Artigo em 22.09.1985
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 22 de setembro de 1985
Pouco a pouco, os grupos de rock da terra vão fazendo suas gravações. Agora é o Jeito Natural que na semana passada fez uma série de "convers" (sucessos do momento) para um elepê que a Companhia Industrial de Discos distribuirá nacionalmente. Esdras de Souza Pereira, diretor artístico da CID, veio a Curitiba para supervisionar as sessões realizadas no Audisom.
Pertencente a família Zuckermann, a CID é uma das poucas gravadoras que dispõe de unidades de prensagem e nos últimos meses o seu catálogo (mais de 800 títulos) vem obtendo tamanha vendagem que agora a fábrica não trabalha mais para terceiros. A CID encontrou um segmento especial de mercado: vendas em lojas de departamentos e supermercados, com discos atraentes, a preços reduzidos - de Cr$ 12 a Cr$ 17 mil - numa competição notável com as outras fábricas que estão oferecendo os produtos até a Cr$ 50 mil. No Paraná, o representante da CID é Laércio J. Machado, que durante anos esteve na Polygram.
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Dois discos de Bob Dylan nas lojas: "Real Live", gravado ao vivo, no verão de 1984, durante os três últimos concertos de uma turnê européia, apresentados em estádios de Londres, Newcastle e Dublim. Já "Empire Burlesque" é o primeiro lp que Dylan fez em estúdio depois de quase 2 anos, ocasião em que gravou o premiado " Infels". Este o 29 álbum de sua carreira e o 23 contendo material original. "Empire Burlesque" já foi definido como "um verdadeiro diamante no percurso musical de Dylan", não só pelo nível das músicas que se apresentam no disco como um verdadeiro diário de toda sua carreira, como também pelo alto teor de qualidade técnica. Uma música contemporânea, sem perder, contudo, o estilo Dylan. Algumas faixas são de um esfuziante rock'n'roll "Tigh Connection", "To My Heart" (Has Anybody Seen My Love?), canção que puxa o disco e que tem o molho da bateria de Sly Dunbar junto ao baixo funkeado de Robbie Shakespeare.
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Se há um gênero que merece um resgate em termos de valorização é o bolero. Identificado aos sentimentos latino-americanos, o bolero tem sido marginalizado em termos de pesquisas e bibliografia, sendo considerado, injustamente, uma música "Menor". Trata-se, entretanto, de um gênero fascinante, suave e enternecedor. Sem contar que, em termos de romantismo, o que de melhor existe.
No bolero, o nome de Roberto Yanes é especial. Intérprete excelente, uma longa carreira, Yanes não tem sido, nos últimos anos, valorizado na proporção que merece - embora seus discos continuem a vender em toda a América Latina. Pouco se sabe sobre sua carreira, por onde anda, o que faz. Mas ao menos sua voz pode ser ouvida agora numa seleção excelente, feita por Roberto Santos e Monique Cosendey, para um dos discos de melhor vendagem a Opus/ Colúmbia: "Roberto Yanes canta Boleros Inolvidables". Desfilam neste disco para embalar romances, clássicos como "Ansiedad", "La Barca", "Cuatro Palabras", Sabras Dios", "Arrependida", Sabras Que Te Quiero", "Solamente Una Vez", "Pecado", "Donde Estará Mi Vida" e "Vereda Tropical", entre outros. É ouvir e gozar ao lado da companhia amada.
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Trio que se dedicava ao country-rock, o America exilou-se na "swinging London" dos anos 60 e ali fez carreira. Do trio original - Dewey Bunnuel, Gerry Beckley e Dan Peeck, quase 20 anos depois, ficou o duo Dewey-Gerry, que continua em evidência. Com seu estilo agradável, interpretando exclusivamente músicas próprias - e amparado sempre em bons instrumentistas para os shows ao vivo - o América continua em forma. A prova está o lp "América In Concert" (Capitol/ Odeon), gravado ao vivo, em 1 de junho de 1985, em Santa Barbara, Califórnia - num lançamento internacional que acontece simultaneamente. Um punhado de canções de Dewey Bunnuel - "Tin Man", "The Border", "Company", "Ventura Higway"e o clássico "Horse With No Name ", mais as músicas de Beckley ("Sister Golden Hair", "Daisy Jane", "Survival") fazem deste um bom disco documental. O tempo passou e o estilo country do América continua OK.
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