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Aramis

Apareceu a Margarida

Uma peça de um jovem (25 anos) autor que consegue permanecer na GB sete meses em cartaz com casas lotadas, lhe dá o mais importante troféu do teatro brasileiro (Prêmio Miliére-73) e interessa a produtores internacionais para montagens quase que simultâneas em Paris (com Annie Girardot, estreado há uma semana em Londres (em breve, com Glenda Jackson), não deixa de constituir um programa indispensável para quem se interessa por teatro. Assim, "Apareceu a Margarida" (Teatro do Paiol, hoje a amanhã, 21 horas) é um espetáculo obrigatório a todos que se preocupam em conhecer as tendências do teatro brasileiro e os novos caminhos propostos. Com uma linguagem franca, dura e despojada, Roberto Austragésilo de Athayde, filho do imortal presidente da Academia Brasileira de Letras, oferece nos 100 minutos de sua peça a oportunidade de uma atriz (Betty Erthall) fazer um tour-de-force dramático, demonstrando que o monólogo está longe de ser um gênero superado e pode ter muito mais movimento e comunicabilidade do que certas superproduções com dezenas de atores no palco. Reconhecendo ter alterado a linha da peça em decorrência da diferença fundamental existente entre Marília Pêra - que estreou "Apareceu a Margarida", na Guanabara, a partir de 5 de setembro do ano passado - para a desconhecida (mas muito talentosa) Betty Erthall, o diretor Aderbal Junior, 33 anos, fez uma opção muito arriscada: o riso farto e digestivo da temporada carioca foi substituído por uma tensão, por uma feição dramaticamente assustadora, nesta remontagem do espetáculo que o Grêmio Dramático Brasileiro pretende levar a várias cidades - testada em Campos, RJ, há dias e que tem agora em Curitiba outra interessante experiência: inicialmente para o sofisticado público do Clube Curitibano (que comprou 3 espetáculos por Cr$ 8 mil) e agora, a preços populares, na curta mas expressiva temporada no Paiol. Sincera trajetória de uma professora que lembra muitas pessoas, coisas e fatos - Dona Margarida - esta peça é para ser meditada, discutida, curtida, enfim! E mesmo que muitos não gostem de espetáculo, uma coisa é certa: Betty Erthall é uma atriz que surge firma em seu longo "solo" de 100 minutos.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
4
28/09/1974

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