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Aramis

Artes Plásticas - A "casa" sonora com o talento de Bosco

Se o eterno Vinicius de Moraes, em momento de maior inspiração construiu uma "Casa" surrealista, no delicioso "Arca de Noé", (volume I) com imagens magníficas, uma década depois o percussionista e compositor Marcos Bosco retoma também uma hipotética habitação para tema central de seu terceiro lp - o primeiro a ter uma distribuição regular no Brasil: "Fragmentos da Casa" (Carmo, maio/86, distribuição Odeon-Fonobrás). Paulista de Campinas, ex-músico de bailes, mas sempre preocupado em evoluir - e para tanto tendo estudado com músicos eruditos como Paulo Simões Silva, José Arroyo e Claudio Stephan - Marcos Bosco integrou o grupo Acaru, passou seis meses em Tóquio (onde fez o lp "Live at Hot Crocket", inédito no Brasil) e, de volta ao Brasil, além de um lp independente ("Aqualouco" tem sido requisitado para gravações com nomes famosos e acompanhado muitos cantores famosos - além de, ao lado de Sebastião Tapajós, ter feito um bonito trabalho ( acrescente-se a isto ainda sua participação na trilha sonora do filme "Shock", de Jair Correa). Chegando finalmente a uma gravação com todos os recursos, realizado por Egberto Gismonti (que participa de uma das faixas) e concebida dentro de uma idéia central - com a música como elementos de uma casa (há faixas chamadas "Tua Casa, Minha Casa", de Sá & Guarabira - aos quais o disco é dedicado) "Quarto", de Bosco/Gismonti; "Sala" de Sérgio Caffa; "Cozinha" de J. Lopes). Enfim, toda uma arquitetura sonora, na qual a percussão de Bosco - tão talentoso quanto o mineiro João (de quem não é parente) teve apoio de outros bons músicos (Oswaldinho do Acordeon; Carioca na cítara, etc.), além de um harmonioso coral infantil em "Dia Claro". Um belo e inteligente disco, mostrando mais uma vez como Gismonti e Dulce Bressane sabem apoiar os grandes - e novos talentos - da música instrumental brasileira. xxx Mesmo deixando a Continental para um contrato irrecusável na RCA - cada vez mais disposta a arregimentar os superstars da MPB e os campeões de vendagem - o bregue Amado Batista, goiano que já vendeu mais de três milhões de cópias de discos, vai continuar a dar lucros para a sua antiga gravadora. Afinal, do acervo ali registrado em quase dez anos de carreira estão dezenas de músicas que podem ser reaproveitadas em novas edições - e uma prova disto é "Vitamina e Cura", com um repertório bem popular, mas suficiente para chegar ao público que tanto aprecia o estilo brega-romântico deste cantor simples, despretencioso, que está entre os maiores vendedores de discos do Brasil. xxx Considerado como descendente de respeitáveis grupos dos anos 60 - Deep Purple, Led Zeppelin e mesmo com influências de Jimmi Hendrix - The Cult, liderado por Ian Astbury, vocalista, ex-Southern Death Cilt (um dos primeiros grupos do que se chamou "positive punk"). Estruturado com o nome de The Cult há apenas 2 anos - com o baixista Kamie Stewart e o baterista Nigel Preston, o grupo surgiu com compactos de sucesso ("Go West" e "Spirtwaiker"), chegando já agora ao segundo lp ("Love", RCA), neste já com o baterista Nigel Preston substituído por Mark Brzezicki, (ex-Big Country, ex-Pete Townshend). "Love" teve suas vendas catapultadas pela faixa "She Sells Sanctuary", que puxa outras músicas de grande empatia do público específico como "Nirvana", "Big Neon Glitter" e "Rain". xxx Depois de terem vendido 350 mil cópias do primeiro disco, o grupo Dominó ataca com novo disco ("Guerreiros", CBS), no mesmo esquema Menudo. Edgard B. Pocas, autor de praticamente todos os sucessos da Turma do Balão Mágico, é o autor das letras de nove das 11 faixas das músicas ingênuas que os adolescente adoram. Além dele, Guilherme Arantes compôs "A Chave do Futuro" e Lincoln Olivetti/Robson Jorge/Ronaldo Barcelos são os autores de "Maria". O destaque do disco - que é tema de uma nova campanha da Caixa Econômica Federal (num merchandising altamente lucrativo a CBS) é "Guerreiros", um hino de força aos jogadores de futebol. xxx É bom não confundir com o Fábio Junior - galã da televisão e também cantor. Fábio, simplesmente, é outro cantor boa pinta, que em produção de Jorge Davidson, está sendo lançado em compacto simples, via Odeon, com as faixas "Onda Boa" (de sua autoria, parceria com Chacal) e "Um Toque Só" (Vinicius Cantuária). xxx Biafra (Maurício Pinheiro Reis, RJ, 1957) é um compositor que tem lutado no pau-de-sebo do show bussines musical. Com "Leão Ferido" teve momentos de glória, mas logo depois caía no esquecimento. Agora, mudando de gravadora e estreando na Polygran no lp "Toque" está se esforçando para voltar a ser divulgado. Passou pela cidade há algumas semanas, para, amparado no sempre eficiente Emilson Phol, o homem de promoções da Polygran, visitar as rádios e catituar seu disco. São composições novas - sempre com Nilo Pinta como parceiro, e aparecendo também como arranjador. Biafra tem talento, não há dúvida - mas nem sempre é feliz nas suas músicas. Jovem e lutador, vamos ver o que acontece com este seu novo disco.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
3
08/06/1986

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