Há seis meses, quando os irmãos Sérgio e Lafayette Queirollo conseguiram, finalmente, que a Fundação Cultural liberasse os recursos para a instalação do Circo Chic Chic, as esperanças eram grandes. Afinal, pelo menos cinco gerações de curitibanos conheceram o humor, a graça, a comunicabilidade do palhaço Chic-Chic ([Otelo] Queirolo) e seus irmãos, Ricardo e Julião, que, com seus filhos, sobrinhos, esposas - enfim toda uma comunidade artística, integraram-se à cidade e seu tempo. xxx

Se o secretário Jayme Prosdócimo, das Finanças, tiver sensibilidade para o problema que atinge cerca de 9 mil famílias paranaenses, os músicos profissionais do Paraná - e a própria vida artística local - irão ganhar muito. Pois depende única e exclusivamente de sua boa vontade e do parecer do ex-secretário, tributarista Luis Fernando Erwin Van Der Brooke, a regulamentação do convênio firmado em 30/9/76, entre a Ordem dos Músicos do Brasil, Socimpro e Ministério da Fazenda, para incentivar as casas noturnas a manter música ao vivo, tendo o direito de descontar, no pagamento do I.C.M.

Imaginação, atenção, e inteligência trazem bons resultados sempre. Os jovens Fernando Souza Junior e Antônio Esteves estão tendo uma prova disso, ao verem o movimento inusitado que conseguiram em menos de um mês com a loja "Viva a Música", instalada na galeria Júlio Moreira. Apesar do pequeno espaço, aquela nova loja da cadeia Bruneti, está atraindo uma faixa muito especial de clientes: os que apreciam os clássicos, o jazz e a boa MPB, especialidades da casa.

Depois de cinco semanas com boas rendas - mais de Cr$ 700 mil - "King Kong" deixa hoje o cine Bristol e continua apenas no Plaza. Até agora muito se escreveu sobre essa segunda versão de um clássico do cinema, houve quem adorou - como o pintor e marchand Jorge Carlos Sade, que [ameaça] incluí-lo entre os 10 melhores do ano -e, naturalmente, quem abominou. Críticas e ensaios à parte, a poucos lembraram-se de destacar um aspecto: pode não ser o melhor filme (talvez o de maior bilheteria) mas é candidato seguro a figurar entre as comédias do ano.

O advogado Anfrísio Siqueira, poderoso e temido presidente da Boca Maldita, voltou na semana passada da mais longa viagem rodoviária que fez: com seu Opala-77, modelo super-luxo, percorreu com a família 5.600 km, pelo Brasil, Uruguai e Argentina. Em compensação, voltou decepcionadíssimo com a viagem, a mais tumultuada que teve: "Acabei pagando pelas divergências entre o Brasil e a Argentina. xxx

Para a sociologia da influência das histórias em quadrinhos: a assistente da secretaria no escritório do Paraná de Bloch Editores chama-se Mary Marvel, curitibana. Sua mãe, a sra. Maria Aparecida da Silva, em 1951, quando ela nasceu, era uma das maiores leitoras de quadrinhos, e ficou em dúvida de que nome daria: se Jane, em homenagem a companheira de Tarzan, ou Mary Marvel. Sua cunhada, Ivanilda da Silva, achou que Mary Marvel seria mais original e assim ficou. Só que hoje, aos 26 anos, Mary confessa que as histórias em quadrinhos não a entusiasmam.

Anuncia-se a vinda de Dave Brubeck ao Brasil e como as primeiras informações não incluem Curitiba no seu roteiro, há quem pergunte se a Fundação Teatro Guaíra não se movimentará para convencer o empresário a lembrar-se de nós.

A partir da próxima semana, quando os vereadores, bem dispostos após mais um mês de recesso legislativo, voltam ao trabalho, as sessões deverão sair do seu prejudicial marasmo e, pelo menos em alguns momentos, adquirir alguma movimentação, capaz de justificar os votos que os políticos receberam. Tanto a bancada arenista, sempre cordata e flexível aos interesses do Poder Executivo, como os integrantes da bancada da oposição, prometem que o segundo período legislativo deverá ser produtivo.

No crescimento do mercado fonográfico brasileiro - hoje já somos o quinto do mundo, antecedidos apenas pelo Japão, Estados Unidos, Alemanha e Itália - um dos aspectos mais estimulantes é a descoberta, pelas gravadores, das reedições. Ao mesmo tempo que economicamente atraente para as fábricas - já que não implica em despesas de produção - as reedições possibilitam aos colecionadores completarem claros em suas fonografias ao mesmo tempo que revela para uma nova geração, valores há muito desperdiçados.

Há algumas semanas, anunciou-se nos Estados Unidos que uma firma de computadores está desenvolvendo pesquisa para, dentro de 10 anos, colocar no mercado robôs domésticos, destinados a suprir deficiências da mão-de-obra nos pequenos serviços da casa, cada vez mais carentes. O sonho de milhares de donas-de-casa, às voltas com os problemas de empregadas domésticas, poderá se concretizar na próxima década: mini-robôs, treinados para tarefas domésticas, programados par trabalharem em serviços de babá, cozinha, jardinagem, etc. xxx

[1 -] Há dois anos, Wanderléa, a "ex-Ternurinha" da Jovem Guarda, fez a primeira tentativa de mudar sua (desgastada) imagem: convidou o jornalista Arthur Laranjeiras para produzir um show e o seu disco "Feito Gente", conseguiu músicas inéditas de compositores de gabarito (Milton Nascimento, João Bosco-Aldir Blanc etc.) e o resultado foi um disco bem acima da média. Agora, Wanderléa consegue dar um salto maior: nada mais, nada menos do que o ultra-respeitado Egberto Gismonti fazendo arranjos e dando quatro músicas para ela gravar.

Os baianos continuam acontecendo musicalmente. Se Gil e Caetano, com seus novos discos ("Refavela" e "Bicho", respectivamente, da Philips) ocupam um natural destaque, não podemos esquecer outros filhos da boa e musical terra, em seus estilos diferentes. Por exemplo, Paulo (Francisco [Espindola] Brito, ex-bancário, ex-estudante, ex-craque do futebol baiano, após um baião ("Chegando"), que chegou a aparecer em 1975, ganha agora o seu primeiro elepê ("Atenção", RCA Victor, 183.0204, maio/77).