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Aramis

Artigos por data (1986 - Abril)

Nacionalismo, a marca da festa para Joffily

A sessão solene em que José Joffily recebeu o título de Cidadão Honorário do Paraná, na tarde de quarta-feira, 23, fez com que passasse algumas horas em Curitiba um dos mais respeitados políticos brasileiros - e cujo nome volta agora a ser cogitado para integrar como vice-governador uma das chapas ao governo de São Paulo: Eusébio Rocha.

A Loba catarinense chega em videoteipe

A produção em vídeo independente, nos mais diferentes gêneros - ficção, documentário, animação etc. - tem crescido muito no Sul. Tanto é que Claudinho Pereira, da TV Guaíba, idealizou a I VideoPô, em Porto Alegre e, antes mesmo que seu projeto deslanchasse, uma firma local, a Provídeo, organizou a I Mostra de Vídeo Independente, que se realiza neste fim de semana. Infelizmente, por falta de tempo, os jovens que têm realizado algumas experiências em vídeo independente em Curitiba não tiveram tempo de inscrever seus trabalhos nesta mostra não competitiva.

Está na hora de limpar a área dos empresários

O recente escândalo que cercou a frustrada apresentação do cantor Roberto Carlos no Estádio Couto Pereira, com acusações e defesas dos "empresários" (i)rresponsáveis traz a questão: até quando a cidade vai continuar com sua programação na mão de maus profissionais, sem maior estrutura e que comprometem o trabalho daqueles que, realmente, desejam fazer um sério serviço de gerenciamento artístico?

No campo de batalha

Amanhã, quem levantar cedo, tem chance de rever no cine Luz um dos mais belos filmes dos anos 50: a comédia "As Férias do sr. Hulot", que há 33 anos revelava o talento de Jacques Tati. xxx No mesmo cinema, em sessões normais, está em projeção uma obra no mínimo curiosa: "Somos do Jazz", produção soviética sobre o primeiro grupo de jazz que surgiu na Rússia após a revolução. xxx

De Braços Abertos, uma peça magnífica

Quando o espectador assiste um espetáculo como "De Braços Abertos" (auditório Salvador de Ferrante, 30 de abril a 11 de maio) sai feliz do teatro. Feliz por ter visto um espetáculo profundo, de empatia com a realidade, montado por grandes profissionais e, sobretudo, realizado com extrema competência. Estreando em São Paulo, no TAIB, em 10 de outubro de 1984, ficou mais de um ano em cartaz e recebeu os principais prêmios em 1984: Molière (atriz e autora); Mambembe (atriz, autora e produção); APETESP (autora, diretor, espetáculo, produção executiva e trilha sonora).

Os grandes duetos da música instrumental

Uma salutar fase de duos instrumentais: nos palcos de São Paulo tivemos, na semana que passou, encontros do pianista Arthur Moreira Lima com o violonista Rafael "7 Cordas" Rabello (que a Kuarup ou a Dell'Art deve transformar em disco) e o reencontro de Milton Nascimento com o saxofonista Wayne Shorter (de quem a CBS recém-lançou o lp "Atlantis").

Pintaram novamente boas trilhas sonoras

Aleluia! Após um longo tempo de indigência musical em termos de trilhas sonoras, com oportunistas montagens (mil vezes piores do que é feito pela Sigla, para as telenovelas da Globo) de sucessos pop para serem catipultuados em filmes supostamente de apelo jovem, os produtores estão voltando-se para trabalhos originais - se não de um único compositor (como acontecia no passado), ao menos com melhor adequação - e não apenas servido para divulgar candidatos ao sol do nirvana pop.

Suaves baladas de Cat Stevens

A repousante presença de James Taylor no Rock In Rio, há dois anos, fez com que os roqueiros dos anos 60 lembrassem de outro terno e romântico baladista da mesma época: Cat Stevens. E nesta época de consumo tão intenso do hard rock, com lançamentos simultâneos no Brasil das novas bandas que aparecem no eixo Londres - Nova Iorque - Los Angeles, é tranqüilizador poder ouvir novamente o som de Stevens através do relançamento de três de seus melhores lps feitos para a Island Records, aqui representada pela WEA: "Teaser And The Firecat", "Catch Bull At Four" e "Tea For The Tillerman".

Disco documento de Nelson Cavaquinho

Era inevitável que a morte de Nelson Cavaquinho (Nelson Antônio da Silva, Rio de Janeiro, 28/10/1910 - 17/2/1986) provocasse não só uma corrida de cantores às suas músicas, como a reedição dos poucos discos que gravou. Louve-se, entretanto, a RCA e o Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro por terem se lembrado de homenagear Cavaquinho antes mesmo de sua morte.

De Braços Abertos

Disse Sábato Magaldi: - Não é sempre que o teatro oferece momentos de plenitude, a sensação de estar vivendo uma experiência fundamental, que bole com lembranças recônditas (...) um desses momentos privilegiados é "De braços abertos" (...) Dois anos de sucesso e após inúmeros prêmios, Curitiba enfim terá o privilégio de conferir os elogios do crítico para a peça de Maria Adelaide Amaral, dirigida por José Possi Neto e tendo no elenco Irene Ravache e Juca de Oliveira. "De braços abertos" estréia nesta quarta-feira, no Guairinha.

Na época do cruzado, a economia vira best-seller

Houve época em que ninguém imaginaria dedicar o tempo livre para mergulhar em obras sobre economia. Hoje, com as mudanças econômicas internacionais e, em nosso País, a inflação, o cruzado, o choque heterodoxo e tantas outras palavras técnicas entrando no dizer nosso de cada dia, as colunas e páginas de economia têm alto nível de leitores fora daquele público tradicional. Paralelamente também ensaios e tratados de economia que aparentemente só interessariam a especialistas passam a figurar até em relações de best-sellers.

"A História Oficial" chega a Curitiba

Oscar de melhor filme estrangeiro-1986, prêmio de melhor atriz para Norma Aleandro no Festival de Cannes-1985, "A História Oficial" de Luís Puenzo é o mais importante filme argentino dos últimos anos. Corajoso, humano, profundamente político e atual, já levantou mais de 30 prêmios em festivais internacionais, está em cartaz há 4 meses em Nova Iorque e há 60 dias em mais de 30 cidades americanas - o mesmo acontecendo em Londres e Paris. Em todos os locais onde tem estreado o êxito é o mesmo: consagração da crítica e entusiasmo de público.

Russos no Jazz. Uma saga com boa música

"O jazz não reflete a decadente arte burguesa; ao contrário, é música revolucionária e manifesta os sentimentos dos negros, o mais sofrido e explorado segmento no capitalismo americano." (Personagem Costa, em "Somos do Jazz".) Mais uma vez um filme surpreendente/envolvente chega de repente, numa programação um tanto obscura e com um público tão reduzido que, mesmo a contragosto, o cinema que o exibe é obrigado a cancelar várias das sessões previstas pela simples falta de espectadores: "Somos do Jazz" (cine Luz, 4 sessões, até amanhã) é atraente por uma série de razões.

Uma Rosa na Boca, no Dia da Mulher

Antecipando-se em um dia às comemorações do Dia Nacional da Mulher, a vereadora Rosa Maria Chiamulera, presidenta da Boca Rouge, capitaneia ao entardecer de hoje uma manifestação feminista na Boca Maldita. E mostrando que não é, em absoluto, um machista, o advogado Anfrísio Siqueira, presidente perpétuo da Boca Maldita, cavalheirescamente não só vai recepcionar Rosa Maria e suas companheiras, como, prometeu à poeta Gladys Gama, uma das assessoras da vereadora, que estará comandando a claque de apoio para Rosa Maria. xxx

Em Minas, um exemplo de seminário musical

Cada vez mais é de se lamentar que a politicagem, ignorância e falta de visão das administrações públicas do Paraná tenham destruído promoções culturais que, se tivessem mantido a continuidade, estariam hoje consagradas. Os cursos e festivais internacionais de música, idealizados há mais de 20 anos, quando do governo Ney Braga - e que cresceram durante a administração Paulo Pimentel - no momento em que atingiam um reconhecimento fora das fronteiras foram interrompidos.

No campo de batalha

Afinal, após meses de paralisação - e reabrindo agora com shows de rock ou de MPB com grupos amadores locais - o Paiol terá, graças à Funarte, um espetáculo importante: dia 2 de maio, uma noite em homenagem a Wilson Batista (1913-1968), com lançamento do livro de Bruno Ferreira Gomes, do disco e caderno de partituras e mais o show que reúne Joyce e Roberto Silva, com a participação especial dos excelentes violonistas João de Aquino e Maurício Carrilho. Roteiro e direção de Túlio Feliciano. xxx

O lirismo & a consciência

Quem diria, Walmor Marcelino, um romântico?

Wilson, último dos malandros no Paiol

Numa semana de ótimos programas - a estréia de "A História Oficial" de Luiz Puenzo (Oscar 86-melhor filme estrangeiro), no cine Palace Itália; o início da temporada da peça "De Braços Abertos" de Maria Adelaide Amaral (auditório Salvador de Ferrante) - se complementa com um excelente musical: a temporada em homenagem a Wilson Batista no Teatro do Paiol (sexta a domingo, 21 horas).

Joyce e Silva, os intérpretes certos

Ao idealizar um show em homenagem a Wilson Batista - cuja estréia acontece em Curitiba, neste fim-de-semana e que será levado posteriormente a São Paulo, Rio e Brasília - o diretor Túlio Feliciano não poderia ter sido mais feliz na escolha dos intérpretes Joyce e Roberto Silva. Além de representar o encontro de duas gerações, a presença de Joyce, 32 anos e Roberto Silva, 65 anos, mostra o traço de união de quem realmente se identifica com o que de melhor existe em nossa MPB.

A História Oficial

"A História Oficial" (16 prêmios em 13 festivais internacionais, além do Oscar de melhor filme estrangeiro-1986) é o exemplo do filme que corta rente aos ossos, como uma navalha. Um roteiro preciso, enxuto, magistral (e não foi sem razão que teve também indicação ao Oscar nesta categoria) mostra como um filme pode abordar um fato sem panfletarismo e até mesmo sem maniqueísmo.
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