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Aramis

Álvaro Dias & o MDB

Nesta semana de reabertura das atividades políticas, em Brasília, as eleições dos líderes da Câmara e Senado dividem a bancada do MDB - já que na Arena e decisão não parte dos parlamentares, mas sim da escolha pessoal do próprio presidente. O deputado Álvaro Dias, 33 anos, que com 175 mil votos foi o mais votado em 1974, e que nesta primeira legislatura federal desenvolveu um dos mais dignos mandatos, com pronunciamentos incisivos, corajosos e de grande repercussão - principalmente na condição de vice-líder do MDB, vem não só apoiando a recondução do deputado Freitas Nobres a liderança - que passou a ocupar com a cassação de Alencar Furtado, mas também coordenando os votos da bancada do Paraná. *** Como certos, o deputado Freitas Nobre tem o apoio além, naturalmente, do próprio Álvaro Dias, de Fernando Gama, Gamaliel Bueno Galvão, Sebastião Rodrigues, Nelson Maculam, Paulo Marques, José Gomes Amaral, Osvaldo Buskei e até do incrível Pedro Lauro. Em cima do muro, sem uma decisão final, estão Expedito Zanotti e Samuel Rodrigues. Declaradamente apoiando o mineiro Tancredo Neves estão Valber Guimarães, Antônio Anibelli e Olivir Gabardo. *** Álvaro Dias, que só não será candidato ao Senado por não ter a idade regularmente - mínimo de 35 anos - vai passar, este ano, em intenso contato com suas bases. Tedo feito uma belíssima carreira política - vereador, deputado estadual e federal, sempre com votação impressionante, seu prestígio só tem crescido. Embora, por humildade, não declare oficialmente as chances de sua reeleição, com a mesma votação - a segunda maior do País, obtida há 4 anos passados - é certo que poderá crescer ainda mais já que desta vez sua campanha será melhor estruturada. O único fator que poderá dividir o seu eleitorado será a candidatura de José Richa a Câmara Federal - hipótese remota já que o ex-prefeito de londrina quer, mesmo, chegar ao Senado. *** Política não se faz apenas em comícios - embora Álvaro Dias seja (muito) bom orador, capaz de frase, incisiva, de tocar o dedo na ferida e lembrar verdades nem sempre agradáveis aos donos do poder. Desportista, ex-comentarista esportivo da rádio Paiquerê, Álvaro não deixa sempre de jogar o seu futebol e, no último fim de semana, em Londrina, aproveitou algumas horas livres para se por em forma. É que em março, ele será o "atleta-convidado" em duas partidas a serem realizados em Mandaguari e Pérola. Onde, cada gol que marcar vai render, é claro, também muitos votos a mais. HOJE NÃO TEM ESPETÁCULO Lafayete Queirolo, 48 anos, já decidiu: se a experiência de levar o Circo Chic Chic no centro da cidade, na Avenida João Gualberto, ao lado do Parque Alvorada, não funcionar, vai devolver as instalações a Prefeitura. "Afinal não posso mais perder dinheiro", diz, com sinceridade. *** Uma triste realidade: os curitibanos esqueceram-se do circo do palhaço Chic Chic - Otelo Queirolo, falecido há 14 anos. A televisão, o cinema, o longo período - quase 10 anos - em que o circo manteve-se adormecido, por falta de recursos da família em adquirir um novo toldo, fizeram com que este tipo de espetáculo fosse totalmente olvidado. A isso, Lafayete acrescenta mais um (forte) argumento: a falta de dinheiro das camadas mais humildes, que sempre souberam prestigiar o circo. Mesmo com ingressos a Cr$ 15,00 e Cr$ 10,00 funcionários em bairros, o circo não atrai um público que compense o trabalho dos últimos artistas da arena (serragem) em nossa cidade. *** Há dois anos, desde que a Prefeitura - (com recursos federais frise-se) deu condições a família Queirolo para receber novamente um circo - que Lafayette, seu irmão Sérgio (falecido há alguns meses), filhos, filhas, cunhados e bons amigos, vem montando comédias, dramas, números de equilibrismo e humor - numa linguagem simples mas sincera, para tentar dar a população uma forma mais viva de espetáculos do que a massificante televisão. Esforço inútil, pois o público, em todas as sessões é mínimo, que não cobre nem os magros cachês - de Cr$ 30,00 a Cr$ 80,00 - que Lafayete distribui entre a troupe. *** A última tentativa está sendo feita agora, em iniciativa de Lamartine Mota, ex-ator, hoje bem intencionado diretor executivo da Fundação Cultural. Trazer o circo ao centro, usá-lo para espetáculos diversificados - peças infantis, serestas e, principalmente, músicas sertaneja, cabendo a família Queirolo uma porcentagem da renda. Assim , talvez, se consiga um público capaz de lotar suas cadeiras, justificando o esforço que bravos e humildes artistas populares fazem todas as noites. Afinal o espetáculo não pode parar, mas não há nada mais melancólico do que fazer um show para 10 ou 15 espectadores. Lafayete Queirolo e seus companheiros sabem, melhor do que ninguém, disso.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
1
01/03/1978

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