Artigo em 23.10.1981
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 23 de outubro de 1981
Até agora em surdina, mas já em muitos comentários nos meios musicais: um grupo de instrumentistas eruditos, grande parte dos quais integrantes da Sinfônica da Universidade Federal do Paraná, reuniram-se no início de outubro e decidiram protestar musicalmente contra o marasmo do setor. Ou seja: fundaram uma filarmônica, para cuja regência convidaram um contrabaixista erradicado em São Paulo, Tiboer Reisner, que já orienta uma pequena orquestra em Joinville.
A nova Filarmônica, ainda sem razão jurídica legal ou patrocínio, agruparia músicos talentosos mas que se sentem tolhidos em sua criatividade, especialmente pelo fato da Sinfônica da UFP viver há mais de 20 anos como uma filha rejeitada da quase septuagenária Universidade, com poucos recursos e tendo apenas um regente - Gedeão Martins, considerado excelente violinista mas que, no entender de muitos, deveria permitir que maestros - convidados também dessem sua contribuição à orquestra.
A idéia do governo em criar uma orquestra oficial, há muito discutida, esbarrou na realidade econômica e a Camerata Antigua - que sob a regência de Nortom Morozowicz, apresente um festival Teleman, na próxima segunda-feira é uma figura solitária em nosso universo sonoro. Assim, a pretendida Filarmônica que surge inesperadamente, espera cativar empresários dispostos a financiá-la. Para provar que não estão brincando, seus organizadores convenceram a Marcelo Marchioro, o diretor de artes e programação da Fundação Teatro Guaíra, a lhes ceder o grande auditório para um concerto já no próximo dia 4. O que vai acontecer, em termos artísticos, ninguém sabe - mas não deixará de ser, no mínimo, uma espécie de protesto. Aguardemos!
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