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Alencar, o novo herói da TV

O produtor Rubens de Regino, presidente da J. Filmes, uma das 108 empresas especializadas em filmes publicitários e de longa-metragem existentes em São Paulo, estará até a noite de hoje em Curitiba, acompanhando as rendas dos dois primeiros dias de exibição da comédia "Quem é o pai da criança?"(Cine Condor), cuja maior atração é a presença da atriz Leilah Cravo, há pouco mais de um ano envolvida em complicado caso de tentativa de suicídio, no motel Vop`s, na Barra da Tijuca. O filme foi rodado antes do incidente e Regino preferiu retardar a estréia para não explorar o caso. Agora, com Leilah já recuperada, atuando em televisão e teatro, o filme tem uma carreira normal e caminha para se tornar o 25º de maior bilheteria do ano - para alegria de seu produtor, que nele investiu Cr$ 750 mil. *** Com mais de 20 anos de experiência na cinematografica adquirida nos setores de distribuição ( Columbia, RKO) e exibição (Chegou a ser gerente da Empresa Sul, em Curitiba, em 1965). Rubens de Regino ingressou há 3 anos no campo da produção, já tendo possibilitado ao caprichoso Edy Fraga a realização de três longas-metragens "Adultéro -As Regras do Jogo", "Amantes amanhã se houver" e este "Quem é o pai da criança?". Foi ainda produtor de "Lilian M - Confissões Amorosas" de Carlos Reichenbach. Agora Regino parte para novo projeto: a realização de seriado para a televisão, com o projeto Albatroz, que lança um detective nacional, o delegado Alencar. Verificando que as séries policiais impostas pelas multinacionais do cinema às televisões brasileiras são as que mais agradam o público, Regino e o jornalista José Maria do Prado ex-crítico de cinema de "Última Hora", da equipe de jornalismo da TV-Globo em São Paulo, e que o acompanha a Curitiba, decidiram desenvolver um projeto tupiniquim, capaz de concorrer com os "Kojaks", "Columbos" e "Baretas". *** A série de aventuras do delegado alencar está previsto para 26 capítulos - custando cada uma média de Cr$ 450 mil, o que já dificulta a concorrência com os enlatados americanos, oferecidos, no máximo a Cr$ 250 mil. Mas se o Ministério da Educação e Cultura está, realmente, preocupado com o elevado índice de filmes estrangeiros em nossa televisão, forçosamente haverá uma lei que proteja o similar nacional. Os dois primeiros filmes da série estão prontos e foram realizados por Cesar Ladeira Filho, que vem de duas tentativas do longa-metragem ("Ouro Maldito" e "Como Nos Livrar do Saco"). *** As duas séries de filmes para televisão que chegaram "O Vigilante Rodoviário" e "Asas de Fogo", dirigidas por Ary Fernandes. Um dos capítulos de "O Vigilante Rodoviário", que tinha como herói principal um inspetor da Polícia Rodoviária Federal, chegou a ser rodado em Curitiba, em 1962, reunindo no elenco atores como Ary Fontoura, Maurício Tavora e Idelson Santos. Mas antes mesmo de Fernandes, o primeiro a tentar fazer cinema para televisão no Brasil foi Cláudio Eduardo Samuel Arruda (1937-1970), que durante nove anos (1961-69) tentou implantar aqui uma indústria cinematográfica em 16mm - a Ribalta, que teve seus estúdios inicialmente na Rua Lysimaco da Costa, onde hoje existe um prédio de departamento e posteriormente num casarão da Rua XV de Novembro. Cláudio investiu todo seu patrimônio na produção de duas séries - "Quando As Lendas Criam Vidas" e "Encontros com o Além", na qual empregou mais de 500 jovens candidatos ao cinema - na interpretação e técnica. Morreu, de enfarte, desiludido por não encontrar apoio algum ao seu projeto e os seus filmes, hoje de valor histórico, parece que se perderam.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
1
26/06/1977

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