Artigos por data (1986 - Fevereiro)
No repicar dos tamborins
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 06 de fevereiro de 1986
O arquiteto Fernando Popp, 30 anos, folião de larga quilometragem na noite, foi quem fez a decoração para o Clube Curitibano. A homenagem maior é ao palhaço Chic-Chic (Otelo Queirolo), uma das figuras mais queridas da cidade e lembrado sempre com saudades pelos que têm mais de 30 anos.
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Bento Chimelli decidiu investir em marketing carnavalesco: através de suas empresas liberou 50 milhões para ajudar algumas escolas.
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Já a firma Faureto, que explora o ramo de out-doors, liberou 40 espaços para a Mocidade Azul vender o seu peixe, digo, o seu samba.
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O Som do Carnaval (IV) - Auto-suficiência, um sonho muito distante
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 07 de fevereiro de 1986
Glauco Souza Lobo, presidente da Comissão de Carnaval e futruro secretário de Turismo, considera que o desfile deste ano - hoje e amanhã, na Marechal Deodoro, será o mais importante de todos já realizados. Razão: dos resultados obtidos será feita a reclassificação, com as seis primeiras escolas integrando o chamado grupo A e os seis seguintes caindo para o grupo B. Por isto, batizou a festa como "Carnaval da Reorganização".
As aulas de Hirsch, o scholar americano
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 07 de fevereiro de 1986
Passou desapercebida a presença em Curitiba de um dos mais respeitados scholars americanos, o professor David H. Hirsch, da cadeira de Literatura Norte-Americana e Introdução à Poesia, Ficção e Drama, da Brown University, em New Hampshire. A professora Cecília Inês Erthal, coordenadora do curso de pós-graduação em Letras da UFP, em colaboração com a USIS, conseguiu que o professor Hirsch viesse orientar um curso de 45 horas, na área de Literatura Norte-Americana, Em suas aulas - consideradas fantásticas pelos professores que as assitiram - o dr.
Cinema em revistas
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 07 de fevereiro de 1986
De passagem ultra-rápida pela cidade, para lançar o número 2 de "Première", a nova revista de espetáculos que está editando para o grupo Bartolo Fittipaldi, José Augusto Iwersen anuncia uma inovação: um "Dicionário de Cinema", em fascículos, que mensalmente focalizará um Estado. Todas as pessoas ligadas ao cinema - realizadores, produtores, técnicos, exibidores, distribuidores, críticos etc., serão verbete nesta publicação útil e referencial.
Som-boite de Vinhas e a revelação de Eliane
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 08 de fevereiro de 1986
Pianista da noite carioca, dono de um estilo suave e harmonioso, Luís Carlos Vinhas é da geração do Bottle's, Little's e Bacará, entre outros clubes noturnos do Rio de Janeiro, onde a Bossa Nova nasceu. Mais limitado do que outros tecladistas daquela época - como Luisinho Eça, Johnny Alf ou Sérgio Mendes, Vinhas permaneceu mais num som de boate, com alguns poucos discos mais audaciosos, entre eles o "Novas Estruturas" (Forma, 1965), há muito merecendo uma reedição da Polygram - que detém o acervo da histórica etiqueta de Roberto Quartin.
Toni, lições da mulher borboleta
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 08 de fevereiro de 1986
Depois do "Complexo de Cinderela", uma nova leitura da moda para o público feminino, classes média e superior, verniz intelectualóide e disposição de aparentar uma cultura up to date: a Record acaba de lançar a tradução brasileira de "The Butterfly Secret", best-seller de Toni Tucci que desde 1978 escala as listas dos mais vendidos nos Estados Unidos.
Apesar do nome masculino, Toni Tucci é uma cinquentona atraente, para gatão nenhum botar defeito (aliás, a foto da capa já sugere uma apaixonada relação de uma bela mulher de meia idade com um jovem atlético).
As muitas releituras de Villa-Lobos
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 08 de fevereiro de 1986
A perenidade de Heitor Villa-Lobos, cujo centenário de nascimento (Rio de Janeiro, 5 de março de 1887) já começa a merecer programações antecipadas, se faz sentir nas múltiplas revisões de sua obra. Quatro excelentes LPs, cada um à sua maneira, mostram a grandiosidade da música desse compositor falecido há 27 anos (17/11/1959) e que deixou uma obra imensa, perpetuada no Museu com o seu nome - até o ano passado dirigido por sua viúva, dona Mindinha, uma das perdas de 1985.
Pelão faz mais um belo LP-documento
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 08 de fevereiro de 1986
A MPB deve muito a Pelão - João Carlos Botezelli, um dos maiores defensores de nosso patrimônio musical. Produtor de lps históricos como os de Cartola, Adoniram Barbosa e a série "História das Escolas de Samba do Rio de Janeiro", Pelão foi um dos talentos que ajudou a Marcos Pereira (1930-1980) a formar um catálogo marcante. Por todos os lugares em que tem passado - gravadoras, rádios, estações de televisão etc., Pelão deixa a marca de seu talento, de sua brasilidade, sempre corajoso na defesa de nossa melhor música popular.
Outro Barnabé. Agora a vez do mano Paulo
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 08 de fevereiro de 1986
Há anos que Paulo Barnabé, guitarrista, vem acompanhando seu irmão, Arrigo. Agora, quando o irreverente e criativo compositor londrinense já obtém a consagração como autor-maldito e firma-se como ator - depois de "Nem Tudo é Verdade", de Rogério Sganzerla (no qual interpreta Orson Welles) e o recém-concluído filme de Chico Botelho - o mano Paulo também decidiu fazer um vôo solo. Associando-se a dois amigos - o guitarrista André Fonseca e o baterista James Muller, Paulo Barnabé gravou no final do ano passado um lp independente ("Patife Band"), com apenas seis faixas.
As estréias só irão acontecer na quinta
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 08 de fevereiro de 1986
Como Carnaval é época de vacas magras em termos de público cinematográfico - afinal, parece que todo mundo vai à praia ou cai na folia do rei Momo - há aquele público que não gosta de Carnaval, não viajou e poderia ter uma opção cinematográfica se houvesse lançamentos. Infelizmente, nenhuma estréia nesta semana - mantendo-se os filmes que já vêm sendo exibidos e apenas uma reprise - das mais oportunas, aliás: "Amadeus", de Milos Forman, da peça de Peter Schaeffer - em cartaz no Cinema I, em duas sessões (15 e 20h30 min). Uma obra-prima de revisão obrigatória.
A ópera chega cada vez mais nas telas
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 08 de fevereiro de 1986
No dia 7 de outubro último, na Tunísia, o diretor Franco Zeffirelli começou a rodar "Otello", da ópera de Verdi, com o mestre Ennio Guarnieri cuidando da fotografia e tendo no elenco o tenor Placido Domingo ao lado de outros nomes marcantes do bel canto como Katia Ricciarelli, Justino Diaz e Petra Malacova. A produção é da Cannon, com a parte executiva a cargo de Meneahem Golan, que em página dupla na edição de 16 de outubro de 1985, do "Variety", já anuncia mais esta superprodução, levando à tela um dos clássicos de Verdi, realizado pelo mesmo diretor de "La Traviatta".
O melhor de nossa música para as rádios do mundo
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 08 de fevereiro de 1986
Ao patrocinar a edição de "Caymmi - Som/ Imagem/ Magia" com o livro de Marília T. Barbosa e Vera Alencar em edição bilíngüe e os dois lps com Dorival Caymmi interpretando sua obra, a Fundação Emílio Odebrecht desenvolveu uma importante contribuição para difundir a obra de um dos nossos maiores autores em termos internacionais. Afinal, da edição de 3 mil exemplares, algumas centenas foram enviadas a instituições culturais e jornalistas ligados à música em várias partes do mundo.
Caymmi, som, imagem, magia
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 08 de fevereiro de 1986
"Que são setenta anos, diante da melodia que não conta tempo, não envelhece, enquanto as modas de cantar se sucedem e quase nada de música existe mais do que uma estação? Não há dia seguinte para o cancioneiro de Caymmi.
A flor que o vento joga no colo da morena de Itapoã não murchou ainda. Murchará um dia? Não creio. O que está na voz de Caymmi a gente guarda como faz com as coisas de estimação. E ao ouvi-la em casa, na rua, no ar, é sempre a emoção de um bom encontro. Incorporou-se ao patrimônio de arte e coração do Brasil. Ninguém o apaga ou destrói".
Mangueira homenageia neste Carnaval o grande Dorival
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 08 de fevereiro de 1986
Mangueira vê no céu dos orixás
O horizonte rosa, no verde do mar
A alvorada veste a fantasia
Pra exaltar Caymmi e a velha Bahia, ô, ô, ô
Surpresas e decepções nos sambas das escolas
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 12 de fevereiro de 1986
A chuva, e o inesperado frio que apareceram justamente nas noites de Carnaval, prejudicando os desfiles das Escolas de Samba, somados ao adiantado da hora (passava das 3 da manhã) fizeram com que menos de 10% das quase 60 mil pessoas que, na noite de domingo, horas antes, haviam se acotovelado na Marechal Deodoro, assistissem o desfile da Escola de Samba Treze de Maio, que apresentou o enredo "União de Raça e Cor".
Até bandeira faltou no Carnaval do Leão
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 12 de fevereiro de 1986
Na noite de domingo, quando a Escola de Samba Leão e Ouro, da Vila Hauer, desfilava na Avenida Marechal Deodoro, o advogado Cupertino Amaral, 55 anos, carnavalesco desde os anos 40, que julgava o item Mestre Sala e Porta Bandeira, surpreendeu-se: ao invés da bandeira da Escola, a Leão de Ouro desfilava com as cores da Acadêmicos da Sapolândia.
Agora, o painel de Poty no Curitibano
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 12 de fevereiro de 1986
Pory Lazarotto esteve na cidade e desta vez trouxe um novo projeto para mural. A pedido de seu amigo, o advogado Constantino Viaro, presidente do Clube Curitibano, o nosso mais famoso artista plástico desenvolveu o projeto de um grande mural para o hall de entrada na sede da Avenida 7 de Setembro.
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A harmonia do Carnaval e o reinado de "Bola"
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 13 de fevereiro de 1986
Convidado para julgar o item harmonia, o carioca Edvaldo Mendes dos Santos, 33 anos, fundador do Bloco da Vila Kennedy, integrante também dos Filhos de Gandhi - com o qual desfilou na noite de terça-feira, de volta ao Rio - e ex-diretor de harmonia da E.S. Império serrano, mostrou-se surpreso com a timidez dos carnavalescos curitibanos. "Nunca imaginei ver um Carnaval em que o pessoal tivesse uma sensação de vergonha de cair no samba" comentava do alto de sua cabine de jurado, na noite de sábado, quando saíram as primeiras escolas.
Pára-Raios não conseguiu rever seu amigo Requião
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 13 de fevereiro de 1986
O excesso de zelo da assessoria do prefeito Roberto Requião o impediu que pudesse abraçar um dos seus grandes amigos dos turbulentos anos 60: o ator, diretor e hoje jornalista (do "Correio Brasiliense") Ary Pára-Raios.
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Os revólveres não atiram serpentinas
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 13 de fevereiro de 1986
- Faz parte da indumentária!
Com esta declaração, o coronel Furquim, comandante da Polícia Militar, justificou, na noite de sábado, a presença de tantos policiais portando revólveres de grosso calibre no policiamento da Marechal Deodoro. Para uma festa popular, na qual se supõe não devem acontecer incidentes maiores, a presença de policiais usando revólveres não deixa de ser constrangedora.