Artigos por data (1986 - Novembro)
No sonho de fazer cinema a melhor estréia
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 20 de novembro de 1986
Uma programação tranqüila, com apenas uma estréia importante - SONHO SEM FIM, o belo filme de Lauro Escorel, amanhã nos cines Lido I e Ritz. No mais, são as continuações e reprises, embora, substituições de última hora continuem a acontecer. Por exemplo, no Groff estava previsto o retorno de "O Encouraçado Potenkim", clássico de Sergei Eiseintein, mas, na última hora, o que voltou foi o emocionante e belo "A Mulher Ao Lado", de François Truffaut, com Fanny Ardat - que, nestas alturas já deve estar no Hotel Nacional, participando, mais uma vez do III FestRio.
Geléia Geral
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 21 de novembro de 1986
Dentro do revival de nomes famosos dos anos 60 que estão agora fazendo circuitos no Brasil - Chubby Cheeker, Johnny Mathis, Trini Lopez, Johnny Rivers e, mais uma vez, Ray Connif e sua orquestra - esteve também o compositor, guitarrista e cantor José Feliciano. Portorriquenho, 41 anos, cego de nascença, Feliciano aconteceu internacionalmente em 1968 com "Light My Fire" e "California Dreamin".
Multinacional boicota o filme ecológico de Fred
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 21 de novembro de 1986
Já inscrito para o Festival de Cinema de Havana - a partir da primeira semana de dezembro, premiado em festivais na Europa, exibido na Índia e Japão e um dos documentários mais projetados na República Federal da Alemanha, "R'Dose Diária Aceitável", uma co-produção das Secretarias da Agricultura e da Cultura do Paraná e a Igreja Evangélica de Confissão Luterana do Brasil (IECLB) está ameaçado de ser retirado de circulação na Alemanha.
Revisão de Hugo da sua Argentina. Com paixão!
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 21 de novembro de 1986
Hugo Mengareli é daquelas pessoas de alta voltagem criativa. Argentino radicado em Curitiba, faz cinema, teatro, conclui uma tese de mestrado na Universidade de São Paulo, leciona cinema na Universidade Federal do Paraná, realiza filmes. Enfim, não pára de criar, apresentar novas propostas - variando desde filmes de temática social com "A Roça" até uma peça como "O Eucalipto e os Porcos" - (hoje e amanhã no auditório Salvador de Ferrante; volta ao cartaz a partir do dia 27).
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No campo de batalha
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 21 de novembro de 1986
Melancólico. Eis o adjetivo mais suave para definir a frustrante apresentação de Trini Lopez na noite de segunda-feira, no Guaíra. Com um repertório convencional, repetitivo, sem garra e energia, acompanhado por uma barulhenta orquestra de 14 figuras (entre as quais alguns bons músicos, como o guitarrista Alemão, que por muito tempo fez parte do grupo Breno Sauer), Trini Lopez foi a grande decepção internacional. Melhor esquecer!
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Tudo disca, tudo rende!
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 22 de novembro de 1986
A Telepar não tem motivos para se queixar de seus serviços especiais. Só quatro deles - Disque Amizade, Hora Certa, (102), Horóscopo (138) e Disque Piada (137) ultrapassam, mensalmente a dez milhões de impulsos. Some-se a mais 23 outras opções - dez dos quais com gravações - e os 20 canais do serviço "Disque 200", comercializado por uma empresa particular e se verá como cresce a oferta para que o assinante aumente cada vez mais a sua conta.
Telepar já sabe qual é o preço da solidão
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 22 de novembro de 1986
A solidão curitibana tem um preço. Exatamente Cz$ 1.320.000,00. E tem também quem lucra com ela: a Telepar.
De 3 a 25 de outubro, ou seja, em apenas 22 dias, o mais novo serviço da Companhia de Telecomunicações do Paraná - O Disque Amizade - ultrapassou todas as expectativas: 4. 400.000 impulsos. Considerando-se que cada impulso corresponde a trinta centavos, a Telepar faturou mais Cz$ 1.320.000,00 no mês passado.
Curitibano paga muito para ouvir as piadas de Toledo
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 22 de novembro de 1986
As piadas muitas vezes grosseiras e apelativas, de Ary Toledo, agradam aos curitibanos. Tanto é que dos 20 serviços explorados pelo "Disque 200" - concessão dada ao publicitário Orestes Woetehoss, 38 anos, 20 na propaganda - o número 200-2333, com o humor de Toledo é o que apresenta maior índice de chamadas: 110.000 em outubro. Em segundo lugar fica o "Jornal do Esporte", com o ex-craque e hoje comentarista (Barcímio) Sicupira fazendo comentários sobre o futebol. O fone 200-2121 registra uma média de 60 a 70 mil chamadas por mês.
Uma trilha muito louca de Arrigo para o filme "dark"
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 22 de novembro de 1986
Arrigo Barnabé, 35 anos, paranaense de Londrina, hoje um dos nomes nacionais no cinema e começando uma carreira cinematográfica - depois de ser Orson Welles (1915-1985) quando jovem no instigante "Nem Tudo é Verdade" de Rogério Sganzerla, vem aí como ator, co-produtor e autor da trilha sonora de "Cidade Oculta", teve que usar de toda sua infl;uência junto à Polygram para que a trilha sonora que fez para este segundo longa-metragem de Chico Botelho saísse em disco.
Na trilha para TV, Nana Mouskouri
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 22 de novembro de 1986
"Quando Pinta o Amor" (Mistral's Daughter), miniséire de produção sofisticada, com um elenco de bons intérpretes - Stephanie Power, Lee Remick e Stacy Keach - passou meio desapercebida na televisão. Jamais sua trilha sonora seria editada no Brasil se um dos temas, "Only Love", na voz da cantora grega-francesa, Nana Mouskouri, 50 anos, não tivesse sido pinçada para a trilha internacional de "Selva de Pedra".
A nostalgia com Eddy e Jeanette
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 22 de novembro de 1986
Como nem só de trilhas vive o mercado, uma surpresa agradabilíssima. Jonas Silva, incansável lutador pela Imagem, lançou há alguns meses, atendendo milhares de solicitações, o segundo álbum com Jeanette MacDonald (1907-1965) e Nelson Eddy (1901-1967), em interpretações de clássicos temas das operetas que fizeram nos anos 30.
O som orquestral, os blues e o punk em três boas trilhas
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 22 de novembro de 1986
As trilhas sonoras chegam mais uma vez na praça. Desde filmes ainda inéditos - como "A Encruzilhada", com a guitarra triste de Ry Cooder (revelação no Brasil pela música de "Paris Texas") ao aperitivo, em mix, da trilha que o parananese Arrigo Barnabé fez para "Cidade Oculta", na qual também é ator. Para os que têm mais de 60 anos, uma raridade: canções das velhas operetas estreladas por Jeanette MacDonald e Nelson Eddy. Já Nana Mouskouri, com "Only Love", da trilha da minisérie "Quando Pinta o Amor", ganha destaque ao aparecer também na banda sonora de outra produção de televisão.
Benson, o guitarrista de jazz que também vocaliza
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 22 de novembro de 1986
Quem curte o jazz instrumental, de forma meio conservadora, não perdoa a George Benson (Pittsburgh, Pennsylvania, 22/03/1943), por ter , há dez anos, a partir de seu álbum "Brezin", vencedor do Grammy, ter extrapolado também para o canto. Afinal, Benson havia surgido nos anos 60 como um dos mais brilhantes guitarristas, inovador e cheio de idéias, e assim a sua abertura para o vocal e temas puxados para o rock, o fizeram merecedor de muitas críticas. Em compensação, ganhou uma ampla faixa jovem, que desde então vem consumindo vorazmente suas gravações.
Uma fábrica de chope para a alegria dos curitibanos
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 22 de novembro de 1986
Uma boa notícia neste verão de crise da cerveja: até o final do ano deve estar em funcionamento o primeiro BeerGarden do Sul do Brasil, ocupando nada menos do que 3 mil metros quadrados as margens da Avenida Mateus Leme, próximo ao Parque São Lourenço.
Projeto de características originais, se constituirá num centro gastronômico ao redor de uma fábrica de chope, com produção exclusiva e qualidade especial - que será preparada por um famoso mestre-cervejeiro diplomado em Munique.
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Mirandinha editor com os seus lindos livros
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 22 de novembro de 1986
Depois de implantar a mais sofisticada revista já produzida no Brasil - a "Gráfica", hoje com prestígio internacional, o designer Miran (Oswaldo Miranda Jr. 38 anos), amplia suas atividades editoriais, criando a Módulo 3, para publicação de outras preciosidades. Começa neste final de ano lançando "O Mistério da Prostituta e Mimi-Nashi-Oichi", de Valêncio Xavier, com ilustrações de Sônia Yamanouchi.
Um documentário corajoso sobre o Chile torturado
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 24 de novembro de 1986
Rio de Janeiro
Polêmica: É Caetano Veloso, fazendo sua estréia no cinema
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 24 de novembro de 1986
Rio de Janeiro
A competência faz orquestra ter patrocínio. Em Blumenau, é claro!
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 24 de novembro de 1986
Fundada há mais de 40 anos, a Orquestra Sinfônica Brasileira não tem mais do que dez elepês gravados. Há outras orquestras no Brasil que até hoje nunca conseguiram fazer registros fonográficos.
Os Morozowicz levando a música para o Brasil
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 24 de novembro de 1986
Há três semanas, em Goiânia, Henrique Morozowicz, 53 anos, teve mais uma emoção em sua vida artística: a primeira audição mundial de sua última obra, "Variações Frére Jacques", na execução da pianista Glacy Antunes de Oliveira. Foi o ponto alto do Festival de Música de Câmara, promovido paralelamente ao II Encontro Nacional de Pequenos & Grandes Artistas (22 a 30 de outubro), que a Musika! Centro de Estudos, uma escola-modelo em termos nacionais, realizou na capital goiana.
Gay, vida, morte, amor. Vale tudo na temática dos filmes do FestRio
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 25 de novembro de 1986
Rio de Janeiro
O amor, a vida e a morte. Parece até título para um melodrama - mas que, após os quatro primeiros dias deste III Festival Internacional de Cinema, Vídeo e Televisão marca o clima dos filmes em competição, já vistos - ou , mesmo, muitos dos que estão sendo apresentados nas inúmeras mostras paralelas.