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Aramis

Afinal temos o grande dicionário para se conhecer melhor o Paraná

Uma suposição: se num exame vestibular for incluída a pergunta quem foi Pallière e qual a sua contribuição no Paraná, alguém saberá responder? Dificilmente haveria uma resposta certa. E, com toda razão, os candidatos que se sentissem prejudicados poderiam alegar em que material referencial iriam encontrar informações sobre Jean Leon Pallière (Rio de Janeiro, 1/1/1823 - França, 12/2/1887), pintor e aquarelista que em 1860 visitou Curitiba, Paranaguá e Guaratuba, realizando uma obra iconográfica de grande valor histórico - semelhante a que Debret, Elliot e Keller, entre outros, também fizeram sobre o Paraná de dois séculos passados. Para que se possa encontrar, de forma disciplinada, organizada didaticamente e, sobretudo, de fácil acesso, verbetes sobre milhares de personalidades dos mais diferentes setores que nasceram, viveram ou ao menos passaram pelo Paraná a partir do século XVI foi que um grupo de intelectuais somou esforços durante quase três anos para produzir o primeiro Dicionário Histórico-Biográfico do Paraná. Com 676 páginas, um volume, capa de Poty Lazarotto, esta obra básica de referencial está, finalmente, em fase final de editoração. - "No máximo, dentro de dois meses, estará sendo lançada" - garante, com justa satisfação o seu idealizador e coordenador-geral, o advogado e intelectual Luís Roberto Nogueira Soares, primeiro Secretário de Cultura do Paraná (1979/1983), incansável estudioso e pesquisador de assuntos paranaenses. Editado graças ao apoio do Banco do Estado do Paraná, resultado de quase três anos de trabalho em que Luís Roberto desenvolveu o projeto com o auxílio precioso das professoras Cecília Maria Westphalen, Cassiana Lacerda Carolo, Marta Moraes, Altiva Pilatti Balhana e Linda Benghi. Num verdadeiro mutirão intelectual, impulsionados sobretudo pelo entusiasmo de realizar um projeto que há muito se fazia necessário, esta equipe - constituída por professores da Universidade Federal do Paraná, principalmente dos setores de História e Letras, elaborou uma obra que, mesmo não tendo, em absoluto pretensões de ser definitiva, representa um investimento dos mais válidos para que se possa conhecer melhor o nosso Estado. xxx Em 1989, quando o Sr. Antônio Carlos Ferreira presidia o BANESTADO, numa conversa informal com Luís Roberto Soares, lhe perguntou qual seria, em sua opinião, um investimento cultural de grande solidez e importância merecedora do patrocínio. Com sua experiência de bibliófilo e leitor incansável, dono de uma das melhores bibliotecas do Estado, Luís Roberto lembrou-se imediatamente da precariedade das obras referenciais sobre o Paraná. Afinal, excetuando-se o pioneiro "Dicionário Histórico e Geográfico" que Ermelino de Leão publicou em 1926 e meia dúzia de outros volumes com biografias ou informações avulsas sobre apenas determinados setores de nossa história, inexiste uma edição referencial, ampla e atualizada capaz de apresentar não só verbetes biográficos de pessoas, mas, também analisando temas e eventos ligados ao nosso Estado. O professor Nivaldo Braga chegou, nos anos 50, a elaborar um dicionário nesta faixa mas, ao que consta, os originais perderam-se. Historiadores da dimensão da David Carneiro, Júlio Moreira, Francisco Negrão, Romário Martins e Rocha Pombo - para só citar alguns exemplos - apesar de contribuições fundamentais para a nossa história nunca tiveram oportunidade de sistematizar um dicionário que possa oferecer rápida e direta resposta à milhares de questões que se faz quando nos debruçamos sobre nossa formação histórica. xxx Assim, a resposta que Luís Roberto Soares deu ao então presidente do BANESTADO foi quase uma proposta: - "Haver condições para que seja feito um primeiro dicionário histórico-biográfico". As mudanças políticas e troca nas presidências do Banestado, felizmente, não invalidaram a grandeza do projeto, que mereceu da atual administração - especialmente do presidente Mello e Silva apoio para que fosse concluída. Modestamente, considerando-se apenas como "o agente deflagrador do projeto", Luís Roberto Soares reconhece que "considerando a dimensão do universo existente temos ampla consciência de que esta primeira edição não esgota, em absoluto, o tema". - "Ao contrário - acrescente - apenas abre caminho para que se possa aprofundar o levantamento, num trabalho em progresso que corrigirá eventuais erros, suprirá inevitáveis omissões e, principalmente ampliará a obra". Para tanto - e sem existir contradições - pode-se, inclusive, pensar num projeto que, há mais de 4 anos já propusemos oficialmente junto ao governo do Estado (mas que até hoje não teve condições de ser viabilizado) de se desenvolver a grande enciclopédia do Paraná, com abrangência em todos os municípios e setores, com verbetes a serem armazenados em centrais de computação que poderão atingir, através de terminais, todas as bibliotecas, escolas e demais estabelecimentos interessados do Paraná - e mesmo em outros estados. Enfim, um projeto que partindo agora, desta primeira edição do Dicionário Histórico-Biográfico do Paraná idealizado e coordenado por Luís Roberto Soares, chegará a novas dimensões neste final de milênio - e ajustando-se a toda uma tecnologia cada vez mais avançada deste admirável mundo novo que cada vez mais faz parte do presente. LEGENDA FOTO 1 - Luís Roberto: "Fui apenas o agente deflagrador do projeto para o Paraná ter seu dicionário histórico biográfico". LEGENDA FOTO 2 - Cassiana Licia Lacerda Carolo, professora de literatura, coordenou a área de letras & artes do primeiro grande Dicionário Histórico-Biográfico do Paraná que se faz no Paraná. LEGENDA FOTO 3 - Professora Cecília Maria Westphalen, respeitada internacionalmente na área de História, foi uma das coordenadoras do Dicionário Histórico-Biográfico do Paraná já em fase de impressão.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
2
16/02/1992

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