Login do usuário

Aramis

75 anos depois, Carlitos continua com todo o vigor

O centenário de nascimento de Charles Spencer Chaplin (1889-1977) justificou que, no passado, várias distribuidoras se voltassem para o seu extraordinário acervo. O mais popular nome do cinema em todos os tempos - identificado com a ternura e encantamento da fase mais pura da sétima arte - é mais do que natural que o imortal Carlitos continue encantando gerações. Assim como os desenhos animados que outro mágico do cinema, Walt Disney, terão sempre novas faixas de público, os filmes de Chaplin - das mais simples comédias de início de carreira aos longas da maturidade, constituirão, sempre, material para serem vistos e discutidos. Raul Rocha, de Century Vídeo, que vem formando ótimo acervo de clássicos dos anos 20/40 do cinema americano - como os filmes de Buster Keaton (1896-1966), lançou "Em Busca do Ouro" (The Gold Rush), 1925, considerado uma das obras-primas de Chaplin, no qual reuniu todos os integrantes clássicos da figura de Carlitos: a perseguição pelos brutamontes, a carência afetiva, a vitória do bem sobre o mal e, especialmente um humor extraordinário. Agora, a AB Vídeo, de São Paulo (Rua Itaipú, 260, CEP 01235, fone 825-5599), que normalmente só lança mediocridades no mercado, surpreende ao trazer "Carlitos - O Rei do Riso", reunindo quatro comédias de uma bobina, do início de sua carreira. "Campeão de Box" (The Champ), "O Vagabundo" (The Tramp) e "Carlitos Quer Casar" (The Jithey Elopement), são realizações de 1915, quando Chaplin, já famoso, fez um acordo milionário com a Essanay Productions, ganhando semanalmente US$ 1.250 - uma fortuna para a época. Um quarto filme, "Oh What a Night" completa o vídeo, que mostra assim uma das fases intermediárias na carreira de Chaplin - que a partir de 1916 passaria para a Mutual. Mas no ano que trabalhou com a Essanay, Chaplin desenvolveu amizade com o fotógrafo Rollie Tothroh que o acompanharia até os anos 50. Também foi neste período que lançou Edna Purviance (Lovelock, Nevada - 1984 - Hollywood, 1958), que viria a se tornar uma das artistas mais populares nos anos 20/30, aparecendo em importantes filmes de Chaplin. O quarto filme do programa é de 1914, quando Chaplin ainda estava na Keystone: "Carlitos na Farra" (Oh What a Night ou Rounders), quando fazia suas primeiras experiências como ator-diretor-roteirista. Neste filme, aparece também Chico Boia (Roscoe "Fatty" Arbuckle, Smith Center, Arkansas-1887-Nova York, 1933), ator e diretor, que trabalhando desde 1904 teve grande popularidade no Brasil, mas cuja carreira foi tragicamente encerrada após ter se envolvido num dos mais terríveis escândalos sexuais de Hollywood. Marcelo Sant'Anna Bitelli, da AB Vídeo, garante que a distribuidora tem direitos sobre outros importantes filmes de Chaplin deste período, o que é estimulante. Que venha o Chaplin dos tempos de ouro da comédia risonha e franca. Vídeonotas (*) Além de já possuir a América Vídeo, o astuto Alex Adamiu criou mais uma distribuidora - a Paris Vídeo, que ao lado de lançamentos de categoria ("Café Bagda", de Percy Adlon; "Conduzindo Miss Daisy", de Bruce Bernsford, com 9 indicações ao Oscar), também tem material menos conhecido: "Jogos da Mente", de Bob Yari, "Investigações Perigosas" (Deadheat) de Stefano Ferrari - que reúne Vincent Gardenia, Eddie Constantine Rosano Brazzi mais a bela Capucine; o drama de guerra "Debaixo da Terra" (Underground), de Beda do Campo Feijoo e Juan Stagnaro (?) e até uma comédia na faixa chicana, "Garotas boazinhas não explodem", de Chuck Martinez. xxx Na linha pornô, John Holmes, falecido há dois anos, vítima de Aids, se tornou famoso pelo fato de ter sido "vendido" como homem que teria transado com 14 mil mulheres. Bem dotado, Holmes tem excitado sonhos de milhares de mulheres - inclusive nomes famosos da sociedade curitibana, que buscam seus filmes nas locadoras ou, sempre que podem, adquirem os vídeos para terem à mão naqueles momentos. Para este público, a WMW Vídeo Ltda (Avenida Brigadeiro Luiz Antônio, 1404, Bela Vista, SP, fone 287-6485), montou uma antologia - "John Holmes - o rei do sexo", que está vendendo como pão quente segundo garante o expert em vídeo Roberto Belotti. xxx Violência também agrada na telinha e multiplicam-se os títulos de produtos descartáveis. É o caso de "Guerra Sem Fim" (War Without End), de Teddy Page, com um elemento tão desconhecido quanto inexpressivo, mas que a WMW Vídeo está tentando colocar nas locadoras. Haja paciência!
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Nenhum
8
22/03/1990

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br