Login do usuário

Aramis

Artigos por data (1990 - Agosto)

A melhor música na busca de seu espaço

Nos anos 70, o saudoso Bebedouro, no Largo da Ordem, era o grande espaço musical alternativo, "after hours" da cidade. Ali, em noitadas inesquecíveis, passaram grandes nomes de nossa MPB, integrando-se a valores da terra. Outros ambientes noturnos tem procurado recriar o mesmo clima de descontração, amizade e improvisação musical que ali marcou época, mas sem sucesso. Ainda agora, um novo bar-restaurante, o Tulipa Negra, na ecológica Rua Fernando Moreira, 550, vem valorizando nossos valores musicais e, procurando atrair a simpatia dos artistas que passam profissionalmente pela cidade.

Classe solidária com o injustiçado Gerson

Na próxima semana, um grupo de artistas, especialmente ligados à música popular, pedirá uma audiência ao prefeito Jaime Lerner para lhe entregar um importante documento. Trata-se de um abaixo-assinado, já com mais de 50 assinaturas, nos quais os nossos artistas solicitam ao prefeito de Curitiba informações e esclarecimentos sobre a violência e o constrangimento sofrido pelo compositor, violonista, cantor - além de administrador formado pela Universidade Católica, Gerson Bientinez.

Tinhorão, um cruzado em defesa de nossa cultura

"O cara que fala pode dizer que não disse. Mas o que escreve não pode dizer que não escreveu. Por isso, sou vulnerável. Tudo o que eu disse, escrevi" (José Ramos Tinhorão, um jornalista honesto). Difícil encontrar alguém com alguma ligação na música popular que não tenha ouvido falar em José Ramos Tinhorão. Seja para xingá-lo - a maioria - seja para saber reconhecer seus méritos, este santista de 62 anos - completados em 7 de fevereiro, 40 de imprensa, é o pesquisador e crítico mais famoso da música popular brasileira.

A visão social da música brasileira

Há 24 anos, quando ainda existia a euforia da música popular brasileira, e especialmente a Bossa Nova ter vencido nos Estados Unidos, José Ramos Tinhorão propôs uma reflexão em "Música Popular - Um Tema em Debate" (Editora Saga, 1966, reeditado pela JCM, 1969, esgotado). Mas seria três anos depois com "O Samba Agora Vai... A Farsa da Música no Exterior" (JCM Editores, também esgotado), que Tinhorão provocaria maiores iras.

As revelações de um mestre da pesquisa

A leitura de "História Social da Música Popular Brasileira", de José Ramos Tinhorão, é indispensável para quem pretenda ter uma visão maior da evolução de nossa música. Concorde-se ou não com os pontos de vista do autor, a seriedade de seu trabalho e a riqueza de informações envolvem o leitor reflexionar sobre aspectos até então passados desapercebidos. Embora basicamente seja um ensaio, o livro é agradável, objetivo e tem várias revelações - muitas das quais, modestamente, Tinhorão reserva para as 48 páginas finais.

Na maioria das cidades, só na telinha os filmes da CIC

Em time que está ganhando não se troca jogador. Esta deve ser a filosofia dos executivos da CIC Vídeo que dispondo de um dos acervos mais amplos para comercializar em tela pequena, vem preferindo produções de aceitação certa, entre filmes lançados recentemente em seu circuito ou mesmo produções inéditas nos cinemas.

Êta mineirada que é solidária na música

Com "Cidade Veloz" (Chorus), Flávio Venturini chega ao seu terceiro elepê fazendo um disco que congrega ritmos e estilos diferentes, reunindo, como diz o letrista e poeta Murilo Antunes, "com a mesma embalagem a experimentação: a calma e a navalha, o simples e o exuberante".

Continua a ótima safra de nossa música instrumental

Domingo passado falamos de bons discos instrumentais que têm aparecido neste ano. Especialmente pequenos selos - como a Kuarup, Som da Gente, L'Art, Visom e, agora, a Caju Music, além da Chorus, tem valorizado nossos bons instrumentistas-compositores, os quais saindo de um lado cinzento de acompanhantes dos ditos "canários" (superstars da canção) adquirem vida própria.

Um Fênix que voa alto

O primeiro disco do duo Fenix, formado por Cláudio Daueslberg e Délia Fischer, pianistas de formação eclética - mas com profunda base, passou despercebido, não encontrando a divulgação merecida. Agora, com o segundo álbum, realizado através da Dell'Arte Produções Artísticas (Praia do Flamengo, 66, bloco B/317, Rio de Janeiro, CEP 22210) mas distribuído pela Barclay, a repercussão tem sido um pouco maior - embora abaixo do que este duo instrumental merece.

As cordas de Mr. Stanley

Stanley Jordan foi, sem favor, a maior revelação em guitarra no jazz nos últimos anos. Promovido a star internacional já em seu primeiro álbum, este crioulo norte-americano que durante algum tempo, anonimamente, tocava nos corredores do metrô de Nova Iorque, não teve nenhuma fada madrinha a não ser um talento original, uma forma toda sua de extrair do violão todas as possibilidades sonoras.

Um padre em crise e Trotski, Burton em seus últimos anos

Produção de 1979 e que chega ao Brasil com atraso de onze anos - e isto porque a Alvorada queria lançá-lo também em vídeo - "Absolvição" pertence à fase final da carreira de Richard Burton (1925-1984). A bebida, as relações de amor-ódio-amor com Elizabeth Taylor e uma carreira marcada por um sucesso dolorido - e que fez ele e Liz, numa determinada época, estarem entre as pessoas que recebiam mais dinheiro no mundo - no final dos anos 70 já apresentava sinais de crepúsculo.

Igreja e cinema, um tema a ser examinado

Aos fãs de Alfred Hitchcook (1899-1980), ao menos um aspecto da trama desenvolvida por Anthony Shaffer em "Absolvição" lembrará um dos melhores clássicos do chamado mestre do suspense: o segredo da confissão. Assim como o sacerdote interpretado por Montgomery Cliff em "A Tortura do Silêncio" (I Confess, 1952), para não romper o voto do segredo da confissão acaba sendo envolvido num assassinato, também o padre Goddard (Richard Burton) neste "Absolvição" é, praticamente, levado ao crime devido a não poder denunciar o que ouviu no confessionário de um dos seus alunos.

May East, a paixão que a traz à cidade

Pela segunda vez em menos de um mês a cantora e compositora May East (Maria Elisa Cappareli Pinheiro, São Paulo, 21/01/1956) está em Curitiba. E, dependendo das circunstâncias, estará bastante por aqui, "sempre que possível", por múltiplas razões. A cidade, em seus aspectos de ecologia e qualidade de vida a fascinou, quer conhecer o nosso Litoral - e reencontrar na Ilha do Mel uma ex-colega dos tempos das Absurdetes & Gang 90, Lenita Renaux, que ali mora em extrema simplicidade, há mais de um ano e, principalmente, há "razões afetivas".

Criatividade marca o seu novo trabalho

Para quem esperava encontrar em "Remota Batucada", há cinco anos, um disco de uma roqueira apelando para o samba, quebrou solenemente a cara. Mesmo incluindo elementos de rock, as músicas que May ali apresentava traziam um setor de novidade e audácia - razão pela qual o álbum não emplacou nas paradas do sucesso e foi mesmo pouco divulgado nas FMs, insensíveis a projetos mais inteligentes.

Poty vai à Suíça para mostrar seus desenhos

O maior dos nomes das artes plásticas do Paraná, Poty Lazarotto, não é, em absoluto, um globetrotter. Embora tenha residido alguns anos, em sua juventude, em Paris, quando sua esposa, Célia Novaes, ali dirigia a Casa do Brasil, e, naturalmente, conhecido bem a Europa, Poty sempre preferiu a tranqüilidade de seu atelier.

No campo de batalha

Na Uffizi Galeria de Arte (Rua Parnaíba, 411), a marchand Zélia Bueno de Bittencourt selecionou dez novos talentos para uma coletiva. Participa da mostra Ana Maria Comodo - uma das raras artistas paranaenses a se dedicar a arte da colagem, com trabalhos dos mais inventivos e que vem merecendo elogios. xxx A Prefeitura de Lages decidiu também abrir espaços culturais: abriu seu Centro de Artes, com uma individual de Joel Figueira. xxx

"Cozinheiro" premiado é fritado no Lido I

Não é só a Fucucu que tem uma programação discutível, pela falta de critérios e, principalmente, melhor visão cultural do responsável pela escolha dos filmes marcados para os 4 cinemas comerciais explorados pela instituição - desprezando obras inéditas, insistindo em reprises e sem dar melhor atendimento às salas de exibição.

No campo de batalha

Mais uma escola de música na cidade: a pianista Márcia Gomes Silva reuniu seus trocados, alugou um conjunto num prédio na Avenida N. S. da Luz, 17, e inaugurou dia 6 o Mozarteum. Agora é ver se há professores a altura do nome escolhido. xxx No hall do Auditório Bento Munhoz da Rocha Neto, uma didática mostra de 102 fotografias organizadas pelo Goethe e o Museu Alemão do Teatro de Munique sobre as grandes montagens cênicas feitas na Alemanha. xxx

Livro sobre Cassino Ahú finalmente será editado

Finalmente, a decisão foi favorável: o conselho editorial da Secretaria da Cultura aprovou a edição do livro do professor e pesquisador Alceu Schwaab sobre o Cassino Ahú e a sua importância no roteiro dos artistas de nossa MPB que passaram por Curitiba nos anos dourados em que aquele estabelecimento funcionou. Desde quando o incansável Schwaab começou a trabalhar neste projeto, com a calma e segurança que caracteriza tudo que desenvolve, temos acompanhado seu rigor de pesquisador, sua preocupação em oferecer informações confiáveis.

No campo de batalha

O prestígio da professora Cecília Maria Westphalen vai longe. Poucos sabem que ela integra o conselho editorial da editora Massananga do Instituto Joaquim Nabuco, em Recife, fundado por Gilberto Freyre. xxx Falando em conselhos, um mês antes de falecer, o professor David Carneiro pediu, oficialmente, seu desligamento do Conselho Estadual de Cultura. xxx Como o jornalista Walmor Marcelino também havia renunciado, o secretário René Dotti os substituiu pelo arquiteto e professor Fernando Carneiro (filho de David) e o juiz aposentado, poeta e ensaísta, Sérgio Rubens Sossela.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br