevereiro de 1975
Assegurado o èxito do "Gibi-Semanal", a Rio Gráfica Editora inicia reedições de clássicos especiais das Histórias-em-Quadrinhos, a exemplo do que já vem fazendo, com sucesso e há bastante tempo, a Editora Brasil América Ltda. ("Flash Gordon No Planeta Mongo", "O Príncipe Valente", "Tarzan", "Jim das Selvas" etc.). O primeiro número do "Gibi Especial" (66 páginas, Cr$ 5,00, JANEIRO/fevereiro/75) é dedicado ao Espírito, a notável criação de Wil Eisner, 57 anos.
xxx
Artigo em 15.02.1975
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 15 de fevereiro de 1975
O sucesso de Airto Guimorvan Moreira, hoje o músico brasileiro de maior prestígio no Exterior, está fazendo com que sua naturalidade seja motivo de polêmica. Depois que o "Jornal do Brasil", em matéria enviada da Sucursal de Nova Iorque, disse que o percussionista era catarinense, vários jornais daquele Estado reproduziram isto como verdade.
As Bachianas de Villa-Lobos
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 15 de fevereiro de 1975
Nenhuma dentre as músicas de Villa-Lobos é de tão marcada originalidade quanto as "Bachianas Brasileiras" escreveu o crítico paranaense Andrade Muricy, da Academia Brasileira de Música. Quem não reconhecerá o Brasil sob as alusões pré-clássicas dessas obras?
O casal da Ilha (I)
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 16 de fevereiro de 1975
Quando, finalmente, as atenções começam a se voltar para as potencialidades da Ilha do Mel, com o ex-deputado José Carlos Leprevost reformando o velho hotel que já teve sua fase de opulência há quatro décadas, o arquiteto Rubens Meister concluindo um ambicioso plano diretor (só possível de ser executado com investimento de petrodólares, tal o seu custo) e a própria Paranatur prometendo que "75 será o ano do litoral", é importante conhecer um trabalho anônimo, sincero e idealista que um casal de curitibanos ali está efetuando há sete anos.