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Aramis

Airto, o melhor também para os leitores de DB

Mesmo, sem gravar há quase dois anos – em 1980, rompeu seu contrato com a Warner, descontente com o tratamento que ali estava tendo – o percussionista Airto Guimorvan Moreira, 42 anos, catarinense de Itaiópolis – mas paranaense de formação – continuam a ser o percussionista de maior prestígio nos Estados Unidos. Em agosto último, no 29º Annual International Jazz Critics Poll, da revista “Down Beat” era escolhido o percussionista do ano na opinião de 55 críticos de jazz de todo o mundo. Na época registramos o fato em nossa coluna – onde, há mais de 10 anos, os leitores acompanharam não só a carreira do bom Airto, mas de todos os paranaenses – ou pessoas daqui oriundas, que fazem sucesso. Agora, no 46th Annual Readers Poll Winners, ou seja, a indicação dos melhores, segundo os leitores de “Down Beat”, volta a consagrar Airto Moreira. Para os leitores da mais respeitada publicação especializada em música contemporânea (antigamente era apenas jazz, mas com as mudanças ocorridas ampliou o seu campo). Airto continua imbatível numa posição que é a sua desde que a categoria foi incluída nos “poll” de “Down Beat” para escolha dos melhores – tanto dos críticos, como dos leitores.   xxx   Em agosto/80 os críticos indicavam Airto, seguido de Famadou Don Moye (nome totalmente desconhecido no Brasil) e dos Nana Vasconcelos (acompanhante habitual de Egberto Gismonti em suas excursões internacionais) e Guilherme Franco, aparecendo ainda na relação o americano Collin Walcott e de outro brasileiro, Dom Um Romão. Agora, na opinião dos leitores, Airto (517 votos) é seguido de Nana Vasconcelos (274 votos), Dan Maye, Ralph MacDonald, Paulinho da Costa, Collin Walcott e Ralph Thomas Jr. Como se vê, os brasileiros continuam bem situados na área da percussão nos Estados Unidos, onde a criatividade de nossos compatriotas entusiasma críticos e leitores. No “hall of fame” desta 46ª edição annual dos melhores do jazz segundo os leitores de “Down Beat” foi eleito o baterista Art Blakey, que há 4 anos esteve em Curitiba, apresentando-se no auditório Bento Munhoz da Rocha Neto para menos de 700 espectadores. O  pistonista Miles Davis, que voltou a gravar após 7 anos, foi eleito o “jazz musician of the year” e teve seu novo disco, “Man With The Horn” (já editado no Brasil pela CBS) considerado o “jazz álbum” do ano, em cuja relação também  classificou “Directions” este ainda inédito no Brasil. Toshiko Akiyoshi, até agora apenas com dois elepês no Brasil pela RCA, se destaca em várias categorias: compositor, arranjador e líder, ao lado do flautista Lew Tabackin, a frente de sua big band. Para anotação dos que se interessam por jazz e não lêem habitualmente a “Down Beat”, eis os instrumentistas que, segundo os leitores, foram os melhores no último período: pistão – Freddie Hubbard: trombone – Jimmy Knepper)ainda um desconhecido no Brasil); sax-soprano Wayne Shorther (líder do Weather Repórter, eleito melhor grupo de jazz); sax-alto Phil Woods; sax-tenor Dexter Gordon (esteve no II Festival Internacional de Jazz, em São Paulo, 1980, e a CBS tem lançado seus melhores álbuns_); sax-barítono: Gerry Mulligan; flauta: Lew Tabackin; clarineta: Anthony Braxton (outro instrumentista ainda sem nenhum álbum solo lançado no Brasil); piano acústico: Oscar Peterson; sintetizador: Stephane Grappeli; vibrafone: Gary Burton; bateria: Jack DeJohnette. No item “miscellaneous”, ou seja, diferentes instrumentos– Toots Thielemans, executando de harmonia de boca, foi o mais votado – repetindo a mesma classificação obtida no “poll” dos críticos. Sarah Vaughan, mantém-se na posição de cantora preferida: com 510 votos para apenas 291 dados a Betty Carter, segunda classificada, derrotou Ella Fitzgerald, Sheila Jordan (desconhecida no Brasil) e Carmem McRae. Flora Purim, que em anos anteriores esteve no primeiro lugar, ficou agora em sexto lugar – a frente de Joni Mitchel, Anita O’ Day, Ursula Cleo Laine. Em gosto, na escolha dos críticos, Sara Vaughan era seguida de Betty Carter, Carmem McRae, Sheila Jordan e Ella Fitzgerald. Manhattan Transfer foi considerado o melhor grupo vocal, tanto pelos críticos como pelos leitores, mas na escolha do melhor cantor houve divisão: enquanto os críticos apontaram Joe Williams (ainda inédito no Brasil), os leitores preferiram Al Jarreau, nome dos mais populares entre nós – e que fez sensação tanto no II Festival Internacional de Jazz, em São Paulo (22-27 de abril de 1980), como no Rio Jazz Monterrey Festival (15 a 17 de agosto de 1980).   xxx   A quem curte as correntes mais vanguardistas do jazz, eis as escolhas dos leitores: melhor álbum de “rock/blues”; “Gaúcho” também eleito como melhor grupo dessa faixa. Músico do ano na área Rock blues: Stevie Wonder. Na relação dos melhores discos, houve diferenças entre as indicações dos críticos e dos leitores. Em agosto, para os críticos o melhor álbum foi “Full Force” , com o Art Ensemble of Chicago, que aparece em 5º lugar. Já “Ilussions” com Arthur Blythe (já editado pela CBS no Brasil), 2º lugar na lista dos críticos. Questão de opiniões e interpretações.   xxx   Fundamental, para nossa alegria, é o destaque de Airto. O baterista que no início dos anos 60 era ouvido no King´s Clube, na Rua Carlos de Carvalho ou com a orquestra de Osval, há 13 anos nos EUA, continua imbatível em sua posição. Merecidamente.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
6
13/01/1982

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