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Aramis

A admirável Maria Nicholas

Se num dos próximos domingos os pequenos leitores de O Estadinho, suplemento dominical de O ESTADO, encontrarem um conto de dona Maria Nicholas falando sobre a fonte da eterna juventude, pedem acreditar que existe. É que a autora soube beber a água desta fonte. xxx Aos 75 anos, idade em que a maioria das pessoas que conseguiram chegar nesta fase da vida já trocaram qualquer atividade por pantufas nos pés e um justo descanso outonal, a professora, escritora, pesquisadora, dramaturga e pintora Maria Nicholas diariamente faz um roteiro que inclui visitas a Biblioteca Pública, ao Centro de Letras do Paraná (da qual é uma das mais ativas integrantes), as repartições oficiais ligadas a cultura e educação, visitando ainda pessoas com quem necessita conversar para suas pesquisas. Cabelos brancos, rosto sem rugas, um suave encanto, a professora Maria Nicholas é uma pessoa que se poderia adjetivar de um patrimônio humano de Curitiba e do Paraná, a cujo ensino e história, com uma humildade franciscana, tanto tem se dedicado. xxx Professora desde 1917 - quando substituiu a pioneira Julia Wanderley, no Instituto de Educação, durante mais de 40 anos, dona Maria Nicholas ensinou as primeiras letras a paranaenses de todas as partes do Estado. E desde 1936, quando publicou "Amor Que Redime", não parou mais de escrever, dedicando-se a poesia, teatro, romance, contos e, principalmente, pesquisa histórica, graças a qual se deve o único estudo sobre os nossos deputados, o básico "Cem Anos de Vida Parlamentar". Editada há 22 anos, é obra há muito esgotada - e cuja reedição (atualizada naturalmente) é tarefa ao qual o presidente Paulo Camargo, não pode deixar de fazer, pois se trata do único livro de referência biográfica dos homens que fizeram a nossa política. xxx Viuva, duas filhas, um filho, 5 netos, vivendo de sua magra aposentadoria, dona Maria Nicholas conserva o permanente sorriso das pessoas felizes e mantém uma constante vontade de escrever e pesquisar[.] Autora de uma obra básica da cidade, "Almas das Ruas" (um quem é quem de todos os patronos das ruas, praças, avenidas e alamedas desta cidade), dona Maria só conseguiu ver editado um volume, há 10 anos, quando o prefeito Omar Sabbag lhe deu condições para que o mesmo [saísse], em papel jornal, pela Imprensa Oficial. Nos últimos anos, ela tenta, inutilmente, sensibilizar os homens que detém o poder da cidade, para que publiquem os dois novos volumes, "para que os curitibanos saibam quem foi quem que dá nome às ruas de sua cidade", explica a autora. xxx Dedicando-se também a pintura, tem trabalhos primitivos que já mereceram até a inclusão na mostra que o crítico Clarival do Prado Valadares levará para o Festival de Arte Negra, em Lagos, na Nigéria[.]Simples, seus pequenos quadros, começam a ser valorizados por experts, colecionadores, embora elas os faça com sua permanente simplicidade, despretensiosamente. xxx Hoje, dona Maria Nicholas estará ainda mais feliz, ao entardecer. Na Casa Romário Martins, autografará um novo livro. Ao qual deu o título de "Apenas Um livro". LEGENDA FOTO - Maria Nicholas
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
4
14/10/1975

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