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Aramis

Alaide,voz & coração

Das muitas cantoras que surgiram na fase de ouro da Bossa Nova, no início dos anos 60, a carioca Alaíde Costa é uma das que não precisou, em absoluto, preocupar-se, com o relativo eclipsamento do gênero. Ao contrário, dona de uma das mais belas vozes da MPB, Alaíde consegue dar uma extraordinária dimensão a todos os gêneros que interpreta, embora seja o romântico onde se encontra melhor. Aos 41 anos (completados dia 8 de dezembro último), saindo de uma série de crises emocionais e de saúde (esteve ameaçada de surdez, submetendo-se a delicadas operações), Alaíde gravou no ano passado um elepê produzido com o máximo amor por um de seus maiores admiradores, o mineiro Milton Nascimento. O resultado é "Coração" (Odeon, EMCB 7016, dezembro/76), um disco a altura da melhor fase de Alaíde, quando emocionava todo o Brasil com "Onde Está Você" ou "Ouvi Tua Voz", de Paulinho Nogueira, violonista e amigo com quem divide um novo show ("Hoje para sempre") já estreado em São Paulo e que mereceria ser visto em Curitiba. A voz de Alaíde, em si, já sustenta a qualidade um elepê, mas neste "Coração" houve a excelência dos músicos convocados João Donato (piano, órgão arranjos), Novelli (baixo), Nelson Ângelo (violão, guitarra), Toninho Horta (guitarra), Robertinho (bateria) e a participação de Ivan Lins, ao piano, em, "Corpos" (de sua autoria). Nas vozes de apoio, Beto Guedes, Novelli, Nelson Ângelo, Donato e Fernando Leporace. O repertório é exclusivamente de músicas novas, todas de primeiro nível: "Pai Grande", "Cata-vento", de Milton Nascimento, "O Samba Que Eu Lhe Fiz" (Sueli Costa), "Coração" (Nelson Ângelo - Ronaldo Bastos), "Quem Sou Eu?" (Johnny Alf), "Sonho e Fantasia" (João Donato - Lysias Enio), "Pé Sem Cabeça" (Danilo Caymmi - Ana Borba), Viver de Amor" (Toninho Horta - Ronaldo Bastos), "O Que Se Sabe de Cor" (Fernando Leporace), "Tempo Calado" (Alaíde Costa - Paulo Alberto Ventura) e a extraordinária "Tomara" (Novelli/Paulo Cesar Pinheiro - Maurício Tapajós), para nós uma das mais belas músicas aparecidas nos últimos anos.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Jornal da Música
29
30/01/1977

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