Artigos por data (1989 - Fevereiro)
Trio Elétrico virou gênero carnavalesco
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 05 de fevereiro de 1989
Uma das inovações do Carnaval baiano sugida no início da década de 50 - e que se transformaria em uma forma comercial de fazer barulho promocional a partir da década de 70 - o trio elétrico - também acabou virando um sub-gênero carnavalesco. Tanto é que se multiplicaram gravações de "trios elétricos", a maioria até produzida em estúdios, na maior picaretagem sonora. Há, entretanto, alguns registros espontâneos, capazes de valorizar (e mesmo documentar) a alegria - ao menos no ponto de vista baiano.
Sílvio Santos e sua solitária marchinha
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 05 de fevereiro de 1989
Com a morte de Chacrinha (Abelardo Barbosa, Recife, 1918 - Rio de Janeiro, 1988) só ficou mesmo Sílvio Santos na solitária tentativa de, utilizando o poder de comunicação de sua rede, fazer com que ao menos uma marchinha seja cantada no Carnaval. Este ano, astutamente, o animador-empresário usa um tema muito atual: as eleições presidenciais e a sua possível candidatura (imagine-se quantas marchas e sambas poderiam sair, em torno da política, Plano Cruzado, Sarney, etc., se houvesse estímulo para gravações).
Sambas-de-enredo ou a fórmula do faturamento
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 05 de fevereiro de 1989
Há pelo menos duas décadas os sambas-de enredo se tornaram um dos melhores negócios carnavalescos. Não é sem razão que há brigas de foice e até assassinatos entre sambistas das escolas de samba do Rio de Janeiro para ver de quem será o samba-de-enredo no Carnaval - pois isto não é sinônimo de glória: é muita grana no bolso. Por baixo, baixo, cada compositor de um samba-de-enredo vencedor nos concursos internos das grandes escolas (e são cinco, seis, às vezes até dez os que assinam os sambas) acaba faturando mais de três milhões de cruzados novos - em direitos autorais e conexos.
O bom jazz que a Bradisc apresenta
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 05 de fevereiro de 1989
Na expansão do mercado jazzístico registrada nos últimos anos - e estimulada por eventos como o Free Jazz Festival, promovido pelas irmãs Monique e Silvinha; filmes como "Em torno na meia-noite" (agora a dosposição em vídeo) e o aguardado "Bird" (1987, de Clint Eastwood, cinebiografia de Charlie Parker) é natural que novas etiquetas se voltem ao rico universo do jazz e do blues.
Independência dá o exemplo de cobertura carnavalesca
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 09 de fevereiro de 1989
A transformação que o Carnaval sofreu nos últimos dez anos com a cobertura pela televisão da maior festa popular em todo o país - concentrando-se especialmente nos desfiles das escolas-de-samba do grupo 1-A, no Rio de Janeiro (nas noites de domingo e segunda-feira) trouxe elementos para inúmeras interpretações por parte dos que se interessam em analisar a cultura popular - em diferentes ângulos.
Mocidade azul ganhou a maioria dos estandartes
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 09 de fevereiro de 1989
Escolhendo um enredo meio na base do samba do crioulo doido - "Viagem da Ilusão", no qual o leão sai à procura do paraíso e só encontra a beleza ou forma de vida nas constelações que lembram animais, concluindo que o verdadeiro paraíso nos foi legado por Deus em sua manifestação mais profunda - a fauna e a flora - a Mocidade Azul apresentou o espetáculo que mereceu as melhores notas do júri do "Estandarte Rádio Independência" - a premiação paralela, que graças a Euclides Cardoso foi criada neste ano.
Carnaval-89 já em vídeo para levar
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 09 de fevereiro de 1989
O fato dos vídeos contendo o melhor do Carnaval 89 estarem à venda desde ontem, ao menos no Rio de Janeiro, é tema para se (re)pensar como o boom da comunicação reflete-se na própria cultura popular. Afinal, o Carnaval se transformou numa indústria cultural/turística de tamanho vigor que possibilita que, menos de 24 horas após o seu final, já se transforme em imagens coloridas, perpetuadas em fitas e películas, aquilo que representou o esforço de milhões de pessoas.
No campo de batalha
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 09 de fevereiro de 1989
A atriz Delcy D'Ávila, a brava presidente da Escola de Samba Embaixadores da Alegria, comentava após a (bonita) apresentação feita na noite de segunda-feira: "apesar do golpe que sofremos por parte do nosso vice-presidente, saímos com garra total". Depois Delcy esclarecia: Washington Cercal, vice-presidente, pegou Ncz$ 500 e não comprou o que deveria, nem prestou contas do dinheiro. "Já o estou processando para colocá-lo na cadeia", diz Delcy.
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"Moonwalker", um videoclip para os fãs de Mr. Jackson
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 10 de fevereiro de 1989
O primeiro grande lançamento de 1989, em termos de público, chegou ontem em dezenas de cinemas de todo o país: "Moonwalker", um videoclip de longa-metragem que Michael Jackson produziu, escreveu e estrelou. Megalomaníaco, preocupado com a concorrência cinematográfica que Prince lhe vem fazendo, Jackson decidiu voltar num filme destinado ao seu público que pouco exige. Assim, não há muita preocupação pelo roteiro - desenvolvido a partir de um texto que ele próprio teria (teria?
Zezé, a mãe de Sônia Braga, veio julgar o nosso Carnaval
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 10 de fevereiro de 1989
Pela segunda vez - "e como sempre de surpresa" - a figurinista Zezé Braga (Maria Braga Jaci Campos) acabou participando do júri das Escolas de Samba de Curitiba. Mulher de bom gosto e muita experiência na área de figurinos, "além de carnavalesca em meus verdes anos", dona Zezé já havia julgado o item figurinos no júri oficial do Carnaval 88. Este ano integrou o júri especial do "Estandarte Rádio Independência" - no qual os cinco integrantes (ela, mais Sale Wolokita, João Carlos Lima, Júlio César Amaral de Souza e este repórter) analisaram todos os itens, para um resultado final.
No campo de batalha
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 10 de fevereiro de 1989
Maé da Cuíca (Ismael Cordeiro), 65 anos, um dos fundadores do Colorado em 1946, embora desde 1982 não saia mais com a Escola de Samba que tinha graças a ele a melhor bateria, não deixou de circular na Avenida Marechal Deodoro nos dias de Carnaval. Com a faixa de "Cidadão Samba" - que recebeu há 3 anos, por iniciativa do ex-secretário de Turismo, Glauco Souza Lobo, Maé anunciava que ia voltar ao Colorado, hoje relegado ao segundo grupo para tentar fazê-lo retornar aos tempos de glória.
Robot, musical e Alien nas estréias da semana
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 10 de fevereiro de 1989
O carnaval acabou e, afinal, vamos começar a falar sério. Está na hora da programação melhorar - pois o Oscar acontece dentro de algumas semanas e as majors - as grandes distribuidoras/produtoras - aguardam apenas que no próximo dia 24, em Los Angeles, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas reúna a imprensa internacional em sua magnífica sede na Wilshure Avenue, em Los Angeles, para anunciar os filmes nominados ao boneco dourado, para começar a corrida de lançamentos dos mesmos no Brasil.
Graças ao Bamerindus, nossa música em festival nos EUA
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 11 de fevereiro de 1989
Celso Locher - o Pirata, 43 anos, está em Nova Iorque há 3 meses, oficialmente fazendo um curso de Som & Técnicas em sonoplastia - cadeira que leciona no Curso de Artes Cênicas da Fundação Teatro Guaíra. Só deve retornar no dia 5 de março - e isto porque é funcionário da Procuradoria da Prefeitura de Curitiba e embora sonhe em viver na Big Apple, o salário excelente que tem no município o faz pensar duas vezes antes de deixar Curitiba.
Breno, da Marrocos à conquista da América
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 11 de fevereiro de 1989
Os boêmios dos anos 60 lembram-se, com saudade, do gaúcho Breno Sauer, óculos escuros, grande concentração, extasiava o público da saudosa Boate Marrocos com o som de um instrumento meio estranho para a época: o vibrafone. Na linha do que fazia o norte-americano Art Van Dame, Sauer adaptou o instrumento à linha da Bossa Nova e com um quinteto notável foi uma sensação com seu ritmo suave e dançante.
Música Brasileira está em alta em Nova Iorque
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 11 de fevereiro de 1989
O I Festival de Música Instrumental Brasileira no Town Hall, em Nova Iorque (dias 10 e 11 de março), com patrocínio do Bamerindus, representa uma espécie de consagração de uma bem sucedida invasão sonora que a nossa MPB está fazendo nos EUA - via Big Apple/Los Angeles.
Rita Lee, rock vovó com garra
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 12 de fevereiro de 1989
Na linha dos que já fizeram (sem cumprir) no passado Sílvio Caldas e Frank Sinatra, a roqueira Rita Lee (Jones), 41 anos - completados no último dia do ano, paulista da capital, também ameaça uma precoce aposentadoria. O que seria uma pena pois esta ireverente compositora e cantora tem marcado bastante a música jovem brasileira desde os seus tempos de Mutantes - ao lado dos irmãos Arnaldo e Sérgio Baptista, formado há 20 anos passados como um sopro de anárquica (mais salutar) renovação na época dos grandes festivais.
A saga dos caminhoneiros
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 12 de fevereiro de 1989
Depois de três anos do início das filmagens, "Jorge, um Brasileiro" chega às telas (em Curitiba, estréia dia 2 de março, cines Lido I e Itália). Super produção para os padrões brasileiros - mais de 30 empresas se associaram ao projeto de Paulo Thiago, pavimentando o projeto com empréstimos desde quadros até carretas e caminhões - a transposição às telas do romance de Oswaldo França Júnior há muito vem sendo aguardada.
O mundo das estradas visto pelos cineastas
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 12 de fevereiro de 1989
Na filmografia do cinema das estradas no Brasil - ou seja, aqueles filmes que se voltaram para contar estórias de personagens que têm suas vidas ligadas às longas distâncias, o mais famoso destes foi uma pioneira série de televisão, produzida no início dos anos 60 e que tinha uma ligação muito forte com o Departamento Nacional de Estradas de Rodagem: "O Vigilante Rodoviário", seriado que foi um dos marcos da televisão no Brasil, produzido numa época em que a então nascente forma de comunicação apresentava quase que exclusivamente os chamados "enlatados", filmes em série importados dos Esta
A viagem de sucesso do livro de Oswaldo
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 12 de fevereiro de 1989
A transposição à tela de "Jorge, Um Brasileiro", motivou que a Editora Nova Fronteira fizesse uma nova edição do romance de Oswaldo França Júnior utilizando fotos do ator Carlos Ricelli - personagem-título - e de Glória Pires, na capa e contracapa.
Depois de coçar Sarney, Zé volta com Dario Fó
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 12 de fevereiro de 1989
José Maria Santos é, em termos paranaenses, aquilo que o veteraníssimo Paulo Autran sempre diz, desde que a fala entrou em "Liberdade, Liberdade" (1964).
- Sou e serei sempre um homem de teatro!
Pois o nosso bom Zé Maria, 55 anos, 35 de teatro, lapiando apaixonado, também há muito tempo vive de sua arte no palco. Só lamenta que não haja condições para montagens mais audaciosas, melhores recursos de produção e uma política cultural da qual, corajosamente, sempre soube ser um leal oposicionista. Sem querer ser nostálgico, José Maria fala, de cadeira, da decadência de nosso teatro.