Aplauso ajuda a ganhar eleição?
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 03 de outubro de 1990
Popularidade e estima no meio artístico dá voto?
Eis uma questão que artistas que se lançaram na aventura das urnas se fazem nas últimas horas. Em quase todos os Estados, há artistas - cantores, atores, animadores culturais, sem falar nos homens da comunicação (estes já com maior tranqüilidade de vitória) em busca de assentos nos legislativos estaduais ou federal - quando não tem pretensões maiores, como o cantor-brega Carlos Santos, no Pará, que chegou até a ensaiar vôos para tentar o governo - lastreado em sua popularidade de vendedor de milhões de discos e comandante de um império de empresas - incluindo estações de rádio e televisão, que o faz ser comparado a Sílvio Santos.
No Rio de Janeiro, onde está Agnaldo Thimóteo já conseguiu ser eleito para a Campanha Federal há alguns anos pela legenda do PDT - rompendo depois com o então governador Leonel Brizola, entre tapas e ameaças este ano os que aprenderam a admirar o Albino Pinheiro, o grande idealizador e comandante da Banda de Ipanema, terão chance de levá-lo neste 3 de outubro para uma vaga no Legislativo.
Considerado o exemplo maior do carioca, aos 57 anos, aposentado como procurador do Iperje, sobrinho do grande compositor Custódio Mesquita (1910-1945), tendo idealizado, ao lado de seu grande amigo Hermínio Bello de Carvalho, o Seis e Meia no Teatro João Caetano - que dirigia na época (1976), embrião do projeto Pixinguinha, Albino só topou disputar a Assembléia estimulado por milhares de amigos que, ao longo destes anos o reconhecem como o grande animador da cidade. Afinal, foi quem idealizou os bailes de carnaval nos subúrbios e praças públicas da cidade, a partir de 1967 - com a presença de orquestras de Raul de Barros, do maestro Cipó e a Tabajara - e o concurso de samba da Festa da Penha, em 1977 - além, é claro, de ter sido o fundador da Banda de Ipanema - que inspirou centenas de outras formações Brasil afora, inclusive a nossa Banda Polaca, que, infelizmente não emplacou.
Em Curitiba, Glauco Souza Lobo, 50 anos, carnavalesco há 46, umbandista, ex-dirigente de escolas de samba (Não Agite, Embaixadores da Alegria), ex-diretor da Fundação Cultural de Curitiba - nos bons tempos daquela instituição - e por último secretário de Turismo na administração Roberto Requião, tenta, mais uma vez, chegar a Assembléia.
Reconhece, entretanto, que não é fácil, já que não conseguiu cacife para apoiar uma campanha em que o poder econômico falou mais alto - mas assim mesmo foi à luta e seu nome é uma opção aos muitos amigos que tem na cidade. Outro nome conhecido no meio artístico, e que mais uma vez tenta chegar ao Legislativo é o simpático cantor Natinho, baiano de Vitória da Conquista, mas há três décadas no Paraná. Um dos poucos nomes de nossa música popular a ter coragem para denunciar o que vê de errado na Ordem dos Músicos do Brasil - secção do Paraná/ sindicato dos Músicos Profissionais, está disposto a, nas próximas eleições, enfrentar o militar Lacerda, que ali se encontra há mais de uma década - aparentemente irremovível. O que será uma eleição mais difícil do que para a Assembléia.
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