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Aramis

Alerta! A garapa está com muita contaminação

Se você, caro leitor, gosta de tomar um copo de garapa junto aos vendedores ambulantes deste produto natural da cana-de-açúcar, espalhados por toda a cidade, eis uma notícia desagradável: praticamente todos os garapeiros estão produzindo produto altamente contaminado com coliformes e enterococos, que provocam, no mínimo, problemas intestinais. A constatação é científica: há seis meses que dois professores da Universidade Federal do Paraná, Alceu Schwaab e Carlos Ricardo Soccol, vêm recolhendo amostras e submetendo a garapa consumida pelos curitibanos aos mais rigorosos exames. Até agora, todas apresentaram índice de contaminação de até cem por cento. xxx Alceu Schwaab, professor titular de Microbiologia e Tecnologia de Alimentos da Universidade Federal do Paraná, há 24 anos já fez outro estudo importantíssimo: a contaminação das águas nas piscinas de Curitiba. Examinadas, por amostragem, 12 das principais piscinas da cidade - em especial a dos clubes (inclusive da chamada "classe a"), foi impressionante o índice de contaminação por germes coliformes estrafilococos aureus. Posteriormente, em 1982, nova pesquisa - abrangendo então 50 piscinas - mostrou que o problema continuava a existir. O trabalho científico - que portanto não possibilita contestações - foi encaminhado à Secretaria da Saúde Pública e mesmo aos dirigentes dos clubes, para serem tomadas as providências devidas. Passados 6 anos, só uma nova pesquisa pode dizer como está a situação - mas algumas piscinas (especialmente as que têm maior freqüência popular), correm o risco de continuarem contaminadas. xxx O estudo da contaminação na produção da garapa, em unidades improvisadas e que geralmente são de ambulantes, em avenidas e ruas fora do centro da cidade, já está concluído na parte da análise. Agora, Alceu Schwaab, um intelectual dos mais sérios em termos de visão da cultura popular (além de um dos nossos maiores experts em música popular) aprofunda suas pesquisas em torno da garapa - sua produção, folclore, literatura etc., para robustecer o estudo a ser editado em breve. A pesquisa terá comunicação oficial aos órgãos sanitários a quem caberão providências no sentido de solucionar que a contaminação da garapa não é de responsabilidade única das pessoas, geralmente humildes, que trabalham com este produto. Por falta de orientação (e fiscalização), os primitivos aparelhos que extraem o líquido da cana-de-açúcar não são devidamente limpos e acrescentando-se o fato da matéria-prima ser colhida in natura, sem uma limpeza prévia, traz resíduos de terras, contendo os germes. xxx Vendida a preços convidativos, sabor delicioso - e cuja procura aumenta com a chegada do verão - a garapa provoca desarranjos intestinais - e pode também causar problemas de saúde maiores. Portanto, a pesquisa que os professores Alceu e Soccol estão concluindo é mais uma contribuição destes dois cientistas para a comunidade. Que a advertência que fazem não se perca!
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
01/11/1988

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