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Aramis

Agora chegam os contos de Hammet

No boom da redescoberta de alguns dos melhores escritores americanos que permaneceram esquecidos durante anos dos editores brasileiros, Dashiell Hammet (Maryland, 27-5-1984 - Nova Iorque, 10 de janeiro de 1961) tem sua obras lançada com grande disputa. A Brasiliense e a Abril fizeram com que o mais conhecido de seus romances - "O Falcão Maltês" (The Maltese Falcon, 1930) voasse rapidamente para os primeiros lugares entre os mais vendidos do ano, repetindo literariamente o mesmo êxito que, há 43 anos, John Huston havia conseguido em sua estréia cinematográfica, levando o detetive Sam Spade identificar-se de tal forma com o ator Humphrey Bogart, que a sua imagem jamais seria esquecida, Autor de poucos romances, Dashiel Hammet deixou, entretanto, muitos contos - nove dos quais estão em "O Grande Golpe", que em segunda edição a Francisco Alves coloca nas livrarias. Além da qualidade dos contos aqui reunidos, este volume de 501 páginas, é valorizado pelo prefácio de Lilian Helman (Nova Orleans, 20-6-1905 - Nova Iorque, 31-6-1984), que foi a grande companheira do escritor durante mais de 30 anos. Às 20 páginas de Lilian já valem pelo preço do livro - tão delicioso é seu depoimento. Dashiel Hammett não criou apenas o detetive Sam Spade, mas também o anônimo Agente Continental (que narra suas peripécias na primeira pessoa), presente na maioria dos contos deste livro. Dizem os críticos que um dos grandes méritos de Hammet foi ter introduzido na ficção policial o realismo, ou seja, uma visão mais correta e não-romantizada do mundo em que se movimentam os bandidos e os policiais. Enfim, a brutalidade do dia-a-dia policial - mas ao mesmo tempo mais humano do que detetives cerebrais e artificiais. Porém, nem Spade, nem o Agente Continental descem as torpezas inconfessáveis, a iniquidades inconcebíveis. Embora lidem e se movimentem em meio à escória da sociedade, mantém um código próprio de honra e dignidade - e de estreita obediência à lei e à firma que os paga. Existe mesmo um fundo de moralidade nesta ficção policial - e que se torna mais interessante quando se sabe que o próprio Hammett transpôs para sua obra a experiência que viveu como detetive da agência Pinkerton - o que lhe dá maior verossimilhança ao Agente Continental e a Sam Spade, criações que 50 anos após terem sido idealizados, mantém grande atualidade. Valorizando ainda este volume, há quase 50 páginas do romance inacabado "Tulipa" - que contrasta acentuadamente em estilo e objetivo com suas outras obras. Das primeiras edições de seus romances, "Estranha Maldição" (The Dain Curse, 1929); "Safra Vermelha" (Red Harvest, 1929); "A Chave de Vidro" (The Glass Key, 1931), "A Ceia dos Acusados" (1931), lançados pela antiga Globo, em sua coleção Amarela - ou "A Ceia dos Acusados" (The Thin Man, 1934), que saiu no Brasil, pela primeira vez, pela Companhia Editora Nacional - as reedições que a Brasiliense e a Francisco Alves fazem agora, passaram-se algumas gerações de leitores. LEGENDA FOTO - Dashiell: os melhores contos
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Leitura
16
25/11/1984

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